Embrapa testa novas cultivares de arroz irrigado para Roraima
Embrapa testa novas cultivares de arroz irrigado para Roraima
A Embrapa Roraima vem conduzindo pesquisas com novas linhagens de arroz irrigado no campo experimental da várzea. Os experimentos de campo com a cultura do arroz irrigado para Roraima abrangem desde a fase mais inicial do processo de seleção de cultivares até a fase final com Ensaios de Valor de Cultivo e Uso (VCUs), que são necessários para o registro e proteção da cultivar junto ao Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
O trabalho de pesquisa é desenvolvido em rede de ensaios em todo o país pela Embrapa, por meio do Projeto MelhorArroz. O objetivo do projeto é realizar uma programação de pesquisa com testes de novas linhagens para geração/recomendação de novas cultivares.
Em média, são avaliadas cerca de 300 novas linhagens a cada ano com o objetivo de se obter maiores produtividades (10.000 kg/ha ou mais), melhor qualidade de grãos para a indústria e para os consumidores (tipo Premium), além de resistência às principais doenças. Paralelamente, as melhores cultivares lançadas são, em parte, também utilizadas para incorporação da característica de tolerância à herbicidas para uso principalmente em áreas já infestadas por plantas daninhas, em especial o arroz vermelho e capim arroz.
Nesta pesquisa já foram e estão sendo obtidas novas cultivares que poderão ser utilizadas nos sistemas de produção de arroz irrigado em Roraima. A cultivar BRS Pampeira, já está em uso por produtores de Roraima, mas existem outras como as BRS Catiana, BRS A 704, e BRS A 702 CL e BRS A 706 CL, ambas com tolerância a herbicida, que poderão também vir a ser utilizadas.
De acordo com o pesquisador Antônio Carlos Centeno Cordeiro, coordenador da pesquisa e que trabalha com melhoramento genético na cultura do arroz, a Embrapa já recomendou para uso a BRS Pampeira.
Para Edvan Alves Chagas, chefe-geral da Embrapa Roraima, viabilizar soluções de pesquisa, desenvolvimento e Inovação para a sustentabilidade da agricultura no estado de Roraima é a missão da Unidade e, nos últimos 30 anos já foram disponibilizadas mais de 25 cultivares de arroz adaptados ao plantio irrigado e em condições de sequeiro, viabilizando lavouras com produtividades acima de 10 t/ha.
Produção
Em Roraima, a área colhida em 2019/2020 foi de 10.310 hectares, com produção de 71.054 toneladas de arroz em casca e produtividade média de 6.892 kg.ha1, sendo o município de Bonfim o maior produtor. Em termos de valor da produção, o arroz é o segundo grão mais importante de Roraima, com R$ 120.620.000, atrás apenas da Soja (IBGE, 2020). Da produção obtida, 80% é exportada para a Venezuela e para o Estado do Amazonas, sendo o restante (20%) para abastecimento do mercado local.
Plantio
De acordo com o calendário agrícola do estado, as lavouras são conduzidas duas vezes ao ano, sendo que cerca de 80% é no período seco (outubro a março) em áreas de várzeas, onde é utilizada irrigação por inundação com lâmina contínua.
No período chuvoso (abril a setembro) é realizada uma segunda safra, que representa cerca de 20% do total cultivado no ano, em algumas áreas de várzeas que não inundam, mas mantém os solos saturados por precipitação pluvial.
Sistema de produção
O sistema de produção típico é totalmente mecanizado e desenvolvido por produtores que cultivam em média 400 a 600 hectares/ano, sendo as maiores lavouras com áreas acima de 1.000 a 2.000 hectares/ano. As cultivares mais utilizadas são IRGA 424 RI, do Instituto Rio-grandense do Arroz (60%), e BRS Pampeira (40%), cultivar recentemente recomendada pela Embrapa Roraima.
Das duas, a BRS Pampeira é a mais produtiva, alcançando produtividades acima de 8.000 kg/ha, além de apresentar maior rendimento de grãos inteiros e boa qualidade industrial de grãos. Quando cultivada no período chuvoso, principalmente, mostra-se mais resistente à doenças (mancha parda e brusone) que a IRGA 421 RI.
Os principais problemas técnicos identificados são o arroz vermelho e outras plantas daninhas de folha estreita (capim arroz) e ciperáceas, que já vem apresentando resistência a alguns herbicidas convencionais utilizados, e a ocorrência de cigarrinhas (sogatoda).
Outros problemas como custo de produção (fertilizantes e óleo diesel usado nas bombas de irrigação) também são considerados relevantes, necessitando cada vez mais do lançamento de cultivares mais produtivas e também tolerantes à herbicidas. Vale ressaltar que sementes dessas cultivares estão sendo produzidas por produtores licenciados, cujas empresas estão no Estado do Tocantins e no Rio Grande do Sul.
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