Tecnologias disruptivas impactam o agro brasileiro
Tecnologias disruptivas impactam o agro brasileiro
O uso de ferramentas, como os veículos aéreos não tripulados (vants) são cada vez mais incorporados ao monitoramento da lavoura, transformam a paisagem do campo e mudam a forma de gerenciá-las, trazem impactos econômicos e ambientais positivos ao agro. Eles são capazes de ir, observar e coletar informações com seus sensores embarcados, substituir inspeções visuais, que são mais trabalhosas e demoradas e agilizar as tarefas e as tomada de decisões. É o que fazem as chamadas tecnologias disruptivas.
O termo popularizado entre os jovens empreendedores do Vale do Silício, um apelido da região da baía de São Francisco, na Califórnia (EUA), onde estão situadas várias empresas de alta tecnologia, está presente em diversos segmentos, assim como no agro. As tecnologias disruptivas provocam uma ruptura com os padrões ou modelos já estabelecidos, trazem melhorias na relação custo-benefício dos processos e na sua performance de atuação.
Lúcio André de Castro Jorge, pesquisador da Embrapa Instrumentação (São Carlos – SP), trabalha no desenvolvimento de tecnologias com potenciais disruptivos para as áreas de automação e agricultura de precisão. Especialista em processamento de imagens captadas por diversos tipos de drones, ele estuda o uso desses veículos como método de baixo custo e não destrutivo para a estimativa de pragas, doenças e deficiências nas culturas de algodão, soja, cana-de-açúcar, fruticultura, arroz irrigado e pastagem, além de diferentes sensores.
“Usamos sensores multi e hiperespectrais para desenvolvimento de ferramentas e softwares para monitoramento não destrutivo, de fácil operação e com aplicação direta no mapeamento de áreas cultivadas”, afirma. Segundo ele, o maior desafio é transformar os dados captados em conhecimento para a tomada de decisão pelo produtor rural, de forma que as informações agreguem valor e traga rentabilidade.
Doutor em processamento de sinais e instrumentação, pela Escola de Engenharia da Universidade de São Paulo (USP), Castro Jorge esclarece que há no mercado inúmeros tipos de drones e ferramentais auxiliares, como sensores e câmeras, que aliados à eficiência no processamento vão determinar a qualidade das informações e que vão impactar nas tomadas de decisões.
De acordo com dados cadastrados no Sistema de Aeronaves Não Tripuladas (Sisant), da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), entre os 79.673 aparelhos de uso geral, 1.492 drones são de uso agrícola. “Há muito espaço ainda para crescer, considerando o potencial que agricultura brasileira deve assumir nos próximos anos como protagonista na geração de alimentos, não só para o país, mas para o mundo”, diz Castro Jorge.
A Embrapa Instrumentação destaca-se por desenvolver novos métodos, sensores e equipamentos que produzem dados de forma mais rápida, com maior confiabilidade e economicamente mais viável, ou seja, os instrumentos que viabilizam a agricultura digital na agropecuária. Para contribuir de forma a atender mais rapidamente às demandas da agricultura 4.0, o centro temático realiza parcerias com startups e empresas de diversos segmentos, especialmente no modelo de inovação aberta, no qual o parceiro já participa do projeto de pesquisa em sua fase inicial.
Potenciais dos vants
O uso de drones na agricultura de precisão, avanços, potenciais de aplicações, sensores será discutido nesta quarta, às 10 horas, no V Congresso Nacional de Ciências Agrárias, organizado pela Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Nacional de Assunção, Paraguai. O evento será realizado entre os dias 14 e 16, de forma virtual, devido à pandemia do novo coronavírus. Mais informações no endereço: https://www.congresocienciasagrarias.com/
A quinta edição tem como objetivo apresentar os avanços técnico-científicos na área das ciências agrícolas e oferecer uma plataforma para a troca de conhecimentos e experiências de profissionais ligados ao desenvolvimento agrícola, ambiental e florestal no Paraguai.
Joana Silva (19554)
Embrapa Instrumentação
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