29/03/22 |   Agricultura familiar  Agroecologia e produção orgânica

Reunião marca retomada de atividades presenciais em agroecologia da Embrapa Pantanal e parceiros

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Foto: Raquel Brunelli d´Avila

Raquel Brunelli d´Avila - Reunião ocorreu no assentamento 72

Reunião ocorreu no assentamento 72

A última quinta-feira, dia 24/03, marcou a retomada de reuniões e atividades envolvendo os parceiros da Embrapa Pantanal, do Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica do Pantanal (NEAP), liderado pela UFMS-Campus Pantanal e os Agricultores do Grupo Bem-estar, do Assentamento 72, localizado em Ladário MS. Na ocasião foi realizada uma avaliação das consequências da pandemia de Covid-19 no assentamento, em especial o sistema de venda por meio de Sacolões Agroecológicos, realizados durante os últimos 2 anos além de  iniciado o planejamento da retomada das ações presenciais para este ano.

O pesquisador da Embrapa Pantanal Alberto Feiden, responsável por conduzir as pesquisas, liderou a reunião e apresentou os dois novos projetos de pesquisa que estão sendo propostos para trabalho em conjunto com o grupo:   “Apoio à expansão da produção agroecológica e da certificação orgânica de agricultores familiares na fronteira Brasil-Bolívia” da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul – Campus Pantanal, liderado pelo prof. Edgar aparecido da Costa; e  “Desenvolvimento de sistema web para subsidiar a certificação orgânica participativa e a avaliação de sustentabilidade do sistema de produção agroecológico”, da Embrapa Pantanal, em parceria com a UFMS/CPAN e APOMS .

“Nos últimos 2 anos além da organização dos sacolões agroecológicos, nossa equipe seguiu orientando os agricultores, dentro do permitido devido ao distanciamento imposto pela pandemia, seja virtualmente ou em alguns casos presencialmente, seguindo as recomendações sanitárias. Nesta reunião procuramos realinhar os trabalhos que vinham sendo feitos pré-pandemia, e discutir a continuidade de distribuição de sacolões bem como retomada das feiras e do projeto de transição da Agroecologia para certificação orgânica”, explicou Alberto.

Manejo dos animais

Entre as novidades para estes projetos está a participação da pesquisadora da Embrapa Adriana Araújo, que apresentou aos agricultores a proposta de realização de um trabalho junto as aves das propriedades. A zootecnista explica que os animais são uma importante fonte de renda dentro de uma área produtiva, e se manejados da forma correta podem aumentar os lucros significantemente, com pequenos ajustes que não necessitam de grandes investimentos. “Observamos que a galinha é a espécie predominante nos sistemas de produção familiares, e para que essa criação realizada em quintal agroecológico seja bem-sucedida é preciso que seja entendido seu funcionamento, desenhado essa sistemática, sempre respeitando o protagonismo do produtor e buscando melhorias na produtividade, com redução de impactos na poluição de solo e água.”, detalhou a pesquisadora.

Sacolão Agroecológico

Em março de 2020, por conta da pandemia da Covid-19 e o consequente fechamento das feiras institucionais, das feiras livres e a suspensão do PNAE, a equipe do NEAP junto com os agricultores instituíram um programa denominado “Sacolões Agroecológicos Solidários”, com a entrega de um kit de produtos (sacolão) a domicílio, a partir de pedidos feitos por meio de aplicativo de comunicação por celular.

O pico do número de entregas ocorreu em julho/2020, com a entrega de 60 sacolões por semana. As entregas foram diminuindo em seguida, em função das dificuldades de produção relacionadas à seca extrema sofrida em 2020 e pela reabertura das feiras livres em novembro. A equipe do projeto cadastrou 138 consumidores, dos quais 71 para entregas semanais, 60 para quinzenais e 7 para entregas mensais. A equipe coordenou os cadastros de consumidores, divulgou as ofertas e coordenou as entregas. O programa foi suspenso em dezembro de 2020, depois de chuvas torrenciais que prejudicaram a produção. Mas ele foi retomado em março de 2021, e seguiu sob a coordenação feita pelos agricultores de maneira  independente até maio, quando se conseguiu uma bolsista por um projeto de extensão da UFMS, que auxiliou na coordenação. Novamente os trabalhos foram suspensos em início de dezembro, e agora serão retomados sob coordenação do próprio grupo.

Alberto explica que esses produtores tiveram uma forte queda nos seus rendimentos com a pandemia. A venda virtual dos sacolões amenizou a situação atual, mas não foi suficiente para manter a renda que obtinham anteriormente com as feiras e com as políticas públicas. Porém, essa experiência pode vir a ser um novo canal de comercialização no período pós-pandemia.

Grupo Bem Estar

Grupo informal de produtores em transição agroecológica Bem-Estar é constituído por sete famílias que residem no assentamento 72, localizado no município de Ladário. O Grupo foi criado informalmente em 2015,  como resultado de um trabalho em conjunto com a Embrapa Pantanal e UFMS de introdução de tecnologias agroecológicas, planejamento, organização da produção e organização social desses agricultores iniciado em 2011. A partir de 2013 que passaram comercializar seus produtos nas feiras livres e a partir da constituição do grupo estão iniciaram a preparação para o para venda dos produtos como produtos orgânicos de venda direta sob controle social. Em 2016 iniciaram a venda em feiras agroecológicas realizadas semanalmente nas três instituições parceiras do NEAP (UFMS, IFMS e Embrapa).

Com a pandemia, os trabalhos do processo de produção agroecológica para o de certificação orgânica foram interrompidos e terão que ser recomeçados agora. “Os próximos desafios do grupo será vencer os obstáculos que uma certificação orgânica exige, principalmente por se tratar de um sistema idealizado para uma produção de monocultura, o que não se aplica aos agricultores do grupo. Não é um processo rápido e simples, mas estamos buscando novas parcerias que venham a somar no processo, a fim de capacitar e orientar o grupo de forma que esta transição ocorra de acordo com as demandas e necessidades de cada família atendida”, concluiu Feiden.

Raquel Brunelli D´avila (DRT/MS 113)
Embrapa Pantanal

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