Um grande desafio na agricultura é o manejo fitossanitário dos cultivos agrícolas, ou seja, controlar as doenças e pragas que atacam as lavouras. O tema foi abordado pela pesquisadora da Embrapa Agrobiologia Alessandra de Carvalho na live Insetos como a salvação da lavoura, durante a edição deste ano do Show Rural Coopavel. “Por mais que o agricultor se planeje e espere algumas pragas, sempre aparecem surpresas. Isso é inerente à prática da agricultura em todo o mundo”, afirma. Em um mundo globalizado, estas ameaças chegam de todos os lugares e o tempo todo. Potencializadas por comércios internacionais, novas pragas avançam rapidamente pela agricultura global e causam danos frequentes todos os dias, inclusive nas lavouras brasileiras. Hoje, existe uma visão comum entre agricultores de que os insetos são os grandes 'vilões' da produção agrícola, e que quanto mais ampla a ação de inseticidas, maior a proteção. Mas essa visão é, no mínimo, simplista. Só no caso da soja, por exemplo, pesquisas da Embrapa Soja indicam que cerca de 80% das pragas que atacam as plantações podem ser controladas pelas ações de inimigos naturais presentes na lavoura da própria cultura. Ao longo da live, Alessandra falou sobre dois tipos de controle biológico: o aplicado, usado de forma curativa, no qual se liberam predadores e parasitoides criados em biofábricas, com ação pontual sobre determinadas pragas; e o conservativo, que é constante e leva em conta todo o sistema de produção. Este segundo tratamento consiste na utilização de inimigos naturais mais generalistas, com poder de ação sobre várias pragas, tendo como objetivo manter o equilíbrio na população de insetos. Para Alessandra, se for traçado um paralelo entre a natureza e o cultivo agrícola com base na cadeia alimentar, é possível facilmente detectar a ideia por trás do controle natural, uma vez que algumas espécies de insetos predadores se alimentarão de outros insetos, que poderiam ser danosos para as lavouras. "Na cadeia alimentar, temos em um primeiro nível trófico as plantas, cultivadas (de interesse econômico) e não-cultivadas (de crescimento espontâneo/natural). Em um segundo nível, vemos o que chamamos de pragas, que são os insetos que se alimentam das plantas cultivadas e causam danos econômicos”, explica. “Mas acima destas pragas, estão também os inimigos naturais. Esses agentes de controle podem ser insetos (carnívoros) que se alimentam das pragas”, finaliza. Para auxiliar o produtor a identificar os inimigos naturais das plantas que atacam sua lavoura, diferenciando-os das próprias pragas, a Embrapa disponibiliza o Guia InNat, um aplicativo para Android que conta com uma galeria com imagens de 13 famílias de insetos predadores, além de parasitoides e aranhas. Com um smartphone em mãos, o agricultor pode facilmente comparar um inseto observado em campo e compará-lo com a galeria de imagens, identificando se ele é benéfico ou maléfico para a lavoura. O aplicativo é gratuito e está disponível para download no Google Play, aqui. A live completa pode ser assistida aqui.