Embrapa Meio Ambiente e UFSCar discutiram agricultura familiar, redes alternativas de circuito curto e implicações da Covid-19
Embrapa Meio Ambiente e UFSCar discutiram agricultura familiar, redes alternativas de circuito curto e implicações da Covid-19
A Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) e a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), mais precisamente o Programa de Pós Graduação em Agroecologia e Desenvolvimento Rural (PPGADR), ofereceram em março de 2021 cursos em parceria institucional para um público amplo, constituído por estudantes de pós graduação da Universidade, extensionistas, produtores rurais e profissionais de diversas áreas, interessados no campo científico da agricultura familiar, dinâmica de desenvolvimento da agroecologia no Brasil e na Europa, bem como no processo de institucionalização da agricultura orgânica no Brasil. Além desta temática foi apresentado o tema das Redes Agroalimentares Alternativas e Novas Relações Produção-Consumo.
De acordo com a pesquisadora Lucimar Santiago de Abreu, responsável por ministrar os temas, o objetivo foi apresentar resultados de pesquisas recentemente realizadas em parcerias no âmbito nacional e internacional e o debate científico sobre as temáticas apontadas.
No dia 3 de março, Lucimar apresentou a contribuição da sociologia rural para a compreensão da categoria produtores familiares à luz de rupturas e continuidade, onde a categoria produtores familiares foi caracterizada a partir da análise da diversidade das situações da produção agrícola. Mas também, foi analisado o papel dos produtores familiares e trabalhadores rurais para a alimentação, fatores econômicos, sociais, culturais e recursos naturais do território, discutiu-se populações tradicionais, diversidade social e conservação ambiental, tradição e neotradicionalismo.
Em 10 de março, o tema discutido foi a dinâmica da transição da agricultura de base ecológica no Brasil em comparação com a Europa. O objetivo foi descrever as características, os elementos históricos e determinantes do processo de transição da produção de base ecológica no Brasil e no território Europeu, com análises sobre as importantes fases do desenvolvimento: a emergência de um movimento contra a industrialização da produção agrícola, o surgimento de novos grupos e de formas de organização social, a institucionalização da agricultura ecológica, acompanhada por uma diluição parcial de seus princípios e caracterizado pela redefinição e recomposição de diferentes estilos da agricultura alternativa, no qual a Agroecologia e a agricultura orgânica com predomínio da diversidade social e agrícola ocupam um lugar importante e influencia o desenvolvimento rural.
A trajetória comparada da Agroecologia no Brasil e na França foi o assunto do curso do dia 17 de março, com o objetivo de retraçar o desenvolvimento da Agroecologia nesses países e desvendar as concepções de diferentes atores do desenvolvimento rural sobre a temática, mostrar a importância da questão alimentar, da relação com o meio ambiente, da biodiversidade e da questão social e, como este conceito tem influenciado o desenvolvimento rural. O curso também analisou as visões concorrentes dos atores sociais da agroecologia, no Brasil e na França, entre os entrevistados em relação à categorias de produtores, à transição ecológica da agricultura e em relação à inserção em mercados.
No dia 24 de março, tratou das Redes alimentares alternativas ou Alternative Food Networks (AFN) e os impactos da pandemia da Covid-19. Analisou as particularidades das redes alternativas de comercialização de produtos ecológicos da alimentação, apresentando uma tipologia de redes, características, obstáculos, oportunidades e as relações produção-consumo no Brasil. Avaliou também a situação das redes alimentares alternativas, no período da pandemia, à luz da percepção relatado por diversos atores e consumidores.
Além disso, segundo a pesquisadora, foi trabalhada a definição de circuito curtos e tipologia de redes, as características comuns observadas em circuitos curtos de comercialização de alimentos ecológicos (casos Brasil e França), as oportunidades e obstáculos de redes alimentares alternativas, com relatos sobre o impacto da Covid-19 em circuitos curtos de comercialização.
Para José Godoy, técnico que atua no setor sucroenergético, ligado à questões tecnológicas da agricultura, os temas foram uma introdução às questões sociais agrárias, representando uma novidade temática de conhecimento sobre o assunto. Foi possível compreender os desafios econômicos, políticos, sanitários e cultural que o país enfrenta neste momento de pandemia e conhecer a experiência que os colegas estão vivenciando nas diferentes localidades do Brasil.
Para Vitor Amaral, o conteúdo dos cursos foi importante para o entendimento da trajetória da agroecologia no país e no mundo (França), o engajamento dos profissionais em construir e unir as 3 linhas de pensamento em Agroecologia em um único conceito refinado e abrangente do assunto no país. Foram também importantes para a construção de algumas políticas públicas no Brasil, porém mostra o descaso do atual governo, em dar continuidade a esse tipo de política. A definição e entendimento dos conceitos sobre "Agroecologia", "Agricultura familiar" e "Agricultura orgânica", são de extrema importância para o entendimento desse novo método de produção, que visa a segurança alimentar, justiça social, sustentabilidade e por fim, extremamente importante para a soberania alimentar no país.
“Já me comprometi com a escola que trabalho, em disseminar os conhecimentos aprendidos no Mestrado para a construção de projetos escolares que envolvam a comunidade escolar, os alunos, funcionários e professores. Na prática, só para dar um exemplo, os conceitos principais que envolvam essas áreas do conhecimento da Agroecologia, poderiam ser trabalhados na forma de dinâmicas, jogo de perguntas e respostas, tribunais (divisão da sala em 2 grupos e montar argumentação de defesa ou acusação de um certo tema proposto da área) são algumas das propostas prática para trabalhar esses assuntos”, explica.
De modo geral, continua Vitor, me interessei pelo curso por achar o método de cultivo agroecológico o mais correto dentro dos objetivos sustentáveis (plantio ecologicamente correto e segurança alimentar), mas percebi que a agroecologia é muito mais do que a "técnica de cultivo ecologicamente correta", ela é uma ferramenta de valorização cultural (valorização da cultura campesina), da família, dos indivíduos como atores e detentores das suas propriedade e valores, igualdade de gênero, e por fim, é o que dá subsídio para a elaboração de políticas públicas mais justas no nosso país tão desigual nos dias de hoje.
Juliana Valente acredita que os temas discutidos nas aulas foram de grande valia para ampliar seu conhecimento sobre as questões em torno da temática central “desenvolvimento rural”.
“Posso colocar diretamente em prática os conhecimentos adquiridos na aula, em meu trabalho atual, que é produzir conteúdo sobre os sistemas produtivos de produtos orgânicos e agroecológicos, oriundos da produção familiar”.
Juliana teve seu primeiro contato com a agroecologia em 2009 na graduação e acabou trabalhando na área, como bolsista. Em 2018, decidiu que pela especialização em Agroecologia e mais especificamente nas questões da comercialização. Assim, começou a ter mais contato com esse universo da Agroecologia.
Cristina Tordin (MTb 28.499/SP)
Embrapa Meio Ambiente
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