26/01/21 |   Agroecologia e produção orgânica

Pesquisa avaliará viabilidade de uso de plantio direto na produção orgânica

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Foto: Ana Lucia Ferreira

Ana Lucia Ferreira - Espaço da Fazendinha Agroecológica Km 47

Espaço da Fazendinha Agroecológica Km 47

A conservação do solo e da água com uso do plantio direto, sem uso de herbicida, para a produção de hortaliças orgânicas, é um dos temas estudados pela pesquisa da Embrapa Agrobiologia, aprovado em edital da Associação Pró-Gestão das Águas do Rio Paraíba do Sul (Agevap). A intenção é desenvolver e adaptar tecnologias para viabilizar a aplicação da tecnologia sem o uso de agrotóxicos, o que é um desafio, já que a técnica geralmente é dependente do uso de herbicidas.

O pesquisador Ednaldo Araújo explica que a vantagem do plantio direto é o fato de ser uma tecnologia que não requer o revolvimento do solo, reduzindo, dessa forma, a aração e a gradagem tradicionais dos sistemas orgânicos nas unidades de produção familiar. Essas metodologias geralmente aplicadas na agricultura orgânica acabam interferindo na estrutura do solo, provocando o surgimento de uma camada compacta e dificultando a infiltração de água e o crescimento de raízes, o que torna o solo altamente suscetível à erosão – que, consequentemente, contribui para a poluição e o assoreamento dos rios.

O desafio de reduzir o revolvimento do solo e garantir a sustentabilidade do sistema de produção e a proteção dos recursos hídricos já vem sendo estudado há um tempo, e a tentativa de implementar um sistema de plantio direto sem usar herbicidas deve avaliar algumas alternativas, como substituir o produto químico por um triturador de biomassa (Triton), por exemplo. Outro gargalo refere-se ao controle das ervas espontâneas. Para isso, pretende-se avaliar a eficácia do uso de ráfias de solo como o mulching (espécie de filme plástico de espessura fina usado para a cobertura do solo).

Outro fator que dificulta a adoção do sistema de plantio direto na produção orgânica de hortaliças é a baixa capacidade de geração de palhada pelas culturas, essenciais para permitir uma maior infiltração de água no solo e melhorar o abastecimento do lençol freático. Dessa forma, é preciso incluir no planejamento de rotação de culturas espécies formadoras de palhada, como o milho, por exemplo.

Os experimentos serão desenvolvidos na Fazendinha Agroecológica Km 47, em Seropédica (RJ) e englobarão especialmente a produção de brócolis americano, em três tipos de preparo de solo: plantio direto sem herbicida, preparo convencional com uso de enxada rotativa e preparo convencional com uso de aração e gradagem. Para a formação da palha, o cultivo do brócolis será antecipado pelo do milho consorciado com mucuna-preta. Em todos os casos serão avaliados a produção e o teor de nutrientes, bem como a população de ervas espontâneas.

Liliane Bello (MTb 01766/GO)
Embrapa Agrobiologia

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