Ministro do Reino Unido comprova resultados dos sistemas de produção integrada
Ministro do Reino Unido comprova resultados dos sistemas de produção integrada
Ranil Jayawardena, ministro de Comércio Internacional do Reino Unido, viu de perto os resultados que a pesquisa científica brasileira tem gerado para a agropecuária. Em visita à Unidade de Referência Tecnológica de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), implantada na Embrapa Cerrados (DF), há 14 anos, o ministro pôde verificar o potencial dessa tecnologia.
Os resultados do Plano ABC, que tem como objetivo transformar a agricultura brasileira em um modelo de produção sustentável, foram apresentadas aos visitantes. Fernanda Sampaio, chefe da Divisão de Clima e Agropecuária Sustentável do Mapa, contou que, na primeira fase, de 2010 a 2020, foram recuperados 30 milhões de hectares de pastagens degradadas e em outros 14,6 milhões foi adotado o plantio direto, tecnologia que protege o solo, evita a erosão e aumenta a produtividade. Além disso, foram plantadas quatro milhões de hectares de florestas nesse mesmo período.
Para a nova fase, agora denominada ABC+, que ocorrerá entre 2020 e 2030, novas metas foram traçadas. Segundo Cleber Soares, secretário adjunto de Inovação, Desenvolvimento e Irrigação do Mapa, trata-se de um ousado plano de descarbonização da agropecuária, que tem como meta introduzir em mais 72 milhões de hectares com tecnologias sustentáveis, o que resultará na mitigação de mais de um milhão de toneladas de carbono equivalente.
Sampaio apresentou o exemplo da Fazenda Santa Brígida (GO), um caso real de transformação do modelo de produção. Em 2006, a propriedade arcava com um prejuízo de US$ 50 por ano por hectare. Com a implantação do ILPF, sob supervisão dos pesquisadores da Embrapa Cerrados, hoje ela é referência para todo o Brasil e passou a registrar um lucro de US$ 1400 por ano por hectare, gerando emprego para 28 pessoas.
Hoje, são mais de 17 milhões de hectares com sistemas de produção integrada no Brasil, a maior parte com lavoura-pecuária – ILP (83%), em condições de produzir de duas a três safras por ano na mesma área, dependendo do arranjo. Em áreas com ILPF, geralmente se produz soja, milho e pastagem, e outras inúmeras combinações, que se adequam a todas as condições climáticas do Brasil, com recomendações válidas para pequenas, médias e grandes propriedades, como informou o pesquisador Roberto Guimarães, que apresentou os principais impactos dessas tecnologias.
Para contextualizar essas informações, Sebastião Pedro, chefe-geral da Embrapa Cerrados, lembrou a grande transformação que ocorreu neste bioma: “Na região, antes era praticada uma pecuária de subsistência. Com a chegada da Embrapa e o desenvolvimento de tecnologias, hoje o Cerrado é referência em agricultura tecnificada e sustentável, capaz de gerar alimentos para o mundo e renda para seus produtores”.
O chefe-geral também enfatizou a importância de mostrar aos representantes do Reino Unido o trabalho de alto nível e de grande relevância em sustentabilidade ambiental e econômica que é feito na Embrapa Cerrados por meio do experimento de longa duração em Integração Lavoura-Pecuária-Floresta. A Embrapa foi representada pelo assessor da Presidência, Kepler Euclides Filho.
Guimarães acrescentou que os sistemas integrados permitem a recuperação de pastagens degradadas e possibilitam o aumento da produtividade e potencial reprodutivo dos bovinos. Essa informação foi recebida com entusiasmo pelo ministro: “Hoje eu aprendi aqui que as vacas sob sombra, recebendo menos radiação solar, produzem mais leite. Claramente vacas felizes são melhores para os produtores e para o mundo”.
Sobre a emissão de gases de efeito estufa, questão importante para o Reino Unido e para Europa, foram apresentados dados de pesquisas do experimento mais antigo no Brasil com ILP, implantado na Embrapa Cerrados há 30 anos. Os dados mostram redução de 56% na emissão de óxido nitroso quando comparados sistemas de produção convencional e integrado.
“Esses números são muito empolgantes e impactantes. Isso faz parte da história do Brasil. E nós, como parceiros do Brasil, também temos a responsabilidade de difundir essa história. Para mim, é uma grande satisfação pessoal porque uma pequena parte é fruto da colaboração entre o Reino Unido e o Brasil, dentro do programa Rural Sustentável”, destacou a embaixadora do Reino Unido no Brasil, Melanie Hopkins.
Sobre os resultados apresentados, o ministro acrescentou: “É muito bom ver que a parceria entre o Reino Unido e o Brasil tem gerado ótimos frutos, saber da importância da inovação para atender o compromisso de redução da emissão de gases de efeito estufa e da capacidade de produzir mais alimentos para as pessoas ao redor do mundo, gerando benefícios para todos, produtores e meio ambiente. Queremos encorajar mais produtores a adotarem esses sistemas”.
Hopkins falou que os planos do Reino Unido é continuar a apoiar projetos com foco em sustentabilidade desenvolvidos no Brasil, principalmente os voltados para rastreabilidade e transparência dos processos de produção dos alimentos, além de buscar novas oportunidades para colaborar com um programa nacional de crescimento verde.
Cleber Soares lembrou que a aproximação com o Reino Unido é estratégica: “O Brasil tem avançado muito na temática da agricultura descarbonizante. Então foi oportuno trazer o ministro Ranil aqui para ver in loco como estamos evoluindo na agricultura sustentável”. Sobre da escolha da área para visita, o secretário fala da importância do mais longo experimento na temática ILPF. “Aqui podemos mostrar para os parceiros do Reino Unido que a agricultura brasileira é suportada por ciência, tecnologia e inovação”, completa.
Juliana Miura (MTb 4563/DF)
Embrapa Cerrados
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