Artigo - A relevância do diagnóstico de gestação em gado de corte
Artigo - A relevância do diagnóstico de gestação em gado de corte
Primeiramente é válido dizer que o diagnóstico de gestação (DG) não é uma prática obrigatória, mas é altamente recomendada. Trata-se de um importante procedimento para orientar o manejo em uma propriedade de gado de corte. A partir dele, é possível obter informações sobre aspectos reprodutivos e produtivos importantes, como índice de prenhez, estimar perdas gestacionais e direcionar descartes. Além disso, de posse dessas informações, é possível identificar possíveis problemas, permitindo atuar diretamente nas causas, melhorando a produtividade da propriedade.
O DG pode ser feito de diferentes formas e em diferentes momentos. Mas é um exame clínico, que avalia aspectos clínicos e reprodutivos e, por isso, deve ser realizado por profissional devidamente habilitado para tal: o médico-veterinário. Para diagnosticar a existência ou não da prenhez, o médico-veterinário avalia todo o trato reprodutivo, analisando outros aspectos clínicos e reprodutivos e não apenas a prenhez.
Em relação aos aspectos práticos de execução, existem duas maneiras de realizar o DG: palpação retal simples ou palpação retal com auxílio de aparelho de ultrassonografia. A palpação retal simples pode ser realizada a partir de 45 dias do acasalamento e permite estimar o tempo de gestação. Já a palpação retal com auxílio de ultrassonografia pode ser realizada 25 dias após o acasalamento e permite, além da estimativa de tempo de gestação, avaliar a viabilidade fetal, bem como realizar a sexagem fetal (ao redor dos 60 dias de gestação).
Caso a vaca não esteja prenhe, realiza-se o exame ginecológico para saber a sua condição reprodutiva, permitindo condutas clínicas com essa matriz. Por permitir uma avaliação mais abrangente tanto da vaca quanto do feto, a ultrassonografia vem ganhando cada vez mais espaço e sendo cada vez mais utilizada pelos médicos-veterinários a campo.
Existem pesquisas em andamento para o desenvolvimento e validação de novas metodologias de diagnóstico de gestação, como a avaliação pelo método doppler dos ovários da vaca, a fim de verificar se o animal está ou não prenhe. Esta é uma metodologia que permitirá o DG mais precocemente ainda, antes dos 25 dias após o acasalamento, pois realiza a avaliação do fluxo sanguíneo presente nos ovários. Entretanto, a técnica exige certa habilidade por parte do médico-veterinário e equipamentos de ultrassonografia com o recurso de doppler adequado, não estando, ainda, em uso rotineiro no campo.
O momento de realização do DG em relação à estação de monta (EM) também deve ser considerado. Em propriedades que trabalham apenas com monta natural (MN) o costume é realizar um DG ao final da EM, com pelo menos 45 dias passados da saída dos touros dos lotes de vaca.
Quando, durante a EM, utiliza-se inseminação artificial em tempo fixo (IATF) é muito comum fazer um DG por rodada de IATF, por volta de 25 a 30 dias após a inseminação. Dessa forma, o especialista tem conhecimento da eficiência do programa reprodutivo durante sua execução na propriedade.
Ao final da EM, costuma-se realizar um outro DG, chamado DG final, após trinta ou quarenta dias do final da EM. Nesse DG final é possível estimar o tempo de gestação de cada animal prenhe e, assim, podem já ser feitos os lotes de vacas por tempo de gestação, já pensando em organizar os lotes de nascimento e facilitar os apartes para organizar os lotes para a EM seguinte.
Ao realizar o DG final é possível avaliar o índice de perdas gestacionais em relação aos DG parciais; isto é, avaliar os diagnósticos de cada rodada de IATF e verificar se há perdas em início de gestação. Além disso, o DG final fornece o índice final de prenhez de toda a EM, permitindo avaliar o programa reprodutivo realizado, bem como organizar os manejos a serem realizados com esses animais – como lote maternidade, descarte, planejamento nutricional e sanitário.
Uma vez que o DG foi realizado e os índices de prenhez e de perdas gestacionais foram calculados, resta apenas saber o histórico de cada matriz para decidir os descartes de forma mais objetiva e clara. Assim, o DG é uma ferramenta extremamente relevante para a tomada de decisão em uma propriedade de gado de corte. E, embora não seja obrigatório, é altamente recomendado. Alessandra Corallo Nicacio (Pesquisadora da Embrapa Gado de Corte)
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