19/10/15 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação  Segurança alimentar, nutrição e saúde

Cobradan discute cuidados das pragas na agricultura brasileira

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Foto: Cesar Bauer

Cesar Bauer - Defensivos agrícolas naturais são alternativa viável para sustentabilidade ambiental. Estudos dizem que mercado brasileiro vem aumentando no país.

Defensivos agrícolas naturais são alternativa viável para sustentabilidade ambiental. Estudos dizem que mercado brasileiro vem aumentando no país.

 
Evento inicia nesta terça-feira (20/10), em Pelotas, com participantes internacionais. O mercado brasileiro de defensivos agrícolas naturais cresce. Há  mais de 50 produtos para uso em agricultura orgânica e convencional.
 
O combate às pragas da lavoura, indispensável para assegurar a integridade das colheitas, pode acarretar efeitos negativos quando realizado com emprego inadequado de defensivos agrícolas. Entre as piores conseqüências do uso desses produtos estão a agressão ao meio ambiente, a contaminação de alimentos, prejuízos para a saúde de quem os manipula e a imunização progressiva aos agrotóxicos dos seres vivos que se pretende eliminar, o que acaba por exigir o emprego de drogas cada vez mais potentes e em quantidades maiores.
 
No inicio dos anos 2000, o Congresso Brasileiro de Defensivos Agrícolas Naturais (COBRADAN) surgiu como um fórum de discussão sobre uso e demandas por tecnologias limpas para o manejo de pragas na agricultura brasileira, tendo como embrião o nordeste brasileiro. Após 15 anos da primeira edição, acontece nesta terça-feira, 20 de outubro, a VII edição do COBRADAN/2015, em Pelotas/RS, no Auditório Ailton Raseira da Embrapa Clima Temperado. O evento se destina a oportunizar um espaço para reflexão sobre o conhecimento técnico-científico e inovações recentes no campo dos defensivos agrícolas naturais, os quais vêm sendo cada vez mais demandados por uma sociedade consciente da necessidade de geração de alimentos seguros.
 
O evento que acontece até quinta-feira, dia 22, vai proporcionar palestras e mesas-redondas com especialistas do Brasil e do exterior que abordarão temas relacionados à prospecção de organismos e moléculas para o manejo de pragas e biorremediação em solos contaminados por agrotóxicos convencionais, defensivos agrícolas naturais como alternativas às ameaças fitossanitárias e ao manejo de pragas emergentes, tecnologias inovadoras de veiculação de microrganismos e moléculas, além da visão de empresas como a ABCBio, Agência Nacional de Vigilância Sanitária e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) quanto aos aspectos da legislação e regulação de defensivos agrícolas naturais para o Brasil e mercado mundial.
 
O evento está direcionado a participação de pequenos produtores rurais e cooperativas, estudantes de área correlata à atuação da Embrapa, agentes de Transferência de Tecnologia (TT-ATER), comunidade científica e acadêmica, Organizações Não-Governamentais (ONGs). As inscrições para participação fecharam nesta terça-feira (19/10) com 210 inscritos no Congresso.
 
O que são os defensivos agrícolas
 
Defensivos agrícolas são substâncias ou misturas, naturais ou sintéticas, usadas para destruir plantas, animais (principalmente insetos), fungos, bactérias e vírus que prejudicam as plantações. Enquadram-se em várias categorias: germicidas, que destroem microrganismos patogênicos e embriões; fungicidas, que eliminam fungos e fungões; herbicidas, que combatem as ervas daninhas que brotam no meio de certas culturas e prejudicam seu desenvolvimento; raticidas; formicidas; cupinicidas e outros.
Há apontamentos que dizem que já no neolítico, cerca de 7.000 anos a.C., procedia-se à seleção de sementes de plantas mais resistentes às pragas agrícolas. Os profetas do Antigo Testamento mencionam nuvens de gafanhotos que destruíam lavouras inteiras, como a que se abateu sobre as margens do Nilo no século XIII a.C.. Mas somente a partir dos séculos XVI e XVII começaram os estudos científicos das pragas e dos meios de combatê-las. E até hoje, há quem se dedique a pesquisa de defensivos agrícolas, especialmente, os naturais.
 
 A utilização de determinados produtos tem evitado a propagação de parasitas perigosos e favorecido o combate a portadores de endemias sérias como a malária, por exemplo. No entanto, como seus efeitos não podem ser circunscritos à área de aplicação, e se fazem sentir em toda a natureza, devem ser aplicados com parcimônia e orientação técnica. Às vezes o homem, na ânsia de solucionar o problema, desequilibra sistemas biológicos inteiros e acaba agravando situações que pretendia remediar. Os defensivos podem destruir conjuntamente pragas e insetos benéficos, sobretudo devido à tendência de se tornarem mais resistentes ou nocivos.
 
Mercado de Defensivos agrícolas naturais
 
O Brasil, através da Embrapa, já tem conhecimento e tecnologia para ampliar o desenvolvimento de produtos de baixa periculosidade ou naturais, mas faltam políticas públicas para colocá-los em prática. O mercado brasileiro de defensivos agrícolas naturais tem crescido nos últimos anos. Em 2011, existiam 1.352 agrotóxicos químicos registrados no Brasil e somente 26 produtos à base de agentes de controle biológico ou biocontrole. Em 2013, já havia registro de 50 produtos para uso em agricultura orgânica e convencional. Nos últimos dois anos, o número de solicitações de registros de produtos biológicos continuou aumentando, o que indica, que há mais interesse por esse tipo de defensivo.
 

Cristiane Betemps (MTb 7418-RS)
Embrapa Clima Temperado

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