Semeadura do trigo em solo encharcado aumenta os riscos com mosaico
Semeadura do trigo em solo encharcado aumenta os riscos com mosaico
As chuvas frequentes no início do inverno na Região Sul podem atrapalhar a implantação das lavouras. O encharcamento do solo, além de dificultar a entrada das máquinas, também aumenta o risco de incidência do mosaico comum do trigo. O clima frio e úmido encontrado nos estados do Sul também favorece a incidência da doença que depende de água livre no solo para que o vetor do vírus possa alcançar o sistema radicular das plantas.
Geralmente, o mosaico é verificado em áreas com histórico da doença – glebas mal drenadas e com aguadouros - já que tanto o vetor quanto o vírus podem permanecer no solo por longo tempo. “O vetor do vírus do mosaico sobrevive por muito tempo em solo. Em experimentos de pesquisa mesmo deixando o solo em repouso por cinco anos, quando voltamos a semear cultivares suscetíveis naquela área, sob condições de ambiente favorável, o mosaico voltou a ocorrer. Portanto, a erradicação total é improvável”, conta o pesquisador da Embrapa Trigo Douglas Lau.
O encharcamento do solo associado ao clima frio, que dificulta a evaporação rápida da água, forma o ambiente propício para o mosaico. A previsão de chuvas, após a semeadura ter sido realizada em solo úmido, também aumenta o risco de ocorrência da doença em áreas com histórico de mosaico.
O levantamento de dados dos últimos cinco anos, registra que os maiores danos por mosaico estão associados a precipitações próximas a 200 mm no mês de semeadura. “A fase mais crítica é nos dias subsequentes à semeadura, quando a infecção precoce tem potencial de causar mais danos à planta, afetando o desenvolvimento dos tecidos em formação”, explica Douglas Lau. Os danos podem chegar a 50% de redução no rendimento de grãos em cultivares suscetíveis, comprometendo a formação das espigas em culturas como trigo e triticale.
Sintomas
Os sintomas do mosaico começam a aparecer cerca de um mês após a infecção e se expressam até o final do ciclo da planta. A principal característica da doença é a alternância entre tecidos sadios e afetados, formando listras verdes e amarelas nas folhas. Plantas de trigo suscetíveis também podem apresentar forte redução no crescimento e comprometimento do espigamento.
A distribuição de plantas doentes no campo normalmente ocorre em manchas ou reboleiras, em locais onde a drenagem do solo não é boa. Porém, em anos com ambiente mais favorável, o mosaico pode infectar toda a lavoura. A disseminação do vetor ocorre a longo prazo, por meio de máquinas que trafegam entre áreas contaminadas e áreas, até então, livres de mosaico.
Controle
Práticas como rotação de culturas e adubação nitrogenada adequada auxiliam na redução de danos, mas não há produtos registrados para o controle químico do vetor. “Medidas como a rotação de culturas com plantas como aveia diminuem a incidência de mosaico, mas precisam ser utilizadas em conjunto com a resistência genética, principalmente em cenários de alta favorabilidade à doença”, explica Douglas Lau.
Desta forma, a recomendação mais segura e eficaz ao produtor é o uso de cultivares resistentes ao mosaico. A pesquisa já identificou cultivares que produzem bem em áreas com o vírus. Os resultados dos experimentos com as cultivares mais plantadas ou novos lançamentos para o Rio Grande do Sul são publicados no documento “Reação de cultivares de trigo ao mosaico comum”, disponível no site da Embrapa.
Eficácia de práticas de manejo para o mosaico em trigo:
Prática de Manejo | Eficácia |
Rotação de Culturas | +/- |
Resistência Genética | + |
Sementes Sadias | - |
Época de Semeadura | +/- |
Tratamento de Sementes | si |
Manejo Químico | - |
Controle Biológico | si |
Adubação Nitrogenada | +/- |
(-) ineficaz; (+/-): pouco eficaz; (+): eficaz; (si): sem informação.
Fonte: Lau et al., 2020
Joseani Antunes (MTb 9693/RS)
Embrapa Trigo
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