18/03/22 |

Embrapa Agroenergia participa do evento Brasil e o Futuro da Bioeconomia

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O Instituto de Engenharia, sociedade civil sem fins lucrativos que realiza estudos e debates temáticos em áreas estratégicas para o Brasil, promoveu no dia 16/3 o evento on-line "Brasil e o Futuro da Bioeconomia". A Embrapa Agroenergia participou do debate representada pelo pesquisador e chefe-geral Alexandre Alonso, que integrou a mesa de discussão do tema "Energia do Amanhã", junto com o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), Luiz Carlos Corrêa Carvalho. 
 
Ao iniciar o debate, Alonso conceituou o termo “bioeconomia” como um modelo industrial baseado na utilização de recursos renováveis e biológicos, e afirmou que a bioeconomia no Brasil já é uma realidade. A respeito dos objetivos dessa “nova” economia, ele destacou que um deles é promover a transição energética com a substituição de componentes químicos por material de origem renovável. 
 
“Nesse primeiro objetivo, o Brasil já iniciou o processo para se tornar um grande player e tomar a dianteira há décadas, com o programa Proálcool, o que permitiu a estruturação de toda uma indústria desde a parte agrícola até as usinas que tornaram o Brasil um grande produtor de etanol”, disse Alonso. 
 
Mais recentemente, estratégia semelhante foi adotada com o lançamento do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), promovendo a incorporação desse novo combustível ao diesel. Alonso citou ainda os investimentos feitos na cogeração de bioenergia, como por exemplo, a queima do bagaço da cana-de-açúcar, e na produção de biogás e biometano a partir de resíduos. 
 
“Neste momento, em 2022, o Brasil parte de uma condição bastante interessante, diferenciada em relação a outros players, e já iniciou esse processo de transição energética”, enfatizou o pesquisador.
 
Outro ponto destacado por Alonso foi a importância de se reconhecer o papel da agricultura no mercado de energia. “Se o Brasil é hoje um grande player para a produção de etanol, biodiesel, biogás e cogeração, é porque tem uma agricultura pujante que sustenta esses mercados. Além da cana, temos visto um aumento bastante expressivo na produção de milho e outras culturas propícias à produção de biodiesel, como soja, sebo bovino, entre outras”, disse.
 
O futuro é digital
 
Sobre perspectivas para o futuro, Alonso acredita que será cada vez mais digital e “bio,” com a tendência de incorporação e desenvolvimento da bioeconomia. “Eu prevejo um futuro no qual a gente vai promover uma paulatina substituição de combustíveis fósseis por biocombustíveis e para isso, obviamente a gente vai precisar aumentar e muito a oferta de biocombustíveis”, destacou.
 
Nesse futuro “de sonho”, disse Alonso, também será preciso pensar numa diversificação maior dos biocombustíveis, incluindo na matriz os combustíveis de segunda geração, como o etanol 2G, e combustíveis avançados de terceira geração, por exemplo, a partir de algas, além do crescimento das matrizes de biogás e biometano.  
 
Alonso também falou sobre as demandas por combustíveis sustentáveis para a aviação, como o bioquerosene de aviação, devido ao compromisso assumido pelo setor de transporte aéreo de se tornar em alguns anos uma indústria carbono neutro. “Vamos precisar trabalhar na constituição de arranjos produtivos locais para compatibilizar o custo do biocombustível com esse modelo de operação e para isso provavelmente vai ser necessário utilizar biomassas que estão ao redor dos principais hubs de aviação”, afirmou.
 
O representante da Embrapa falou ainda do potencial do hidrogênio verde obtido a partir da utilização do biogás e da eletrificação veicular, para ele compatível com o cenário dos biocombustíveis. “Aproveitando toda a logística e o arranjo instalado da indústria brasileira para combustíveis líquidos, podemos pensar em veículos híbrido/flex que usam etanol ou que possuem tecnologia de células combustíveis”, exemplificou.
 
Para Alonso, os bicombustíveis possuem o componente de sustentabilidade necessário para promover a reciclagem do CO2 e pode ser uma estratégia interessante de descarbonização da matriz energética brasileira. “Esse talvez seja um futuro interessante, com diferentes fontes de combustível, diferentes características para diferentes setores, sendo suportado pela agricultura. E, de novo, a gente parte de um cenário bastante interessante porque a bioeconomia já é uma realidade no Brasil e tem condições de liderar esse processo de transição energética”, concluiu. 
 
Protagonismo brasileiro e a constante busca tecnológica
 
Complementando o debate, o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), Luiz Carlos Corrêa Carvalho, disse que a bioenergia do amanhã, ou do futuro para os players do hemisfério norte já é boa parte da nossa bioenergia hoje no mundo tropical. “O que diferencia o Brasil do restante dos países que estão nessa base tropical do mundo temperado é que fizemos a nossa realidade baseada em ciência voltada para o mundo tropical. Isso coloca o Brasil numa posição diferente da dos demais países tropicais, que buscam tecnologia no Brasil constantemente”, afirmou.
 
Como segundo ponto, o presidente da ABAG ressaltou que, junto à bioeconomia, roda a economia circular todos os impactos decorrentes dela. “O processo de bioenergia é descentralizado no Brasil, de tal forma que se produz bioeletricidade em regiões do ‘miolo’ do Brasil, o que valoriza muito essa eletricidade com perspectivas de atendimento local”, afirmou.“Essa é uma dimensão do que o Brasil já é”, disse. Carvalho também mencionou o avanço da legislação brasileira na área de sustentabilidade e o seu protagonismo na agregação de valor a subprodutos.
 
“A gente produz o etanol de milho em Mato Grosso e, graças ao investimento em logística, conseguimos trazer os subprodutos para várias regiões. O etanol de milho brasileiro tem uma pegada de carbono muito menor que o etanol de milho americano”, destacou. Como visão de futuro, Carvalho destacou que, além da descentralização da oferta e da legislação, a constante busca tecnológica é “o” aspecto do futuro protagonismo do Brasil.
 
 

Irene Santana (MTb 11.354/DF)
Embrapa Agroenergia

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