Em encontro não presencial, Embrapa e Institutos de pesquisa da Europa, Uruguai e Argentina deram início aos trabalhos do projeto “Sinergias em Sistemas Integrados de Produção: melhorando a eficiência de uso de recursos ao mitigar emissões de GEE, por meio de decisões bem-informadas sobre circularidade – SENSE”. Foi realizada, nos dias 16 e 17 de março, a reunião de lançamento do Projeto SENSE, ação multi-institucional e internacional, que se dedicará à inovação dos processos de mitigação da emissão de gases de efeito estufa (GEE) em Sistemas Agrícolas. A ação visa a uma nova solução para o manejo de terras agrícolas, construindo conhecimento por meio da combinação de sensores e análise de dados, baseada em computação de alto desempenho (HPC) e monitoramento em tempo real. Além do Brasil, os países que integram essa pesquisa são: Escócia (Reino Unido), Holanda, Alemanha, Itália, Argentina e Uruguai, incluindo ainda a Nova Zelândia, de onde a Aliança Global para Pesquisas sobre Gases de Efeito Estufa na Agricultura (GRA), apoia os estudos realizados no Brasil e Uruguai. O SENSE deseja melhorar a circularidade dos sistemas, promovendo a reciclagem de nutrientes e redução da entrada de insumos externos pelo aumento de eficiência de uso do solo. Os centros da Embrapa envolvidos no Projeto são: Embrapa Milho e Sorgo, Embrapa Agrossilvipastoril, Embrapa Arroz e Feijão, Embrapa Agrobiologia, Embrapa Agricultura Digital, Embrapa Trigo e Embrapa Cocais. A reunião de lançamento do projeto aconteceu em ambiente on-line, nos dias 16 e 17 de março, das 10h às 13h. Um dos propósitos desse Projeto é integrar as visões de produtores da União Europeia (UE) e América Latina, como forma de contribuir para a construção de legislação Europeia que regulamente questões ligadas à economia verde. Entre os pontos de destaque desse trabalho está o cuidado com à sustentabilidade de sistemas agropecuários. Com as ações conjuntas entre as instituições europeias e sul-americanas, os estudos realizados dentro do SENSE serão base para a divulgação das vantagens ambientais e agronômicas do sistema de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF) no continente europeu e o aperfeiçoamento do sistema no Brasil. A especialização e a separação espacial dos componentes de produção agrícola, pecuária e florestal são forte empecilho à manutenção da diversidade ecológica e da qualidade do solo que são pilares da intensificação sustentável. Sistemas circulares, como a ILPF, oferecem oportunidades para reduzir impactos ambientais negativos e têm sido propostos para aumentar a eficiência do uso de recursos, além de promover adaptação ao aquecimento global e contribuir com mitigação de emissão de GEE e equilíbrio climático regional. Assim, entender melhor os sistemas integrados e promover circularidade mais ajustada contribui para minimizar a pegada ambiental da agricultura. Com os estudos do SENSE, serão simulados cenários contrastantes de fluxos de carbono, nutrientes, água e biomassa, pela aplicação de modelos baseados em processos no sistema solo-planta-atmosfera. Esta análise permitirá antecipar ajustes no manejo em nível de fazenda para redesenhar os sistemas e servirá como ferramenta de tomada de decisão, visando a uma circularidade local mais completa, dentro de sistemas integrados de produção como a ILPF. Segundo a pesquisadora Beata Madari, da Embrapa Arroz e Feijão, coordenadora do grupo brasileiro do projeto, será feita a coleta de dados por meio de uma ferramenta de monitoramento em tempo real, desenvolvida pelo Instituto James Hutton, organização escocesa de pesquisa científica que coordena o projeto SENSE. Os trabalhos serão aplicados com base no Sistema ILPF, bem difundido na América Latina, mas ainda com pouca visibilidade e inserção na agricultura europeia. O SENSE é uma nova etapa dos estudos sobre temas já presentes na pesquisa da Embrapa, como ILP, ILPF, adaptação a mudança do clima e mitigação de GEE, trabalhos conduzidos anteriormente, via Projetos Carbioma, FLUXUS, PECUS, Integra-C e Goiás ABCnet. Entre os interesses dos envolvidos nesse novo momento, destaca-se a ideia de que a sustentabilidade ambiental, econômica e social dos Sistemas Agropecuários será fator regulador do comércio com o Continente europeu. Por isso, para Beata Madari, as ações precisam sempre ter em vista o favorecimento amplo, de todos os envolvidos, e a importância de alcançar um ponto de vista que beneficie ambos os lados. “É uma forma de estender os princípios europeus de sustentabilidade aos países dos quais eles importam alimentos”, complementa Bruno Alves, da Embrapa Agrobiologia, parceiro do projeto. Além dos campos modelo de pesquisa e transferência de tecnologias, nas fazendas experimentais da Embrapa Agrossilvipastoril (Sinop - Mato Grosso), e na Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás), o SENSE será executado na fazenda Trijunção, que tem sua sede na divisa de três estados: Goiás, Minas Gerais e Bahia, sendo nesse último a área principal, nos municípios de Cocos e Jaborandi. A fazenda Trijunção busca servir como modelo socioambiental para o Cerrado, combinando agropecuária, criação comercial de animais silvestres e Turismo Ecológico, com elementos de respeito ao Meio Ambiente, produção sustentável, pesquisas técnico-científicas e Educação. Naquele local, os estudos serão conduzidos pela pesquisadora em fertilidade do solo, Flávia Cristina dos Santos, da Embrapa Milho e Sorgo.