Alianças impulsionam desenvolvimento agropecuário do semiárido mineiro
Alianças impulsionam desenvolvimento agropecuário do semiárido mineiro
Parcerias entre instituições de pesquisa, assistência técnica, extensão rural e agentes locais têm promovido avanços no desenvolvimento rural nas regiões Norte e Nordeste de Minas Gerais. O projeto “Tecnologias Agropecuárias para o Semiárido Mineiro” mostra resultados concretos de melhoria na qualidade de vida de produtores. O trabalho é desenvolvido por meio de articulação entre entidades e busca atender demandas apresentadas por agricultores e lideranças do Vale do Jequitinhonha e do Alto Rio Pardo. Em live realizada no último dia 30, foram apresentadas as ações desenvolvidas nos territórios e os resultados já alcançados ao longo de três anos de projeto.
Frederico Durães, chefe-geral da Embrapa Milho e Sorgo, destacou que o projeto busca suprir necessidades percebidas nos territórios. “Trabalhamos com demandas reais numa região sensível por questões ambientais e variações climáticas. E nós, como instituições públicas, podemos nos aliar a entidades locais para desenvolver algo que possa ser modelo. É um arranjo baseado em tecnologias e buscamos sustentar sistemas de produção para gerar mais alimentos em situação de estresse hídrico. Este é o papel social de uma instituição de conhecimento, o de ter efeito com aquele que produz e precisa de informações para produzir mais e melhor”.
Oto Cândido, gerente de Avaliação e Credenciamento da Anater, ressaltou a importância de uma nova atuação da assistência técnica, que tem como viés o desenvolvimento rural sustentável. Oto contou que percorreu as regiões de atuação do projeto. “Tive o prazer de conhecer as Unidades Demonstrativas (UDs) e Unidades de Referência Tecnológicas (URTs) e me convenci da necessidade de ter esse modelo em todo o Brasil, pela importância de mostrar ao produtor, no dia-a-dia dele, na região onde está, que faz a diferença adotar novas tecnologias”.
Otávio Maia, presidente da Emater-MG, destacou que o agricultor familiar precisa do apoio das instituições e essa necessidade é ainda mais evidente no semiárido, que passa pela escassez hídrica. Ele ressaltou que o trabalho desenvolvido mostra o sucesso da união da pesquisa com a extensão e da construção de conhecimento junto com o produtor. “A palavra ensina e o exemplo arrasta. Mostrar na prática as experiências e as novas tecnologias consegue disseminar cada vez mais e alavancar a produção agropecuária em nosso estado”.
O agrônomo Fredson Chaves, da Embrapa Milho e Sorgo, falou sobre o potencial do semiárido mineiro e da importância de mudança cultural para melhoria da produção agropecuária. “A região tem riquezas minerais, temperatura adequada para produção agrícola tropical. Temos de saber aproveitar a água. É preciso sair do extrativismo para construir uma produção sustentável, com novas alternativas”.
Fredson explicou que, a partir de demandas apresentadas por representantes locais, foram estabelecidas alianças para contribuir com o desenvolvimento territorial. “Um dos desafios da região é produzir forragem, e nós utilizamos como principal estratégia o sistema Integração Lavoura-Pecuária (ILP). Começamos com URTs em áreas públicas, em parceria com prefeituras e escolas, para validar tecnologias regionalmente. Depois, expandimos o trabalho para UDs, em propriedades rurais, para que os produtores pudessem adotar as práticas.”
Os resultados verificados nas Unidades do projeto foram apresentados pelo agrônomo Marco Aurélio Noce, também da Embrapa Milho e Sorgo. Ele apresentou os dados de produtividade de diferentes materiais avaliados nas Unidades de Referência Tecnológica. “Além de realizar capacitação de técnicos, estudantes e produtores, o projeto também busca captar informações que nos permitam validar localmente tecnologias, avaliar cultivares e práticas”, explicou.
Marco Aurélio focou sua apresentação em números referentes à produção de forragem para gado bovino, a principal demanda da região. As avaliações demonstraram que o desempenho das cultivares de capim depende do microclima de cada local. Um destaque foi o capim elefante BRS Capiaçu, que tem demonstrado potencial excelente de produção e tolerância à seca.
O agrônomo ressaltou que todos os plantios nas unidades foram feitos com adubação, de acordo com análises de solos, e frisou a importância dessa prática. “Os testes demonstraram que os resultados justificam o custo da adubação. No sorgo, as parcelas adubadas tiveram, em média, acréscimo de 56% de produtividade e, no milheto, 400%”.
Também foram testadas alternativas de irrigação com baixo consumo de água: gotejamento, microaspersão e mangueira microperfurada (fita santeno). “De modo geral, o gotejamento foi o sistema em que se produziu mais e apresentou melhor custo /benefício”, explicou Marco Aurélio.
Nas UDs, instaladas em propriedades rurais, o destaque foi a recuperação de pastagens degradadas. Foram implantadas áreas de ILP de sorgo com capim em cultivos com adubação. “Após a colheita dos grãos, fica o pasto reformado e o produtor ainda tem a receita da silagem. Então, uma silagem de qualidade é importante, mas o principal nesses casos foi recuperar pastagens que estavam praticamente perdidas”.
O extensionista da Emater-MG Paulo Deniz Oliveira comentou os principais fatores que causam a degradação das pastagens na região: uso de queimada, excesso de pastoreio, déficit hídrico, ausência de práticas de conservação do solo e da água. Mas ressaltou que é possível reverter esse cenário e gerar bons resultados. “Apesar da queda do volume pluviométrico nos últimos anos, ainda dá para fazer muita coisa, se adotarmos tecnologias”. Paulo Deniz falou sobre o caso da UD de Francisco Badaró, onde o produtor Jorge Gonçalves adotou o sistema ILP e conseguiu produzir alimento suficiente para seu rebanho e até para ajudar vizinhos.
A Emater-MG garantiu assistência técnica e extensão rural em todas as etapas da implantação da unidade. “São muitas dúvidas que o produtor tem porque são muitas tecnologias, por exemplo ILP, adubação, insumos biológicos. Até para regular implementos, nós estivemos presentes. Assim, é possível potencializar o que o produtor já tem de saber prévio”, conta Paulo. Ele ressalta que também foi fundamental a parceria bem construída no âmbito local, com a prefeitura municipal, que cedeu maquinário para operações agrícolas, pois a disponibilidade de máquinas ainda é difícil para produtores da região.
Além do caso de Francisco Badaró, foram apresentadas durante a live as experiências das UDs dos municípios de Coronel Murta e Ponto dos Volantes, com vídeos e depoimentos dos produtores rurais e dos extensionistas. Após as palestras, houve interação com o público, que enviou perguntas sobre cultivares, práticas e possibilidades de novas parcerias para expansão do trabalho em novos municípios. O evento já teve mais de 1.300 visualizações pela internet. Em vários escritórios locais da Emater, foram montadas salas de transmissão com grupos de técnicos e produtores para acompanhar a live. Para conferir a gravação, clique aqui.
Parcerias
O projeto “Tecnologias Agropecuárias para o Semiárido Mineiro” é coordenado pela Embrapa Milho e Sorgo e conta com uma rede de parcerias, que envolve Emater-MG, Anater, Senar, Sebrae, Epamig, Instituto Federal do Norte de Minas Gerais, sindicatos rurais e os consórcios de municípios das três regiões atendidas: Ameje (Associação dos Municípios da Microrregião do Médio Jequitinhonha), Comar (Consórcio Público Intermunicipal Multifinalitário do Alto Rio Pardo) e Nova Ambaj (Nova Associação dos Municípios da Microrregião do Baixo Jequitinhonha).
Marina Torres (MTb 08577/MG)
Embrapa Milho e Sorgo
Contatos para a imprensa
milho-e-sorgo.imprensa@embrapa.br
Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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