24/03/22 |   Transferência de Tecnologia

Sebrae e Embrapa realizam capacitação em mandiocultura

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Foto: Mauricilia Silva

Mauricilia Silva -

A mandiocultura, atividade produtiva de grande relevância para a agricultura familiar acreana, foi tema de curso realizado pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Acre (Sebrae/AC), em parceria com a Embrapa, nos dias 17 e 18 de março. Esse é o primeiro curso de uma programação que visa fortalecer as Indicações Geográficas para a farinha de mandioca de Cruzeiro do Sul e  açaí de Feijó no Acre. Participaram do evento consultores do Sebrae e técnicos da Secretaria de Estado de Produção e Agronegócio,  Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Acre (Emater/AC) e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/AC). 

 

Fortalecendo as IGs acreanas 

 

Murielly Nóbrega, técnica do Sebrae/AC, explica que o fortalecimento das IGs da mandioca e do açaí requer, também, a formação de multiplicadores que entendam os processos dessas cadeias produtivas no Estado, por isso a capacitação abrange consultores do Sebrae e técnicos de instituições que  desenvolvem atividades nas regiões do Vale do Juruá, Baixo e Alto Acre.

 

De acordo com a técnica, além desse treinamento, estão previstos mais três até dezembro de 2022, por meio da parceria Embrapa/Sebrae. As ações têm o apoio da coordenação do Grupo de Trabalho da Mandiocultura, uma das cadeias prioritárias da Câmara Técnica do Agronegócio do Acre, que faz parte do Fórum Permanente de Desenvolvimento do Estado, e tem o papel de identificar dificuldades e oportunidades, visando o fortalecimento da produção integrada de agricultura e pecuária. 

 

Atividades no campo e laboratório

 

A programação do evento foi realizada no Campo Experimental e Laboratório de Tecnologia de Alimentos e de Bromatologia da Embrapa. Já as palestras, foram ministradas no auditório do Sebrae. O chefe-geral da Unidade, Bruno Pena destacou que é fundamental trabalhar com a figura do multiplicador, pois é uma forma da pesquisa e a extensão caminharem juntas para que o conhecimento chegue até aos  produtores. "Junto com a extensão rural aumentamos nosso raio de atuação e o produtor é o grande beneficiado, porque vai produzir a partir de recomendações técnicas de qualidade", complementa.

 

No Campo Experimental, os técnicos conheceram a coleção de cultivares de mandioca, coletadas em diversas regiões do estado.  "Temos uma espécie de pool genético das variedades  aqui representadas. Avaliamos as características de cada uma, a fim de  recomendar as mais produtivas, com alto teor de amido e maior produtividade por hectare, entre outras características de interesse do produtor", explica o pesquisador da Embrapa,  Amauri Siviero.

 

Sebastião Oliveira, presidente da Cooperfarinha e cooperado da Central Juruá,  durante a visita ao campo, gostou de ver as cultivares que também utiliza em sua propriedade.  "Na região do Juruá existem muitas variedades, os resultados de pesquisas da Embrapa realizadas em parceria com os produtores nos últimos anos confirmaram que as variedades como a Mansibraba, Boa Fé,  Branquinha, Caboquinha, Amarelinha e Seis Meses foram as que mais se destacaram. Ficamos felizes porque a gente já tinha percebido que esses materiais davam uma melhor resposta em nossa região", comenta. 

 

Para ver de perto como ocorre o processo de classificação da farinha de mandioca, a turma visitou o Laboratório de Tecnologia de Alimentos e de Bromatologia. De acordo com a pesquisadora da Embrapa, Virginia Alvares, a  qualidade da farinha de mandioca está relacionada a vários fatores, por isso é importante ficar atento a todas as etapas do processo, e, principalmente, conhecer os aspectos da legislação que dizem respeito à sanidade e parâmetros físico-químicos. No período da tarde, Álvares  ministrou palestras sobre a influência do processo artesanal de produção de farinha de mandioca na classificação final do produto e o histórico do processo de reconhecimento da Indicação Geográfica Cruzeiro do Sul.

 

Os participantes tiveram acesso a publicações diversas, incluindo o Manual de classificação de farinha de mandioca, de autoria da pesquisadora, que traz de forma prática os passos para a classificação da farinha de mandioca e os limites preconizados para o produto pela legislação brasileira vigente.

 

Dando sequência ao curso, na sexta-feira,  no auditório Sebrae, os pesquisadores da Embrapa Acre Falberni de Souza Costa, Murilo Fazolin e a pesquisadora Joana Maria de Souza Leite ministraram, respectivamente, palestras sobre a manejo conservacionista do solo,  principais pragas da mandiocultura e boas práticas de fabricação de farinha de mandioca.

 

Do convencional para o tecnificado

 

Para Eneide Thaumaturgo, técnica da Secretaria de Produção e Agronegócio do Estado do Acre, devido à relevância da mandiocultura no estado, programas do Governo do Estado têm como foco o desenvolvimento e o fortalecimento da cadeia da mandioca, e incentivam o uso de tecnologias para a melhoria da produtividade no campo e melhores condições de processamento na fabricação de farinha e de goma", explica. 

 

A técnica ressalta que, desde 2018,  a cultura passa por um processo de transição do plantio convencional para um cultivo mais tecnificado. Com recurso financeiro do Banco Mundial, por meio do Programa de Saneamento Integrado e Inclusão Socioambiental do Acre (Proser), foram distribuídos, no Acre, 32 kits de casas de farinha semi automatizadas. "Com o processo mecanizado há uma redução do tempo de processamento das raízes e  aumento da capacidade de produção das casas de farinha,  além de permitir que  um número maior de produtores utilizem o mesmo local para processar sua produção. O uso de novas tecnologias será  fundamental para aumentar a produção e  atender a demanda", explica.

 

 

Mauricilia Silva (MTb 429/AC)
Embrapa Acre

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