Embrapa anuncia em coletiva R$ 61,85 bilhões de lucro social em 2020 e lança novas tecnologias
Embrapa anuncia em coletiva R$ 61,85 bilhões de lucro social em 2020 e lança novas tecnologias
Em coletiva para a imprensa, presidente da Embrapa anuncia os mais novos lançamentos da pesquisa agropecuária
Nos 48 anos da Empresa, o presidente Celso Moretti fez coletiva virtual nesta terça, 27, e anunciou que, para cada real investido pelo Governo Federal, a Embrapa devolveu à sociedade R$ 17,77 reais, obtendo um lucro social de R$ 61,85 bilhões. O valor é obtido a partir do cálculo do impacto econômico de uma amostra de apenas 152 tecnologias adotadas pelo agronegócio brasileiro e de 220 cultivares desenvolvidas pela Empresa. Moretti também apresentou os novos lançamentos tecnológicos para os 114 jornalistas que participaram da coletiva.
“A pesquisa agropecuária feita na Embrapa não parou, superamos as dificuldades com sucesso e continuamos fazendo entregas importantes para a agricultura brasileira. Temos resultados de impacto para mostrar”, destacou Celso Moretti, ao destacar os resultados do Balanço Social 2020.
Celso Moretti também anunciou que a Empresa está colocando no mercado mais seis novas tecnologias para uso nas próximas safras agrícolas e na aquicultura. Entre elas está o bioinsumo Auras, bioproduto feito com uma bactéria encontrada no mandacaru, espécie de cacto comum no semiárido brasileiro, que promove maior resiliência e capacidade de adaptação das plantas ao estresse hídrico. Os primeiros testes estão sendo feitos com o milho, mas a intenção é ampliar para outras culturas.
“As tecnologias que apresentamos abarcam diferentes cadeias produtivas e demonstram como a Embrapa está presente em todo o território brasileiro, de Boa Vista, no hemisfério Norte, à divisa com o Uruguai, no Rio Grande do Sul. Na Amazônia, com nove centros de pesquisa, na Caatinga, no Pantanal, no Pampa, na Mata Atlântica e no Cerrado”, destacou o presidente da Embrapa. “São tecnologias escolhidas a dedo para os 48 anos da Empresa e estão relacionadas às cadeias produtivas da soja, do leite, do algodão, do açaí, à aquicultura e também à bioeconomia, com o lançamento do bioproduto Auras. Eu não tenho dúvidas que este bioproduto irá transpor as fronteiras do Brasil e ajudará diferentes culturas na convivência com a seca, como é o caso do Semiárido brasileiro”, complementou.
Moretti afirmou que 2020 foi um ano difícil para a Empresa, causado por restrições orçamentárias e pela pandemia da Covid-19. No entanto, a Embrapa mostrou ser possível continuar fazendo importantes entregas para a sociedade brasileira e os dados do Balanço Social demostram este alcance de resultados.
“A partir do cálculo do impacto econômico do uso de 152 tecnologias, geramos R$ 56 bilhões, além de mais R$ 4 bilhões gerados a partir das 122 cultivares que colocamos à disposição do produtor brasileiro de frutas, hortaliças, soja, trigo, algodão, entre outras culturas, e mais R$ 1 bilhão calculado a partir dos indicadores sociais e laborais”, detalhou Moretti ao falar sobre os resultados do Balanço Social de 2020, que gerou um lucro social total de R$ 61,85 bilhões.
“Quando se divide o lucro social pelas despesas operacionais, a Embrapa chega os resultados de que para cada real investido, conseguimos devolver para a sociedade, em 2020, R$ 17 reais, o que totaliza um aumento de 4% em relação ao Balanço Social de 2019”, complementou o gestor.
Novas tecnologias e compromisso com a sustentabilidade ambiental
Na coletiva para a imprensa, além do bioproduto Auras, foram apresentadas mais três novas tecnologias que poderão ser utilizadas pelo produtor já na próxima safra agrícola.
Pesquisadores brasileiros desenvolveram a primeira cultivar de soja do País resistente à ferrugem asiática da leguminosa - a mais severa doença dessa cultura - e tolerância ao percevejo, considerado uma das principais pragas do setor. A nova soja BRS 539 já está disponível para a safra 2020/2021.
O presidente destacou o potencial de crescimento da soja orgânica no país, principalmente para exportação aos países da União Europeia e Israel. “A soja orgânica é um nicho do mercado que está em crescimento. No ano passado, fomos procurados por empresas de Israel que têm interessem em importar a soja orgânica brasileira”, explicou o presidente.
De acordo com os dados do Instituto Soja Livre, na safra 2019/2020, a produção brasileira de soja convencional foi de aproximadamente 5 milhões de toneladas, enquanto o Brasil produziu 124 milhões de toneladas do grão.
A Embrapa também lança esta semana a mais nova cultivar de algodoeiro transgênico, a BRS 500, com alta produtividade e resistente às principais doenças da cultura, com destaque para a mancha de ramulária e o nematoide-das-galhas, dois sérios problemas enfrentados hoje pelos cotonicultores.
A mancha de ramulária é considerada a principal doença do algodoeiro no País, demandando em torno de oito pulverizações de fungicidas por safra em cultivares mais suscetíveis ao patógeno. Já o nematoide-das-galhas é uma doença de difícil controle. A praga parasita as raízes de diversas culturas e no algodoeiro compromete a produtividade da pluma em até 40%. O melhor método de controle dos nematoides é o uso de culturas e cultivares resistentes ou tolerantes. “E essa variedade, indicada para o cultivo em áreas comerciais de elevada produtividade no bioma cerrados, vai estar disponível para a nova safra de algodão”, acrescentou o presidente da Embrapa.
O presidente falou também sobre a Plataforma Aquaplus - conjunto de soluções simples, práticas e inovadoras, desenvolvidas ou em desenvolvimento pela Embrapa, para qualificação, manejo e melhoramento genético de espécies aquícolas. Ele destacou, no âmbito da Plataforma, o lançamento do VannaPlus, ferramenta genômica que irá auxiliar a cadeia produtiva do camarão cinza em programas de melhoramento genético.
Contribuições para a descarbonização da agricultura
A Embrapa está fortalecendo sua atuação na descarbonização da agricultura e passa agora a contribuir com o Plano Setorial de Adaptação e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária, (ABC+), lançado pelo Mapa, em abril deste ano, com vigência até 2030. O Plano ABC + foi elaborado com base em estudos científicos e participação ativa da Embrapa.
“Trata-se da atualização do Plano ABC, executado de 2010 a 2020, que se tornou referência mundial de política pública para o setor agropecuário”, explicou. De acordo com Moretti, além das tecnologias do Plano ABC, entre elas, a Fixação Biológica do Nitrogênio (FBN), o Plantio Direto, o Tratamento de Dejetos, a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), a Embrapa passou a investir também em pesquisas para a produção da linha Carbono Baixo, como a marca-conceito carne carbono neutro, lançado no ano passado. Agora, estamos iniciando a pesquisa para a produção de leite de baixo carbono”, anunciou Moretti.
Ao abordar as pesquisas com a produção de leite de baixo carbono, Moretti explicou que a Embrapa firmou parceria com uma multinacional para o desenvolvimento de calculadoras de emissões de gases de efeito estufa para contabilizar emissões de carbono tanto para o gado produtor de leite a pasto quando para o gado produtor de leite em espaços confinado, e em diferentes biomas.
O presidente destacou o lançamento recente do programa de pesquisa para a obtenção da soja de baixo carbono que será um diferencial no mercado mundial de soja. “Na mesma linha, estamos pesquisando o algodão de baixo carbono. Estados Unidos e Austrália já vem trabalhando com protocolos de baixo carbono para o algodão”, explicou, lembrando que estão em curso pesquisas para a produção do café de baixo carbono.
Ele ainda lembrou a responsabilidade do Brasil como seguidor do acordo de Paris em relação a diminuição da emissão de gases de efeito estufa e explicou os processos na agropecuária brasileira. A fixação biológica de nitrogênio, que substitui o adubo nitrogenado, o plantio direto, a carne de carbono e o leite de baixo carbono neutro foram todos exemplos dados pelo presidente de atividades e produtos que diminuíram consideravelmente a emissão de carbono.
Parcerias com o setor privado
A Embrapa também vem trabalhando no sentido de ampliar parcerias com o setor privado. Em 2018, do total de projetos em execução, 8% recebiam recursos da iniciativa privada. Em 2021, segundo Moretti, já são 20% dos projetos recebendo financiamento, e a meta é chegar a 2023, com 40% de projetos vinculados ao setor privado.
Moretti afirmou que acredita que o País será o maior protagonista da produção de alimentos, fibras e energia do mundo em 2030. “Vamos aumentar a produção de alimentos, de forma eficiente e com sustentabilidade, incluindo a recuperação e a incorporação de pastagens degradadas”, explicou.
Ao encerrar a conversa com os jornalistas, o presidente afirmou que a Embrapa é uma empresa do Estado brasileiro que tem o papel primordial de prover segurança alimentar para a população brasileira e para mais 170 países ao redor do globo. Para ele, não se trata apenas de uma questão de segurança alimentar, mas de segurança nacional para o País.
Para ele, um setor como o agro brasileiro, responsável por 21 por cento do PIB, se não tiver uma empresa pública que cuide de pesquisa agrícola, passa a correr riscos. “A pandemia da Covid -19 mostra a importância da ciência para resolver desafios. A Embrapa é um patrimônio público que deve estar nas mãos da sociedade”, explicou.
Assista aqui a entrevista coletiva completa
Maria Clara Guaraldo, com colaboração de Vinícius Andrade (MTb 5027/MG)
Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire)
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