Encontro discute a implantação em São Paulo do corredor tecnológico para inovação na agricultura
Encontro discute a implantação em São Paulo do corredor tecnológico para inovação na agricultura
Live foi promovida pelo deputado federal Arnaldo Jardim e contou com a presença do diretor-executivo da Embrapa, Tiago Toledo Ferreira
Representantes da Embrapa, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, além de startups do setor, reuniram-se no dia 28 de março para discutir a implantação do AgroHub de Inovação Paulista, proposta baseada no conceito de corredor tecnológico que visa fortalecer o ecossistema de inovação agropecuária, integrando as regiões de Jaguariúna, Campinas, Piracicaba, São Carlos e Ribeirão Preto.
A ideia é conectar hubs tecnológicos e ambientes de inovação já existentes e os diferentes atores do ecossistema para compartilhar recursos, conhecimento e competências presentes nestes territórios e impulsionar a inovação aberta e o empreendedorismo, além de aumentar a relevância desta região no cenário global.
A live, transmitida na internet, foi promovida pelo deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania/SP) e contou com a presença de Cleber Oliveira Soares, secretário-adjunto de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e de Tiago Toledo Ferreira, diretor-executivo de Gestão Institucional da Embrapa.
O parlamentar participou da idealização do corredor de inovação tecnológica, há três anos, junto com as equipes das unidades da Embrapa no estado, quando o foco da iniciativa foi direcionado para o avanço da transformação digital no campo. O deputado falou sobre a condição favorável de São Paulo, que tem nessas diferentes regiões abrangidas pelo corredor polos de ciência e tecnologia com a presença de importantes institutos de pesquisa, uma grande concentração de startups e que se destacam pela relevância do setor produtivo.
“É com base nisso que se criou o conceito de um corredor, que integrasse geograficamente essas unidades e regiões do estado”, afirmou. De acordo com o deputado, hoje este conceito de trabalho em rede está extremamente sofisticado e vai permitir que outros polos de formação, como faculdades de tecnologia, escolas técnicas agrícolas, universidades, em diferentes regiões e polos do estado, possam ser agregadas, além das unidades descentralizadas da APTA.
Cleber Oliveira Soares, do Mapa, ressaltou que a iniciativa está alinhada com os principais eixos para inovação do ministério, que estão relacionados à sustentabilidade, bioeconomia, agricultura digital e inovação aberta. “A inovação aberta é vital para agregarmos e capturarmos valor sobre o agronegócio do Brasil, mas para isso precisamos cristalizar nossas iniciativas por meio de ferramental”, afirmou.
Diagnóstico
Para apoiar o projeto do corredor agrotecnológico, o ministério e a Embrapa, junto com a Wylinka, elaboraram um estudo com o diagnóstico preliminar do ecossistema de inovação agropecuária da região, cobrindo um território de 250 quilômetros onde estão instaladas universidades, instituições de pesquisa públicas e privadas, aceleradoras e startups.
De acordo com o levantamento, são mais de 3 milhões de pessoas, cerca de 1 mil novos profissionais de ciências agrárias formados anualmente na região, 112 instituições de ciência e tecnologia, 52 ambientes de inovação, 5 Unidades de Pesquisa da Embrapa e 168 startups, mapeadas pelo Radar AgTech 2021.
Tiago Toledo Ferreira, diretor-executivo, representou o presidente da Embrapa no evento e destacou a capacidade de mobilização dos diversos setores representados na articulação da proposta do corredor, incluindo a contribuição das cinco Unidades de Pesquisa localizadas no estado de São Paulo. “Esta é uma iniciativa que demonstra algo que está no DNA da Embrapa, uma empresa para prover soluções por meio de P&D para a agricultura e em benefício de toda a sociedade brasileira. Temos uma forte convicção e, mais do que isso, um engajamento nessa iniciativa”, concluiu.
A live contou ainda com a presença dos chefes-gerais da Embrapa Agricultura Digital (Campinas/SP), Stanley Oliveira; Embrapa Instrumentação (São Carlos/SP), José Manoel Marconcini; Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna/SP), Marcelo Morandi; Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos/SP), Alexandre Berndt; e Embrapa Territorial (Campinas/SP), Gustavo Spadotti.
Investimento em infraestrutura contribui para implantação do AgroHub
Um primeiro passo em direção à implantação do AgroHub já foi dado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento em conjunto com a Embrapa e a APTA, que discutem o estabelecimento de um acordo de cooperação para elaboração do plano de implementação. Para Orlando Melo de Castro, subsecretário de Agricultura, é preciso aproveitar toda a expertise presente no corredor e transformá-la num bem de interesse comum para formação de recursos humanos e para incrementar o movimento de startups e empreendedores, agregando também os centros de pesquisa de empresas privadas de maneira que possa ter uma sinergia entre os diferentes atores do ecossistema para alavancar conhecimento e tecnologia e transformar em inovação.
Como forma de fortalecer as bases do hub de inovação, em 2020 foram viabilizados recursos no valor de R$ 19,5 milhões por meio de Emenda Parlamentar da Bancada de São Paulo em Brasília, destinados às cinco Unidades da Embrapa localizadas no estado.
Stanley Oliveira, da Embrapa Agricultura Digital, citou os investimentos já realizados na infraestrutura computacional das Unidades, como a ampliação do data center científico do centro de pesquisa, aumentando a capacidade de processamento de dados de alto desempenho para projetos da Embrapa e instituições parceiras, além da estruturação de um espaço de coworking.
Na Embrapa Instrumentação (São Carlos/SP), o investimento possibilitou a modernização de equipamentos e soluções de tecnologia da informação (TI), a aquisição de dispositivos de segurança patrimonial e veículo, investimentos em maquinários, implementos e infraestrutura predial, laboratórios e campo experimental.
Na Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos/SP), o recurso foi aplicado na estrutura que incorpora os conceitos de internet das coisas (IoT), conectividade e Big Data, como drones, automatização da coleta de solo, ultrassom para prenhez de vacas, sensores e antenas para ILPF, ordenha robotizada e equipamentos de TI, além de instalação de usina fotovoltaica.
Na Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna/SP), foi possível atualizar a infraestrutura de pesquisa com a aquisição de equipamentos de laboratório de alta precisão para análises voltadas às questões ambientais que envolvem solo, água, pesticidas, microrganismos e emissões de gases de efeito estufa, além da aquisição de veículos e equipamentos de TI. E na Embrapa Territorial (Campinas/SP), o recurso foi investido em novos servidores para atender à Infraestrutura de Dados Espaciais da Embrapa.
Em 2022, cerca de R$ 3 milhões também foram aprovados e vão beneficiar iniciativas em transformação digital e sustentabilidade na agricultura. Os investimentos darão suporte às pesquisas da Embrapa e das instituições parceiras do hub. “Nós estamos respirando inovação no estado de São Paulo, uma agricultura pujante, movida a ciência, fortalecendo iniciativas convergentes para que este ecossistema se torne um modelo para outras regiões do Brasil”, enfatizou Oliveira.
Silvia Massruhá, pesquisadora da Embrapa Agricultura Digital que atuou na articulação do corredor agrotecnológico, explicou que o próximo passo será trabalhar para a adesão de novos parceiros do ecossistema de inovação, como universidades, investidores, aceleradoras, empresas e startups.
A expectativa é apresentar a proposta de implantação no final de abril, dentro da programação da feira Agrishow, em Ribeirão Preto (SP). “O estudo que fizemos mostra que, se trabalharmos de forma assertiva, esse corredor tecnológico tem potencial para se tornar o quinto em agricultura no mundo e o primeiro em agricultura tropical”, ressaltou.
Startups
O debate em torno do AgroHub de Inovação Paulista contou também com a participação das startups IZAgro e Agrorobótica, que trouxeram a visão do empreendedor e a expectativa com a consolidação do corredor tecnológico. Murilo Bettarello, CEO da IZAgro, empresa criada para levar informação ao produtor rural por meio de tecnologias digitais, falou da experiência no desenvolvimento da startup e as oportunidades de conexão com outros hubs, instituições de pesquisa e programas de aceleração, como o TechStart Agro Digital, promovido pela Embrapa Agricultura Digital e a Venture Hub.
Para ele, a proposta de corredor tecnológico foi muito acertada, pois muitas vezes há uma fragmentação entre diferentes regiões e a proposta pretende aproximar todos os hubs do estado. Para ele, o produtor rural é a chave para a inovação e outro desafio grande está em envolver mais a classe produtiva e conectá-la com as startups.
A Agrorobótica é parceira da Embrapa Instrumentação no desenvolvimento do AGLIBS, uma solução digital baseada em fotônica e inteligência artificial aplicada na digitalização e análise de solo, de maneira rápida e econômica, capaz de atuar no mercado de crédito de carbono na agricultura.A startup foi fundada em 2015 a partir da aproximação com a Embrapa e hoje oferece a tecnologia a cooperativas e associações agrícolas.
A partir da sua experiência, Fábio de Angelis, CEO da empresa, vê a iniciativa do AgroHub como muito positiva. “O corredor tecnológico vem para atrair empreendedores, unir o conhecimento dos agricultores, o conhecimento dos centros de inovação, integrar tudo isso e trazer uma solução que gere valor para o mercado”, ressaltou.
Graziella Galinari (MTb 3863/PR)
Embrapa Agricultura Digital
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