10/05/21 |   Convivência com a Seca

Povos, solo e água se misturam no rico balaio da caatinga

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Foto: Internet

Internet - Participantes do quarto dia

Participantes do quarto dia

Em comemoração ao Dia Nacional da Caatinga, celebrado em 28 de abril, a Embrapa realizou, em seu canal no YouTube, uma série de quatro lives sobre o uso e o manejo sustentável do solo e da água desse bioma. Batizado de “Balaio dos Saberes da Caatinga - povos, solos e água”, o ciclo de rodas de conversa virtuais, voltado a agricultores, técnicos de desenvolvimento rural e demais interessados, teve sua terceira edição no dia 04 de maio com o tema "Reúso da água e saneamento rural'. Já no último dia o tema foi “Uso e manejo sustentável do solo”.

A primeira contribuição para o balaio veio do IFPB, com o pesquisador Salomão de Sousa Medeiros, com o tema saneamento ambiental e reúso de  água. Atualmente, no semiárido, há 1.100.000 cisternas para consumo humano (16 mil litros) e 202 mil cisternas para produção (52 mil litros). “Temos que avançar bastante no aproveitamento da água de chuva para produção agrícola”

Já Roseli Freire de Melo, da Embrapa Semiárido (Petrolina-PE), falou sobre o reúso da água cinza para fins agrícolas. Os principais motivos para reutilizar a água são a baixa precipitação, alta evaporação, precipitação pluviométrica irregular, água acumulada insuficiente. 

Mas afinal, o que é essa tal de água cinza? É o nome dado às águas residuais que são geradas nas atividades cotidianas em nossas casas, tais como as águas das lavagens de roupas, louças, pias de banheiro e banhos. “Os problemas gerados pelas águas cinzas sem tratamento são poluição das fontes de água, contaminação e alteração dos solos, proliferação de mosquitos e cheiro desagradável”, conta Roseli.

E porque usar essas águas cinzas? Saneamento básico na zona rural, aumento da disponibilidade hídrica, fortalecimento de sistemas de produção familiar e manter homem no campo. “Transforma-se um problema em oportunidade”, frisa Roseli. A água cinza passa por um tratamento ates de ser utilizada, no qual são usadas raspas de madeira, areia lavada, brita e seixo. Existem onze sistemas instalados um Uauá (BA).

Gherman Leal, também da Embrapa Semiárido, foi o palestrante seguinte, falando sobre as águas salobras e a biossalinidade como uma alternativa para a agricultura camponesa. “Existem cerca de 594 milhões de hectares de solos salinos na superfície da terra, em todos os continentes”, informou o cientista. “A salinidade é uma condição intrínseca ao nosso semiárido”.

Já o convidado seguinte, Wilson Tadeu Lopes da Silva, veio de São Carlos (SP), mais especificamente da Embrapa Instrumentação. “Mais de 40% da população rural brasileira adota o sistema de cavar um buraco/fossa onde os dejetos sanitários são depositados, com grande risco de contaminação dos lençóis freáticos. Isso não pode acontecer, mas infelizmente é muito fácil de ser feito.” A Embrapa Instrumentação adota duas principais tecnologias de saneamento de esgoto: a fossa séptica biodigestora e o jardim filtrante.

A jovem camponesa, aniversariante, Sara Constâncio, agricultora experimentadora do Assentamento São Domingos, no Seridó Oriental Paraibano foi a última convidada do dia. “Ver essas tecnologias maravilhosas alegrou ainda mais meu aniversário, até porque sou beneficiária de algumas dessas práticas”.

Neste terceiro dia a moderação ficou a cargo de Daniel Weber, da Embrapa Solos, UEP Recife.

Assista o terceiroBalaio na íntegra aqui

 

No último dia

No quarto e último dia do “Balaio dos Saberes da Caatinga - povos, solos e água” o tema foi o uso e o manejo sustentável do solo. Quem deu o pontapé inicial foi a chefe geral da Embrapa Solos Petula Ponciano. “Acredito que o objetivo de promover essa ampla troca de conhecimentos e experiências sobre o manejo sustentável da caatinga foi atingido”.

Os Zoneamentos da pequena propriedade foi o assunto abordado por José Coelho de Araújo Filho, da Embrapa Solos UEP Recife. “Os zoneamentos individualizam os ambientes distintos que ocorrem numa região voltados para o uso racional das terras”. Os solos vermelhos, profundos e bem drenados geralmente, são os melhores, e não poderia ser diferente no semiárido.

A saúde da terra foi destrinchada por Simão Lindoso de Souza, da UFPB. “Precisamos fazer uma reavaliação da nossa ideia de fertilidade do solo. Procuro uma abordagem mais biológica para entender a fertilidade do solo. Tento não usar o termo 'fertilidade', mas sim 'saúde' da terra”. Para isso é imprescindível o aprendizado com os agricultores porque trabalhando com a terra eles sabem avaliar quais os melhores locais para se plantar, por exemplo, milho, macaxeira ou o coco.  

Já construção coletiva do conhecimento foi assunto para João Roberto Correia, da Embrapa Alimentos e Territórios (Maceió-AL). “Essa construção é o conhecimento compartilhado entre pessoas em um processo colaborativo, baseado na experiência pessoal de cada um. O aprendizado é uma atividade social e coletiva, e não solitária. É um processo no qual as pessoas criam novos conhecimentos e conteúdos de forma colaborativa.”

O saber local foi representado pela agricultora/exprimentadora Gerusa da Silva Marques, do Sítio Pedra d'Água, município de Massaranduba (PB). “Fui criada fazendo a agricultura convencional, agora estou em transição para uma agricultura agroecológica. Graças a isso tenho o prazer de alimentar não só minha família como também vender um pouco e fazer uma pequena renda extra”

A moderação deste quarto dia ficou sob a batuta de Luís de França, da Embrapa Solos UEP Recife.

Assista ao quarto dia da troca de saberes aqui

Instituições envolvidas

  • Embrapa Solos – UEP Recife
  • Embrapa Caprinos e Ovinos (CE)
  • Embrapa Semiárido (PE)
  • Embrapa Tabuleiros Costeiros (SE)
  • Embrapa Instrumentação (SP)
  • Embrapa Agrobiologia (RJ)
  • Embrapa Alimentos e Território (AL)
  • Articulação Semiárido Brasileiro (ASA)
  • Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa)
  • Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)
  • Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)
  • Instituto Federal da Paraíba (IFPB)
  • Secretaria de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar do RN (SEDRAF)

 

Carlos Dias (20.395 MTb RJ)
Embrapa Solos

Contatos para a imprensa

Telefone: (21) 2179-4578

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

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