O solo é um grande aliado dos recursos hídricos
O solo é um grande aliado dos recursos hídricos
No dia 22 de março a Embrapa Solos celebrou o Dia Mundial da Água com a live: A importância da defesa e segurança dos recursos hídricos (assista). Os debatedores foram o chefe de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Solos (Rio de Janeiro-RJ), Daniel Vidal Pérez, e Gabriela Corrêa, engenheira ambiental e pesquisadora voluntária da Escola de Guerra Naval. A mediação do encontro ficou por conta do mediador criativo, Fabrício de Martino, enquanto a artista plástica Milena Pagliacci fez o mapa mental que ilustra a matéria.
O Dia Mundial da Água foi instituído pela ONU apenas em 1992, quando foi divulgada a Declaração Universal dos Direitos da Água. Embora dois terços do planeta seja formado por água só 0,008% deste recurso hídrico é potável.
O que muitos não sabem é da importância do solo para a qualidade da água. “O solo é um grande filtro para a água. A água que vem da chuva encontra no solo o filtro necessário para limpá-la sendo então derivada para córregos, rios, lençóis freáticos e aqüíferos”, esclarece Daniel. Já um solo mal cuidado ou até mesmo poluído, vai servir de fonte para poluição primária da água”, complementa o pesquisador.
A maioria dos cursos de água antes de chegar na estação de tratamento passa por diversas áreas, todas essas margens de rios deveriam ser protegidas, como diz o Código Florestal. “No Brasil ainda não chegamos nem a 50% das cidades com um sistema de tratamento de água, boa parte da água que chega para abastecimento tem um tratamento ruim”, diz o cientista. “No Rio de Janeiro, por exemplo, nossa principal fonte é o Guandu, e já vimos que quando a carga orgânica dele está muito elevada temos como conseqüência uma série de características negativas para o consumo de água”.
Recentemente o sistema de abastecimento de água da cidade de Oldsmar (Estados Unidos) sofreu um ataque. Por meio de um hacker houve um aumento deliberado de cem vezes na quantidade programada de soda cáustica. Felizmente, um supervisor percebeu a irregularidade imediatamente e reverteu a concentração manualmente. Isso poderia acontecer no Rio de Janeiro?
“O Rio de Janeiro – e São Paulo - estão dentro da Bacia do Paraíba do Sul. Importamos água de SP pelo Guandu desde 1952”, conta Gabriela. “É uma grande vulnerabilidade que temos”.
E a “confusão” não se resume a estados vizinhos. Imagina quando um determinado rio atravessa diferentes países? Um exemplo é o Rio Mekong. Sua bacia está no Tibet, desce pela China, e passa por uma série de países asiáticos, terminando no Vietnã. “O que você faz lá em cima reflete no que acontece embaixo”, diz Daniel. Caso a China queira fazer uma represa, por exemplo, ou construir uma série de indústrias que poluam o Mekong, como ficam os países mais abaixo?
O exemplo recente da geosmina ainda não foi esquecido. Ela é um composto orgânico, teoricamente não teria problema, mas ela traz esse aspecto que não é o normal da água, podendo ser indicador de microrganismos, como bactérias. E isso ainda acarreta impactos econômicos, houve uma corrida por água mineral.
Atitudes óbvias, como não jogar esgoto em córregos ou lagos, são ignoradas acarretando não só a destruição da biodiversidade como o futuro.
Felizmente, como nem tudo são trevas, também temos alguns bons exemplos no Brasil, como Ceará e São Paulo, que possuem alguns estudos interessantes sobre reúso dos recursos hídricos.
“A água é um tema tão complexo porque é multidisciplinar, ela perpassa diversas áreas. Gostaria de chamar a atenção para o fato de que não podemos simplesmente considerar a água como “a água que vou beber”. Temos que pensar na água como um benefício que temos em larga escala no Brasil, o qual devemos dar o melhor uso possível”, conclui Daniel.
Carlos Dias (20.395 MTb RJ)
Embrapa Solos
Press inquiries
carlos.diniz-dias@embrapa.br
Phone number: (21) 2179-4578
Further information on the topic
Citizen Attention Service (SAC)
www.embrapa.br/contact-us/sac/