28/10/15 |   Research, Development and Innovation

Inovação, formação de recursos humanos e ciência no Brasil são tema de debate entre instituições de pesquisa, fomento e indústria

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Photo: Liliane Bello

Liliane Bello - Fernando Alves Rochinha e Eliete Bouskela, dois dos participantes da mesa-redonda Ciência e Inovação, realizada na quinta-feira, 22

Fernando Alves Rochinha e Eliete Bouskela, dois dos participantes da mesa-redonda Ciência e Inovação, realizada na quinta-feira, 22

O relatório da oitava edição do Índice Global de Inovação analisou neste ano o cenário de 141 nações, considerando indicadores relacionados a inovação, política e economia, entre outros fatores importantes para o desenvolvimento de novas tecnologias e serviços. O Brasil ficou em uma posição pífia, amargando o 70º lugar. "Devemos nos preocupar com isso de maneira mais enérgica", destacou a médica e diretora de Tecnologia da Faperj Eliete Bouskela, que esteve na Embrapa Agrobiologia (Seropédica, RJ) na última quinta-feira, 22, quando participou da mesa-redonda Ciência e Inovação, juntamente com o professor da UFRJ Fernando Alves Rochinha, e com o diretor de Inovação da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Bruno Souza Gomes.
 
O documento foi compilado a partir de estudo realizado pela Universidade Cornell, nos Estados Unidos, pela Escola de Pós-Graduação em Negócios da França e pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (WIPO), e evidencia a necessidade de o Brasil atacar alguns gargalos para melhorar seu desempenho em inovação. "Somos um povo jovem e imediatista, talvez pela falta de segurança que nos cerca ao longo de nossa história, marcada por muitas crises. E inovar passa por ter um ambiente de segurança", refletiu ela, que é membro titular da Academia Brasileira de Ciências.
 
O imediatismo também foi citado pelo diretor da Firjan como um entrave ao processo inovador. "A inovação não é algo de curto prazo. Carece de uma política de médio e longo prazos e de um desenvolvimento tecnológico e industrial que permita uma relação de confiança entre centros tecnológicos, governos e indústria", afirmou Gomes. Além disso, ainda há, no Brasil, muita confusão em relação ao conceito de inovação. Pesquisa feita pela Firjan com 236 empresas fluminenses apontou que mais de 60% delas se consideram inovadoras, mas apenas 26,2% finalizaram projetos de inovação. "A compra de máquinas e equipamentos foi o item mais citado para a inovação. E isso não é bem uma inovação", expôs.
 
Para Rochinha, que também é diretor de Tecnologia e Inovação do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da UFRJ, falar de inovação no Brasil ainda implica em inúmeros desafios, alguns flagrantes de todo o aparato burocrático existente, outros relacionados ao próprio desenvolvimento tecnológico e à formação de recursos humanos do País. Nesse sentido ele vê algumas grandes dificuldades, como a falta de investimento em pesquisa e de especialização do corpo técnico de boa parte das empresas, a lacuna existente na formação de recursos humanos com base na diversidade conceitual, a necessidade de estabilidade econômica e o excesso de burocracia. "Devemos quebrar barreiras consolidadas e apostar na formação diversificada. O aluno tem que ter uma formação sólida, mas precisa ter a mente aberta para a diversidade", defendeu.
 
Em sua opinião, a finalização de uma nova tecnologia ou produto não deve ser, necessariamente, função da academia ou de institutos de pesquisa. "As universidades, a pesquisa, têm que ir até onde puderem, claro, mas é importante a associação com as empresas para seguir adiante", argumentou, lembrando que, além dos resultados empíricos, há questões intrínsecas ao negócio e à comercialização eventual do produto ou tecnologia. 
 
O modelo de ensino e formação de profissionais também foi criticado pela diretora de Tecnologia da Faperj. "Se a gente quiser resolver nosso gargalo tecnológico, a gente vai ter que atacar, em um momento ou outro, a educação básica", afirmou. "Precisamos tratar diferente os diferentes e não tratar todos iguais, pois as oportunidades são diferentes para uns e para outros", acrescentou.
 
A mesa-redonda Ciência e Inovação integrou a programação da I Feira de Inovação, Ciência e Tecnologias, dentro da Semana Científica Johanna Döbereiner.

Liliane Bello (MTb 01766/GO)
Embrapa Agrobiologia

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