21/10/21 |   Segurança alimentar, nutrição e saúde

Live sobre sistemas alimentares sustentáveis celebra Dia Mundial da Alimentação

Informe múltiplos e-mails separados por vírgula.

Foto: Reprodução YouTube

Reprodução YouTube -

Os desafios para a implantação efetiva de sistemas alimentares sustentáveis foram debatidos na última sexta-feira, 15 de outubro, em live organizada pelas três Unidades da Embrapa no Rio de Janeiro (Agrobiologia, Agroindústria de Alimentos e Solos). O evento contou com a moderação do analista Gustavo Porpino, da Embrapa Alimentos e Territórios (Maceió-AL) e aproveitou a temática do Dia Mundial da Alimentação, celebrado em 16 de outubro. “Essa é uma data relevante para refletirmos, enquanto cidadãos de uma das maiores potências do agronegócio global, sobre a importância de fortalecermos sistemas alimentares mais justos, resilientes e sustentáveis”, citou Porpino. “Precisamos e devemos aumentar as soluções do campo à mesa, envolvendo cidades, consumidores e organizações nos diferentes elos da cadeia produtiva, na implementação da sustentabilidade em suas mais diversas vertentes: social, ambiental, econômica e também em práticas de governança que incrementem conexões entre atores diversos e maximizem nossa capacidade de gerar valor social”, completou.

Com o tema O amanhã vai à mesa: sistemas alimentares, crises globais e experiências locais, a pesquisadora da Embrapa Agrobiologia Mariella Uzêda abordou os diversos desafios encontrados nos sistemas alimentares brasileiros, desde a produção até a destinação dos resíduos, passando pelo consumo e comercialização. Segundo ela, esses sistemas alimentares são o ponto de convergência entre a saúde pública, a justiça ambiental e a justiça social. “Não seria exagero dizer que os sistemas alimentares são o nexo entre alimento, povo e território. Mas infelizmente o retrato que temos hoje dos sistemas alimentares são de perda da diversidade genética e das culturas agrícolas domésticas dentro de todo o processo produtivo”, explicou. 

De acordo com ela, o sistema de alimentação, hoje, é extremamente simplificado, composto basicamente por 12 espécies de plantas. “A gente se afastou bastante das nossas tradições alimentares e conhecemos muito pouco da nossa biodiversidade. Apesar de o Brasil ser  um país megadiverso, é também o que mais utiliza e flexibiliza o uso de agrotóxicos no mundo desde 2008”, afirmou. Uzêda ainda frisou a importância de desenvolver ações para a integração de agendas e soluções apoiadas na natureza, visando uma abordagem mais integradora sobre degradação ambiental, desigualdades socioeconômicas, crise climática e desigualdades na saúde, de forma a proporcionar benefícios ambientais, sociais e econômicos.

Já a pesquisadora Ana Turetta, da Embrapa Solos, falou sobre a relação entre solos e segurança alimentar. Dados citados por ela apontam que, no Brasil, cerca de 30% do nosso território são ocupados por áreas agrícolas dedicadas exclusivamente à agricultura e à pecuária, o que torna o uso da terra essencial para a produção de alimentos no País. “Sabemos que o Brasil é uma potência na agropecuária, mas muitas dessas produções estão voltadas para a exportação”, explicou.

O Brasil é um dos maiores exportadores de produtos agropecuários do mundo, principalmente de soja, café, suco de laranja, etanol de cana-de-açúcar, carne bovina e de frango.  Nesse sentido, a pesquisadora ressaltou a importância do solo na produção agrícola: “Temos a informação de que 98,8% das calorias diárias consumidas pelos seres humanos provêm dos solos. Nós precisamos olhar para esse recurso natural, porque toda expressão da nossa produção agrícola, majoritariamente, vem dos solos. São eles que nos dão a oportunidade de ser toda essa potência agrícola que somos.”

Além disso, ela frisou a importância da agricultura familiar no contexto agrícola brasileiro e o aumento da demanda pela produção de alimentos até 2050. “Não podemos olhar para o solo apenas como um substrato para o crescimento de uma planta, nós temos que pensar em um modelo mais sistêmico, que visa o bem-estar da sociedade e o atendimento dessa demanda por alimentos, mas que também forneça outras funções. A multifuncionalidade é uma condição para a sustentabilidade”, concluiu.

Alimentação e desperdício

Por fim, o pesquisador Murillo Freire, da Embrapa Agroindústria de Alimentos, abordou a sensível questão do desperdício, que aumenta proporcionalmente com o crescimento da demanda por alimentos. Esse desperdício se configura tanto na grande quantidade de alimentos com data de fabricação vencida, no descarte de produtos sem padrão estético comercial e nas sobras de alimentos dos restaurantes, hotéis e residências. Isso sem falar na etapa comercial, com problemas de manuseio de produtos, falta de treinamento e falhas na gestão. “Muitas vezes o supermercado não sabe de quanto será o consumo naquela semana, então apresenta um excesso de oferta. Por outro lado, há também as avarias operacionais, como o manuseio inadequado dos produtos, principalmente frutas e hortaliças”, afirmou.

O grande descarte reflete na redução da disponibilidade local e global de alimentos, gera perdas de receita para os produtores e eleva os preços para os consumidores, além de afetar negativamente o meio ambiente, devido ao uso insustentável dos recursos naturais, como água e solo, à emissão de dióxido de carbono, metano e outros gases e ao baixo aproveitamento dos insumos agrícolas e do trabalho executado. “Todos esses fatores são importantes. Estamos desperdiçando todo esse bem, os recursos naturais e a mão de obra do pessoal que trabalhou para produzir esses alimentos'', argumentou.

Freire também abordou os diversos processos de doação de alimentos, definições de prazos de validade, aspectos culturais e hábitos alimentares dos consumidores e ações para a redução de desperdícios. “A redução do desperdício é de responsabilidade de todos os atores da cadeia, inclusive o consumidor”, finalizou. 

A programação encerrou o ciclo de debates realizado pela Embrapa durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2021. A transmissão foi realizada pelo canal da Embrapa no YouTube. Clique aqui para assistir ou veja abaixo.

 

Liliane Bello (MTb 01766/GO)
Embrapa Agrobiologia

Contatos para a imprensa

Colaboração: Beatriz Evangelista (Estagiária de Jornalismo)
Embrapa Agrobiologia

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

Encontre mais notícias sobre:

terranovembro2021