Agricultura digital aponta caminhos para transformação de sistemas agroalimentares
Agricultura digital aponta caminhos para transformação de sistemas agroalimentares
Foto: Magda Cruciol
Agricultura digital é um dos pilares estratégicos no ecossistema de inovação definidos no Plano Diretor da Embrapa
A agricultura digital pode contribuir para a transformação dos sistemas agroalimentares, apoiando o aumento da produtividade, a redução do impacto ambiental e melhorando a inserção dos produtores, especialmente jovens e mulheres. A análise foi feita pelo diretor-geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero, durante o painel “Digitalização da agricultura como determinante para a transformação dos sistemas alimentares: uma perspectiva das Américas”.
Organizado pelo IICA, o evento ocorreu no final de setembro, como uma atividade paralela à Cúpula dos Sistemas Alimentares da Organização das Nações Unidas (ONU), no contexto da Década de Ação para alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável até 2030. Contou com a participação de representantes de países das Américas, do setor privado, comunidade científica e organismos internacionais. O secretário de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), César Halum, estava entre os painelistas.
Segundo o diretor do Instituto, o “caminho incipiente e ainda desigual na chegada da agricultura digital na América Latina e no Caribe” oferece uma grande oportunidade e há muito o que avançar. “Queremos nos somar a todas as coalizões e esforços colaborativos que sejam necessários. Aspiramos a uma melhor ruralidade, que deve passar por uma transformação e um empoderamento dos agricultores familiares. As condições estão dadas”, concluiu.
O professor da Universidade de Chicago, Michael Kremer, prêmio Nobel de Economia de 2019, apresentou estudos sobre experiências voltadas à melhoria da qualidade de vida das populações rurais com uso de tecnologias digitais. Kremer afirmou que embora haja muito entusiasmo acerca do tema, também há um ceticismo com a agricultura digital. Ele defendeu a necessidade de se disseminar mais informações e evidenciar as potencialidades da extensão rural digital e seus efeitos sobre a produtividade e as receitas dos pequenos agricultores, por meio de iniciativas de vários países que integrem experiências, “contribuindo para que as novas tecnologias sejam um elemento transformador para o futuro”.
Ater digital
Para o secretário do Mapa, o desafio é universalizar a assistência técnica e a extensão rural. “O caminho é a agricultura digital”, ressaltou. Halum falou sobre o apoio da ministra Tereza Cristina e as ações que estão sendo conduzidas pelo programa Ater Digital, para levar tecnologia ao campo, especialmente às propriedades rurais dedicadas à agricultura familiar. “Já estamos fazendo isso tendo como pilar maior o AgroNordeste, região onde está localizada uma grande parte dos produtores e que tem dificuldade de renda e conectividade”, explicou.
Entre as ações previstas, está a modernização da infraestrutura tecnológica. “Temos apenas 23% das propriedades do Brasil com conectividade, embora 95% das pessoas que vivem no campo têm smartphones”, disse Halum. Outra prioridade é a capacitação de produtores e, especialmente, dos extensionistas, para que sejam multiplicadores. Além disso, há os projetos de hub de inovação para levar conexão às propriedades da agricultura familiar.
Com isso, o Ministério busca organizar as informações e as cadeias produtivas, “procurando fazer uma integração das ferramentas digitais, através de uma governança inovadora com todos os atores da Ater digital no Brasil”, para, assim, cumprir os compromissos da Agenda 2030. Na visão do secretário, é importante usar a rede de instituições brasileiras, como a Embrapa, as universidades e as instituições de assistência técnica e extensão rural.
Embrapa na era digital
A agricultura digital é um dos pilares estratégicos no ecossistema de inovação definidos no VII Plano Diretor da Embrapa. O tema também está refletido no foco de atuação estabelecido no Plano de Execução da Unidade (PEU), elaborado neste ano pela Embrapa Informática Agropecuária: pesquisa, desenvolvimento e inovação em agricultura digital visando à sustentabilidade, à competitividade e à agregação de valor nas cadeias produtivas.
De acordo com a chefe-geral, Silvia Massruhá, “a Unidade tem forte presença no ecossistema de inovação em agricultura digital, desenvolvendo pesquisas e estimulando o uso de soluções digitais em todas as etapas das cadeias produtivas do agronegócio, tanto nas fases de pré-produção (antes da porteira), na produção (dentro da porteira) e também na pós-produção (depois da porteira)”. Assim, por meio do avanço tecnológico, também busca contribuir para a transformação da agricultura brasileira.
O livro “Agricultura Digital: pesquisa, desenvolvimento e inovação nas cadeias produtivas”, publicado em novembro de 2020, apresenta iniciativas desenvolvidas pela Unidade em parceria com outros centros de pesquisa da Embrapa e instituições parceiras dos setores público e privado. A publicação foi lançada durante as comemorações dos 35 anos do centro de pesquisa especializado em tecnologia da informação aplicada à agricultura.
Nadir Rodrigues (MTb/SP 26.948 e MS 15.188)
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