Embrapa inaugura Estação Quarentenária em Brasília para reduzir riscos de introdução de novas pragas no país
Embrapa inaugura Estação Quarentenária em Brasília para reduzir riscos de introdução de novas pragas no país
Com a nova estrutura, Empresa poderá duplicar o número anual de recebimento de amostras vegetais, de 30 mil para 60 mil
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), inaugurou nesta quarta-feira (24), a sua Estação Quarentenária, localizada na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília-DF. A estação é composta por um prédio com 4.643m² de área construída, sendo 2.951m² de laboratórios para análises de qualquer tipo de praga que possa correr o risco de entrar no território nacional, como insetos, ácaros, fungos, bactérias, nematoides, plantas infestantes e vírus.
A inauguração contou com a presença da ministra da Agricultura, Tereza Cristina; do presidente da Embrapa, Celso Moretti; do secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, José Guilherme Leal; do secretário de Inovação, Desenvolvimento Sustentável e Irrigação do Ministério e também presidente do Conselho de Administração da Embrapa, Fernando Camargo; de parlamentares que contribuíram, por meio de emendas nos últimos anos, para a construção da nova edificação, como os deputados federais Bia Kicis, Paula Belmonte e Júlio Cesar Ribeiro; e do secretário de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural do Distrito Federal, Candido Telles; além de chefes-gerais dos centros de pesquisa da Embrapa no DF.
A Estação Quarentenária compreende ainda três casas-de-vegetação e 11 laboratórios com mais de 200 equipamentos para análises de pragas. Possui sala-de-caldeiras, incinerador e salas para tratamento fitossanitário, desinfecção e destruição de material quarentenário.
"A quarentena de plantas abrange ações voltadas a prevenir a introdução e disseminação de pragas agrícolas e, por isso, é prioridade para a Embrapa desde a sua criação, na década de 1970, porque sempre consideramos esse trabalho estratégico para a segurança nacional do país, justamente porque está diretamente relacionado com a segurança alimentar da população", afirmou o presidente da Embrapa, Celso Moretti. Ele lembra que a entrada, em 2013, de apenas uma praga exótica, a lagarta Helicoverpa armigera, causou danos de cerca de 1,7 bilhão de dólares aos cofres nacionais. "Se multiplicarmos esse valor pelo número de pragas interceptadas, é possível estimar que o trabalho de quarentena desenvolvido pela Embrapa poupou centenas de bilhões de dólares à economia do País", complementou, ressaltando que existem atualmente 400 pragas de enorme risco "batendo na porta" das fronteiras brasileiras.
Para a ministra Tereza Cristina, é um momento de celebração para o Brasil, principalmente depois de todas as dificuldades enfrentadas até chegar ao momento de inaugurar uma estrutura que tem embutida muito esforço, muita tecnologia, muitos equipamentos importantes, e, o mais importante, muitas "cabeças de heróis" que fazem a diferença diariamente para a agropecuária brasileira, ajudando a evitar que pragas e doenças entrem no nosso território e possam prejudicar as nossas safras. "O mundo está passando por um momento de transição, intensificado pela pandemia, e cada vez mais a Ciência tem mostrado o quanto o seu papel é transformador na melhoria de vida das pessoas. Essa Estação Quarentenária é uma prova disso. Conto com o trabalho estratégico de vocês. Cada dia a Embrapa se torna mais necessária, precisa se tornar mais moderna, ter mais inteligência estratégica, porque a geopolítica do mundo está mudando, constantemente. Precisamos de vocês para antecipar as mudanças que estão ocorrendo no mundo para tornar a agricultura mais sustentável", declarou.
A construção da nova estrutura foi iniciada em 2015, tendo como meta a ampliação da capacidade de atendimento para mais de 60 mil acessos ao ano, o dobro da capacidade na época. As instalações foram projetadas conforme as regras de segurança exigidas pela Instrução Normativa nº 29/2016 do Ministério da Agricultura e receberam investimentos iniciais de R$ 10 milhões.
No ano de 2019 houve a retomada da construção do prédio, quando recebeu R$ 800 mil reais de investimento da Embrapa e, no ano seguinte, a deputada federal Bia Kicis viabilizou, por meio de um termo de execução descentralizada (TED), recursos para a conclusão da estrutura, assegurando a ampliação dos serviços quarentenários em território brasileiro, a partir da integração das equipes da Embrapa com as do Serviço Quarentenário Nacional, da Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa (SDA).
O valor total do TED para conclusão do novo prédio foi do montante de R$ 1.216.108,39, aplicado em obras do laboratório, conclusão do prédio e na construção de um galpão para maquinários. Além desse recurso, o TED permitiu a aquisição de equipamentos para instalação de datacenter e estruturação de equipamentos do Laboratório Quarentenário Nacional (compras de switch, trator, transceiver, patch e nobreaks), no total de R$ 253.891,61.
"A nossa Estação Quarentenária está credenciada, agora, com uma estrutura funcional que vai ampliar a análise quarentenária de materiais genéticos que entram no País para fins de pesquisa", explicou a chefe-geral da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Cleria Inglis. Ela salientou que além desse serviço, a equipe também realiza treinamentos para instituições pertencentes ao Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária e para técnicos dos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária do Mapa, em especial na identificação de pragas quarentenárias presentes e ausentes no país.
Existem atualmente cerca de 500 pragas quarentenárias oficialmente reconhecidas como ausentes no território brasileiro, que incluem insetos, ácaros, nematoides, fungos, vírus e bactérias, com uma característica comum: são exóticas, não existem no País e, por isso, não há formas conhecidas para combatê-las. A priorização das pragas quarentenárias, feita pelo Ministério, é importante porque permite desenvolver um trabalho mais específico para evitar a sua entrada no Brasil ou na adoção de medidas para sua erradicação e controle, quando já identificada em alguma parte do país.
A equipe da Estação Quarentenária, formada por mais de 16 profissionais, dentre pesquisadores, analistas e estagiários da Embrapa, ao longo dos últimos 44 anos conseguiu interceptar mais de 86 pragas, que poderiam ter causado danos produtivos e econômicos incalculáveis para o Brasil. Somente entre 2015 e 2019 foram interceptadas 14 pragas (quarentenárias ou exóticas), dentre os mais de 374 processos recebidos (287 pedidos de importação com 16.277 acessos e 87 pedidos de exportação com 584 acessos). "Estes resultados se devem ao elevado número de amostras recebidas pelo nosso centro de pesquisa e principalmente pela dedicação na condução técnica, análises e testes laboratoriais", complementa Cleria.
A Estação contribui, ainda, com a defesa fitossanitária do país respondendo a demandas técnicas do Mapa, como a revisão de normas internacionais de medidas fitossanitárias e apoio técnico na revisão da lista de pragas quarentenárias editada pelo Ministério.
A estrutura é composta ainda por autoclaves, sala de resíduos químicos, salas de apoio para as análises moleculares, recebimento e inspeção de materiais vegetais, separação de sementes, duas câmaras frias para armazenamento, área de apoio aos quarentenários para o preparo e guarda de substrato, adubos e defensivos utilizados no cultivo do material a ser quarentenado. O prédio ainda possui área para suporte administrativo e de apoio com salas de permanência, sala de reunião, arquivos, depósitos e sala de segurança.
Acordo de cooperação
Durante a inauguração, Mapa e Embrapa assinaram um acordo de cooperação para aperfeiçoar a execução de atividades conjuntas de intercâmbio de infraestrutura, conhecimentos, capacitações e treinamentos para o desenvolvimento de serviços quarentenários inovadores. "O objetivo é integrar esforços nesta área estratégica para fortelecer ainda mais as ações de vigilância fitossanitária, em especial das ações de prevenção, controle e erradicação de pragas relacionadas à importação de vegetais, parte de vegetais e seus produtos", afirmou Rafael Vivian, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.
Robinson Cipriano (MTb 1727/88-DF)
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