01/06/21 |   Agroenergia  Agroindústria  Produção vegetal

Visita técnica apresenta projeto Procanola a autoridades e diretoria da Embrapa

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Foto: Irene Santana

Irene Santana - Equipe do Mapa e Diretor de P&D da Embrapa visitam plantio de canola no DF

Equipe do Mapa e Diretor de P&D da Embrapa visitam plantio de canola no DF

 

Representantes do Mapa, Superintendente de Agricultura do DF e Diretor de P&D da Embrapa fizeram visita técnica à campo de canola no PADF

Na última quinta-feira, 27/5, a Embrapa Agroenergia, em parceria com a Cooperativa Agrícola do Rio Preto (Coarp), apresentou in loco a Alexandre Barcellos, diretor de Desenvolvimento das Cadeias Produtivas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Decap/SDI/Mapa), e a Guy de Capdeville, diretor-executivo de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, os primeiros resultados do projeto Procanola.

Acompanharam a visita Alexandre Alonso e Patrícia Abdelnur, chefe-geral e chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agroenergia, William Barbosa, superintendente federal de Agricultura do Distrito Federal (SFA), e o pesquisador líder do projeto, Bruno Laviola. O grupo realizou uma visita técnica a um campo experimental de canola na fazenda Benetti, localizada em Planaltina, a 50 km de Brasília.

Antes da visita, Laviola explicou as ações que estão sendo executadas no âmbito do projeto Procanola, cujo objetivo é desenvolver a cadeia produtiva da canola no Cerrado, com foco na bioeconomia. “A canola é a terceira oleaginosa mais cultivada no mundo e uma excelente alternativa para uso em rotação de cultura. Seu óleo é um dos mais saudáveis para a alimentação humana, rico em ômega 3, e seu farelo tem entre 34% e 38% de proteína, o que o torna ideal para uso como ração animal. Outra vantagem desta oleaginosa é a possibilidade de utilizar o óleo na produção de biocombustíveis”, explicou o pesquisador.

Com todas essas vantagens para o produtor, a Embrapa apostou na tropicalização deste cultivo, originariamente uma cultura de inverno, proveniente do Canadá (o nome canola vem da sigla em inglês Canadian Oil Low Acid). Com duração prevista de 24 meses, as ações previstas para o projeto irão trabalhar o desenvolvimento da cadeia produtiva da canola “de ponta a ponta”, considerando os componentes agrícola, industrial e mercadológico.

Para isso, já foram realizados plantios experimentais em  cerca de 106 ha de cinco produtores da região do Rio Preto, localizada em Planaltina - DF, sendo a primeira área semeada no dia 17/3/2021. Além de selecionar três tipos de variedades comerciais para o plantio, a Embrapa Agroenergia validou o sistema de produção junto aos produtores.

Na visita técnica, os participantes observaram o vigor dos plantios de 70 dias na propriedade do produtor Flávio Benetti. “Essa é uma cultura nova para nós do Centro-Oeste e, como toda a agricultura, demanda por tecnologia. Decidimos testar para ver se haverá retorno financeiro”, disse o produtor. Para o futuro, ele espera vender o óleo processado e o farelo para ração animal. “Passo a passo vamos conseguindo. Temos a cooperativa, que está nos ajudando, e a Embrapa, que com os seus técnicos está nos dando toda a assessoria, ajudando a fazer o manejo correto do plantio nesse primeiro momento. Sem a Embrapa não teria saído esse projeto”, concluiu.

A próxima fase do projeto prevê o melhoramento genético e o desenvolvimento de cultivares específicas para o Cerrado, já que atualmente não existe semente de canola produzida no Brasil. O sistema de produção também será aperfeiçoado e serão executadas ações de apoio à comercialização da produção. O pesquisador Bruno Laviola prevê que, com a otimização da produção de canola por hectares, o Cerrado possa vir a ser um grande produtor de óleo e proteína vegetal no Brasil.

Apesar de não estar previsto no escopo do projeto, ações de apoio ao desenvolvimento do processamento da canola também estão sendo executadas, para fechar o ciclo da cadeia não só na área agrícola, mas também na industrial. A pesquisadora Simone Favaro, da Embrapa Agroenergia, explica que irá avaliar a qualidade e o teor de óleo da canola produzida nos plantios experimentais e acompanhar a instalação de uma unidade de processamento adquirida pela Coarp. “A ideia é criar uma linha de processamento que sirva tanto para a canola como para outras oleaginosas que sejam produzidas aqui no Cerrado”, conta a pesquisadora.

As atividades de pesquisa do projeto Procanola contam com o aporte financeiro de cerca de R$680 mil da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento e Irrigação do Ministério da Agricultura (SDI/Mapa), via Termo de Execução Descentralizada (TED).

Diretor do Mapa recorda sonho de Dom Bosco para o Centro-Oeste

O Diretor de Desenvolvimento das Cadeias Produtivas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Decap/SDI/Mapa), Alexandre Barcellos, iniciou sua fala lembrando-se do sonho profético de Dom Bosco, que vislumbrou o Centro-Oeste como “a terra prometida, que jorra leite e mel, de uma riqueza inconcebível”.

“As pessoas que chegaram aqui na década de 70 foram predestinadas a tornarem essa região um pólo de produtividade. Quem sabe a canola estará em breve fazendo parte das grandes culturas”, disse. Para Barcellos, a canola poderá vir a ter papel preponderante na agricultura brasileira e até mesmo despertar grande interesse mundial.

O diretor de P&D da Embrapa, Guy de Capdeville, lembrou que a pesquisa com a canola foi um desafio proposto ao pesquisador Bruno Laviola que, segundo ele, teve a coragem de enfrentar os desafios impostos pela cultura. “Fico feliz em saber que a iniciativa está avançando. Nosso objetivo é pensar em como podemos ofertar tecnologia para a agregação de valor a biomassas", disse Capdeville.

O chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Alexandre Alonso, ressaltou que a pesquisa busca novas biomassas para fins industriais e enxerga a canola como um cultivo de grande potencial para o Cerrado, semelhante ao que ocorreu com a soja, que também passou por um processo de tropicalização. “Contamos com o apoio decisivo do Mapa para mostrar hoje, na prática, os primeiros resultados do projeto que estamos desenvolvendo”, disse Alonso.

Presidente da Coarp enviou mensagem de vídeo aos participantes

O presidente da Coarp, Valter Baron, enviou um vídeo aos participantes da visita técnica no qual destacou a grande capacidade de produção do Cerrado. “Dividimos com a Embrapa essa empreitada que tem como objetivo nos tornar mais competitivos e qualificados para enfrentar o dia-a-dia nas nossas atividades e termos o resultado financeiro esperado”, disse Baron.

Já o superintendente Federal de Agricultura do Distrito Federal (SFA), Willian Barbosa, lembrou que a canola já era uma demanda dos produtores do DF, que buscavam uma alternativa para a safrinha. “Tenho a certeza de que canola veio para ficar. Faremos parte da história da terceira revolução da agricultura”, disse. Barbosa foi o responsável por trazer a demanda dos agricultores à Embrapa, em julho de 2020. 

Irene Santana (Mtb 11.354/DF)
Embrapa Agroenergia

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