Tecnologia e planejamento são diferenciais de produtividade e rentabilidade em soja
Tecnologia e planejamento são diferenciais de produtividade e rentabilidade em soja
Os produtores de soja que alcançaram rendimento acima da média nacional na safra passada contam o segredo do porquê são exemplos a serem seguidos
Produtividade e rentabilidade de soja acima da média nacional é resultado que leva tempo, dedicação e principalmente o uso planejado e racional de tecnologias sustentáveis. Isso é o que tem de sobra na Fazenda Palmeira, em Ponta Grossa (PR) da família Hilgenberg. Em 2015, o produtor e engenheiro agrônomo Alisson Alceu Hilgenberg, de Ponta Grossa (PR), foi o vencedor nacional da sétima edição do Desafio Nacional de Máxima Produtividade de Soja, premiação promovida pelo Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB) para reconhecer campeões de produtividade. Hilgenberg e o pai, Vilson, produziram na safra 2014/ 2015, 141,79 sacas por hectare na área do concurso, enquanto a média nacional é de aproximadamente 50 sacas por hectare. Outro campeão de produtividade é o produtor e agrônomo, Arthur Exley Edwards, de Ponta Porã (MS) que atingiu na safra passada 127,17 sacas por hectare.
Para o chefe-geral da Embrapa Soja, José Renato Bouças Farias, que recebeu o Prêmio em nome dos Hilgenberb, o que diferencia os campeões de produtividade é que eles são exemplos de planejamento e de adoção de práticas sustentáveis. "Esses produtores estão fazendo bem feito o que precisa ser feito. Eles adotam as tecnologias disponíveis, produzem muito bem e estão focados na rentabilidade do sistema produtivo", ressalta.
A história de sucesso da família Hilgenberg começou em 1979, quando recém-formado no curso de técnico agrícola, Vilson Hilgenberg, decidiu introduzir na fazenda da família um sistema de produção diferente na propriedade: o plantio direto na palha. "Há 32 anos adotamos o plantio direto e a rotação de culturas, o que traz muitos benefícios em todo processo produtivo", diz Alisson Hilgenberg.
O sistema de produção com a utilização de plantio direto na palha se sustenta com a rotação de culturas. Por isso, os Hilgenberg cultivam no verão a soja (por duas safras) intercalando com milho e feijão. No inverno, a opção tem sido o cultivo da aveia preta. "A aveia faz uma boa cobertura do solo, além de auxiliar na estruturação do solo com proteção física, aumento da matéria orgânica e consequente manutenção de umidade e proteção contra o sol", diz. "Além disso, com a rotação de culturas conseguimos trabalhar a descompactação do solo".
Além da adoção continuada do plantio direto na área, Hilgenberg entende que outro marco no histórico produtivo da fazenda começou em 2008, quando ele passou a utilizar a Agricultura de Precisão para refinar o uso de tecnologias. "Percebi que tínhamos picos de produtividade em alguns talhões da propriedade e precisava entender o que estava acontecendo" diz. "A partir do diagnóstico levantado foi possível corrigir os talhões que apresentavam deficiência de fertilidade e restringir a adubação onde não havia necessidade", relata.
Para o agricultor, a utilização da Agricultura de Precisão foi importante para padronizar em níveis elevados e, de forma racional, a produtividade de toda área. "Por isso, vejo que usar tecnologia é sempre vantajoso, porque o custo de utilização se paga", diz. "No caso dos adubos, por exemplo, que é um item caro no custo de produção, ao identificar as áreas deficientes aplicamos precisamente onde há necessidade e evitamos desperdícios em áreas já produtivas", diz.
A escolha de cultivares de soja leva em conta o potencial produtivo e o ciclo de desenvolvimento para permitir escalonamento no cultivo e na colheita. "Geralmente optamos por três cultivares com maturação diferentes para que o desenvolvimento seja gradativo e a colheita não fique toda concentrada em um único período", afirma. Outra prática adotada pelo agricultor é a utilização de tecnologia para aplicação de agrotóxicos. "Sempre buscamos fazer as pulverizações de agrotóxicos com maior eficiência e eficácia para usar os insumos de forma racional".
Entre as tecnologias que compõe o sistema de produção da Fazenda Palmeira estão a utilização de tratamentos das sementes com fungicidas e aplicação de micronutrientes (Cobalto e Molibdênio) e zinco. "A inoculação é feita separadamente, no sulco, para preservar as bactérias", explica.
Os Hilgenbeg também adotam o Manejo Integrado de Pragas, utilizando o monitoramento da área para identificar a presença de pragas e seguir os níveis de ação preconizados pela pesquisa antes de qualquer aplicação de inseticida. "Toda aplicação encarece o custo de produção, por isso, entendemos ser necessário fazer o uso racional dos inseticidas", diz. "Mesmo porque se aplicamos sem necessidade podemos estar selecionando pragas resistentes", explica.
Com relação a doenças, Alisson tem uma estratégia diferenciada porque adota aplicações preventivas. "A ferrugem asiática, por exemplo, é muito agressiva para esperarmos a infecção da área. Por isso, optamos pela prevenção", diz. "Procuro estar atualizado sobre os produtos mais eficientes, por meio dos resultados gerados pela pesquisa, diz
A Embrapa costuma ser fonte de consulta para o produtor quando há dúvidas, necessidade de tomar decisão ou buscar informação precisa e segura. "Buscamos informação sobre inovação na Embrapa, porque sabemos que não há interesse comercial como observamos nas empresas que comercializam produtos", enfatiza.
De acordo com Luiz Nery Ribas, presidente do CESB, a tradição de plantio dos Hilgenberg retrata bem o trabalho realizado por grande parte dos vencedores do Desafio. "Não é de um dia para outro que um produtor consegue alcançar 100 sacas por hectare. Esse é um trabalho que leva anos para se desenvolver", comenta. "São necessárias dedicação e experimentação, mas também precisa haver a convergência de diversos fatores, como as boas condições climáticas, um excelente perfil do solo, o uso de cultivares que preenchem todos os requisitos para alta produtividade e os ajustes finos do sistema de produção."
Fazenda Jaguarundy
A fazenda Jaguarundy, em Ponta Porã (MS), é outro exemplo de sucesso em práticas inovadoras e sustentáveis. Tanto que na sétima edição do Desafio Nacional de Máxima Produtividade de Soja a fazenda ficou em segundo lugar com produção de 127 sacas por hectare.
Aproximadamente 40% da área da fazenda Jaguarundy, utiliza a cultivar convencional BRS 284, desenvolvida pela Embrapa. "Ela tem um potencial produtivo excelente, superior a qualquer transgênica que está no mercado", conta o engenheiro agrônomo e produtor Arthur Exley Edwards.
A escolha de cultivares na fazenda Jaguarundy é realizada com base em critérios técnicos de competividade e dados gerados na própria fazenda. Isso porque antes de optar por qualquer cultivar de soja, Edwards testa em 3 hectares da fazenda o desempenho das cultivares de soja que poderão fazer parte de seu portfólio na safra seguinte. "A BRS 284, por sua alta produtividade, está novamente presente em 480 hectares da fazenda na safra 2015/2016", destaca.
Além da produtividade comprovada, a BRS 284 ainda apresenta vantagens econômicas pela bonificação paga aos grãos convencionais pelo mercado europeu. "Na safra passada recebemos R$ 4 reais a mais por saca de soja da BRS 284", comemora. A escolha das variedades mais produtivas precisa ser respaldada no uso de uma série de tecnologias, conta Edwards. "Usar tecnologia é como um seguro: você investe mais a planta responde", diz.
Na propriedade é realizada rotação de soja e milho no verão, sendo que 53% adota a safrinha de milho e no inverno planta aveia branca, milheto e crotalária.
Com visão sistêmica há seis anos, Edwards conta que resolveu transformar os 2 mil hectares de pastagem da fazenda Jaguarundy em área agricultável. "O que a gente fez primeiro foi construir um bom perfil de solo", diz. "Fizemos investimento em calagem e gessagem, tanto que o solo está homogêneo até a 1 metro de profundidade. E agora fazemos a adubação de manutenção", explica.
Como o solo da propriedade era desuniforme, Edwards fez o mapeamento da área e em cada 100 hectares dividiu em 33 partes de 3 hectares para fazer amostras de solo. Com a utilização de software que lê os resultados das amostras é possível elaborar um mapa com o nível dos nutrientes disponíveis. "Faço a aplicação utilizando taxa variável de aplicação para corrigir os nutrientes que estão faltando".
Edwards destaca que não aplica Nitrogênio em cobertura, mas investe em inoculação da semente de soja com as bactérias Bradirizobium e conoinoculação com Azospirilum. "Fazemos também tratamento de sementes com inseticidas e fungicidas e produtos para enraizamento", destaca.
Outra tecnologia utilizada pelo produtor é o plantio direto na palha, acompanhado de avaliação de compactação. "Se observamos que há resistência acima de 2kpa entramos com escarificação", destaca.
Além disso, a propriedade conta com monitoramento constante. "Utilizamos o pano de batida, por exemplo, para conhecer os níveis de dano das pragas e aplicar inseticidas somente quando necessário", explica. "Também nos preocupamos em racionalizar o uso de fungicidas e herbicidas, por causa do custo de produção, mas também para evitar resistência das pragas".
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