Intercâmbio de experiências contribui para o manejo madeireiro comunitário
Intercâmbio de experiências contribui para o manejo madeireiro comunitário
Incentivar a troca de experiências sobre iniciativas de manejo madeireiro comunitário na Amazônia com diferentes atores dessa agenda é fundamental para conectar e aprimorar as atuais e futuras experiências. A publicação "Manejo Madeireiro Comunitário em Áreas Protegidas da Amazônia - Aprendizados e Recomendações de como Facilitar a Troca de Experiências entre Comunidades e Organizações" apresenta caminhos metodológicos participativos para contribuir com as iniciativas de uso sustentável das florestas por comunidades locais da Amazônia.
O documento foi organizado a partir do resultado das atividades do encontro “Troca de Experiências e Reflexões sobre o Manejo Florestal Comunitário em Áreas Protegidas na Amazônia, realizado por pesquisadores do Programa de Conservação e Desenvolvimento nos Trópicos, da Universidade da Flórida e da Embrapa Acre e Embrapa Rondônia.
Com base em estudos de casos narrados pelos manejadores e em depoimentos de representantes de instituições envolvidas neste setor produtivo, foram identificados desafios e soluções no processo de estabelecimento do manejo florestal comunitário.
As questões levantadas no encontro envolvem temas centrais como organização social, capacitação dos manejadores e parcerias com diferentes instituições de apoio. Como resultado, a publicação apresenta lições aprendidas nos casos de manejo madeireiro comunitário compartilhados no evento e uma abordagem metodológica para promover a troca de experiências entre diferentes territórios de uso coletivo de seus recursos florestais amazônicos.
Fernanda Fonseca, analista da Embrapa Acre e uma das autoras da obra, destaca que o manejo florestal comunitário na Amazônia ainda apresenta muitos desafios e que, para superá-los, é fundamental considerar os diversos elos do arranjo produtivo, principalmente, o posicionamento dos manejadores comunitários na estruturação dos planos de manejo.
“Praticar a escuta para conhecer as realidades dos atores, compartilhar desafios, mapear oportunidades, reconhecer o potencial do território para planejar, buscar soluções e executar ações em conjunto são etapas que devem ser discutidas com a comunidade durante a implementação de um plano de manejo madeireiro comunitário. Quanto mais participação e envolvimento das comunidades no processo, maiores as chances de sucesso e longevidade da atividade”, comenta.
A analista ainda reforça que o manejo madeireiro comunitário é uma atividade que, quando bem conduzida, resulta em conservação florestal, mais legalidade para o setor madeireiro, benefícios para a economia local, melhoria de infraestruturas coletivas e avanços na governança socioambiental.
Aprendizados
De acordo com as autoras, a troca de experiência é apontada como uma prática fundamental para que extrativistas/manejadores conheçam realidades semelhantes e soluções de sucesso que podem ser utilizadas como exemplos para a superação de problemas enfrentados. Além disso, os temas de capacitação e treinamento, a construção de um planejamento participativo, com metas e ações compartilhadas são elementos chaves para o avanço do manejo madeireiro comunitário da Amazônia. Nesse sentido, destaca-se a importância da existência de assistência técnica continuada para as comunidades envolvidas.
“Trata-se de um processo em construção que envolve uma agenda com diferentes atores e varia conforme as necessidades de cada comunidade, mas que está voltado para a sensibilização de lideranças, comunicação e mobilização, diagnóstico participativo, governança, planejamento, formação, acompanhamento e avaliação periódica das atividades”, explica Ana Luiza Violato Espada, co-autora da publicação.
As experiências relatadas também mostraram o quanto é importante estabelecer uma conversa de duas vias entre a comunidade e instituições parceiras, visto que a realização do manejo inclui atores com diferentes saberes, tempos e interesses. Por isso, é fundamental oportunizar e valorizar as narrativas de representantes comunitários, enfatizando a sua importância como principal método de troca de experiência, a fim de proporcionar maior engajamento das pessoas envolvidas na atividade.
Lúcia Wadt, pesquisadora da Embrapa Rondônia, reforça que a articulação dos atores é um passo fundamental, especialmente, quando se trata de assuntos polêmicos, como o manejo florestal em reserva extrativista. "Embora experiências e estudos confirmem a viabilidade do manejo madeireiro, muitos extrativistas ainda apresentam dúvidas com relação à atividade. Nesse sentido, a troca de experiências proporciona uma linguagem que é comum a todos, trata dos erros e acertos, facilitando o entendimento dos extrativistas sobre os benefícios e os riscos de se explorar madeira dentro de Unidade de Conservação", explica.
A publicação também mostra que a partir de uma concepção metodológica participativa é possível fortalecer laços sociais e proporcionar aprendizados mais amplos. Assim, com a valorização do diálogo entre diferentes setores, o grupo discutiu os principais desafios e possíveis soluções para o manejo madeireiro. Para acessar o material na íntegra, clique aqui.
Mauricília Silva (MTb 429/AC)
Embrapa Acre
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