Embrapa e parceiros apresentam na Anufood tecnologias disponíveis para o mercado de alimentos
Embrapa e parceiros apresentam na Anufood tecnologias disponíveis para o mercado de alimentos
No período de 12 a 14 de abril, durante a 3ª edição da feira internacional Anufood Brazil 2022 – realizada no São Paulo Expo -, 11 Unidades da Embrapa tiveram a oportunidade de interagir com representantes de empresas de pequeno a grande porte, inclusive estrangeiras, do setor de alimentos e bebidas, onde apresentaram um conjunto de 24 ativos disponíveis para parceria e, junto com parceiros, 8 tecnologias que já estão inseridas no mercado.
Para o presidente da Embrapa, Celso Moretti, que participou da solenidade de abertura da feira e do congresso promovido pela FGV Agro, “a Embrapa não podia deixar de estar presente neste que é um dos maiores eventos de alimentos e bebidas do Brasil, um país que se destaca pela capacidade de produzir alimentos processados e exportar para mais de 10 países. Isso reforça a importância de estarmos, junto com diversos parceiros, trazendo para nosso estande tecnologias e inovações que contribuem para a sustentabilidade dessa importante cadeia de alimentos e bebidas”, destacou Moretti.
Oito empresas parceiras da Embrapa participaram do estande institucional na Anufood para apresentar como os resultados da pesquisa agropecuária podem estar presentes na gôndola de supermercados ou na indústria. “Nosso propósito aqui na feira, junto com nossos parceiros, foi mostrar para a sociedade os resultados da pesquisa e da inovação para o agro, ou seja, a capacidade da ciência de estar contribuindo permanentemente com inovações sejam elas disruptivas ou de apoio a políticas públicas”, ressaltou André Dutra, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro, RJ).
As Unidades que participaram do estande da Embrapa na Anufood Brazil 2022 foram: Embrapa Acre (Rio Branco, AC), Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro, RJ), Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza, CE), Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás, GO), Embrapa Cerrados (Brasília, DF), Embrapa Hortaliças (Brasília, DF), Embrapa Instrumentação (São Carlos, SP), Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), Embrapa Meio-Norte (Teresina, PI), Embrapa Pecuária Sul (Bagé, RS) e Embrapa Uva e Vinho (Bento Gonçalves, RS).
Novo conceito de estande
De acordo com Junior Silveira, gerente executivo da Cooperativa Agrícola de Petrolina (COOPA), entidade que reúne 22 produtores responsáveis pela produção e venda de uvas de mesa para o Brasil e exterior, "a participação da cooperativa no estande da Embrapa foi uma grata surpresa e superou nossas expectativas em relação a público e, principalmente, permitiu a prospecção de diversos negócios”, comemora Silveira.
O empresário Fernando Fernandes, proprietário do supermercado Fernandes, de Paty de Alferes (RJ), também gostou da proposta do estande da Embrapa na Anufood Brazil 2022. “A Embrapa é uma empresa que a gente sempre ouve falar de forma positiva, devido aos resultados de sua pesquisa. Vim ao estande para conhecer melhor as novidades e me surpreendi ao ter, além de explicações sobre as tecnologias apresentadas, a oportunidade de ver, pegar, sentir o aroma e degustar, por exemplo, a uva BRS Vitória, além de fazer contato com quem pode fornecer o produto embalado e licenciado pela Embrapa para meu negócio”, declarou Fernandes.
Tecnologias apresentadas
As uvas BRS Vitória e BRS Lorena – cultivares desenvolvidas pelo Programa de Melhoramento Genético Uvas do Brasil da Embrapa, respectivamente para mesa e para elaboração de vinhos, contaram com as participações dos parceiros Cooperativa Agrícola de Petrolina (COOPA) e Vinícola Góes (São Roque -SP) que comercializa produtos elaborados com a BRS Lorena, tanto em garrafas como em lata, entre eles o Vinho Licoroso - Edição Especial Gumercindo de Góes 2011.
A Amazonika Mundi, startup que usa tecnologia e insumos nacionais para criar alimentos à base de plantas capazes de substituir proteínas animais, também participou do estande da Embrapa, e lançou a Kafta vegetal, resultado de um projeto de inovação aberta entre a Embrapa e a foodtech.
A kafta plant-based, que tem como ingrediente a fibra de caju tratada e apresenta características neutras de sabor e odor, fez sucesso entre os visitantes do estande Embrapa, principalmente entre aqueles que tiveram a oportunidade de experimentar pela primeira vez produtos com características análogas à de origem animal. A estudante de gastronomia, Camila Carneiro, disse ter se surpreendido com o produto, “achei muito saborosa e até mais leve que a carne de origem animal, além de ter ótima textura”, declarou a estudante paulista.
Participaram com a Embrapa na feira a Agrocinco, licenciada que comercializa sementes de hortaliças, alho e maracujá e a Fine Instrument Technology (FIT), responsável pelo codesenvolvimento do equipamento de ressonância magnética nuclear SpecFIT HR100, usado para análises de alimentos processados ou in natura.
Também fizeram parte do estande institucional a startup 100% Livre, parceira em processo de validação do sistema de produção vertical de hortaliças folhosas (fazenda vertical); a Associação Brasileira de Estudo das Abelhas (A.B.E.L.H.A), parceira que promove os sistemas agropecuários para boas práticas de manejo de colônias de abelhas sem ferrão (ASF), e a Staw Agricultura que usa a tecnologia da Embrapa para produzir morango in natura, congelado, liofilizado, desidratado, em passa e o licor.
A Staw Agricultura é a primeira propriedade no estado do Paraná a obter o Selo Brasil Certificado do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) na Produção Integrada de Morango (PIMo). “Graças aos protocolos criados pela Embrapa, para a obtenção do selo, nosso produto final não só tem melhor qualidade, como também maior valor agregado. E a feira possibilitou um bom retorno de negócios, a partir de vários contatos que aconteceram aqui no estande”, destacou a proprietária Ingrid Souza.
Ativos para parceria
Além de tecnologias já inseridas no mercado, a Embrapa também levou para a Anufood um conjunto de 24 ativos disponíveis para parceria com o setor produtivo, dentre os quais: processos para a obtenção de farinhas e snacks sem glúten de feijão-caupi, espessantes à base da casca de maracujá azedo, bebida energética como o néctar misto de açaí, xarope concentrado de yacon, snack probiótico com sabor banana, corantes naturais à base de casca da jabuticaba, óleo de amêndoas de castanha-de-caju, além de variedades de batatas-doces de polpa roxa e alaranjada e de arroz com cor e sabor diferenciados para o mercado gastronômico, além de pulses (grão-de-bico, ervilha, lentilha) para o segmento plant-based.
Palestras e painéis
A Embrapa também participou, nesta 3ª edição da Anufood Brazil, de palestras técnicas no espaço da comunidade #Food e no congresso da FGV Agro, e promoveu painéis para debater temas sobre ‘Decarbonização como agregação de valor à pecuária’ e ‘Desafios e oportunidades para o setor de alimentos e bebidas’.
Durante o congresso da FGV Agro, no dia 12, O presidente da Embrapa, Celso Moretti, que participou do painel sobre o tema "economia pós COP26: Green deal europeu, taxa de carbono na fronteira e os novos arranjos geopolíticos em torno do clima", ressaltou que o Brasil possui um sistema de produção agropecuário que alimenta quase 800 milhões de pessoas no mundo, e que dois terços do território nacional são dedicados à preservação e à proteção do meio ambiente, e defendeu a necessidade do País comunicar melhor no exterior o trabalho realizado na busca por sustentabilidade nos seus sistemas agropecuários.
O diretor de Pesquisa e Desenvolvimento, Guy Capdeville, também participou do congresso da FGV Agro como debatedor no painel ‘A Bioeconomia aplicada à transformação da indústria de alimentos’, quando citou contribuições recentes da pesquisa da Embrapa para a bioeconomia, a exemplo dos ativos já disponíveis e que podem ser usados na indústria, como o corante natural desenvolvido pela Embrapa Agroindústria Tropical (CE), a partir da casca da pitaia, que produz cor intensa que permite diversos nuances de vermelho, violeta e rosa, de interesse para as indústrias alimentícias e de cosméticos.
O painel sobre ‘Desafios e oportunidades para o setor de alimentos e bebidas’, realizado no dia 13, foi coordenado pela Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro, RJ) e reuniu representantes da Associação Brasileira de Alimentos (ABIA), da Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes (ABIS), da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães e Bolos Industrializados (ABIMAPI), da Associação Brasileira de Nozes, Castanhas e Frutas Secas (ABNC) e da Associação Brasileira de Veganismo que apontaram oportunidades para a pesquisa agropecuária e possíveis soluções que podem ser viabilizadas por intermédio de projetos de inovação aberta com as empresas desses setores.
Descarbonização na pecuária
A ‘Decarbonização como agregação de valor à pecuária’ foi tema da segunda edição do painel Arena Embrapa de Inovação, realizado no dia 14, no auditório principal da Anufood. O evento mediado pelo pesquisador Marcelo Morandi, chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente (Jaguaríuna, SP), reuniu pesquisadores da Embrapa e representantes de empresas parceiras, como Marfrig, Nestlé e Minerva Foods.
Os pesquisadores Celso Manzatto da Embrapa Meio Ambiente e Taciano Custódio Diretor de Sustentabilidade da Minerva Foods abordaram, respectivamente, as oportunidades do Plano ABC+ para a decarbonização da pecuária e o desenvolvimento da ferramenta de cálculo GHG Protocol Agrícola, usada para a caracterização da emissão de gases de efeito estufa (GEE) nas propriedades, bem como de um Protocolo MRV Agro para o País com critérios para o monitoramento dos estoques de carbono no solo ao longo do tempo, para o relato pelas instituições de fomento sobre as emissões decorrentes de suas iniciativas de mitigação e para a verificação da precisão e da confiabilidade das informações relatadas.
Manzatto destacou que a disponibilidade de dados institucionais é um dos grandes desafios para o avanço desse trabalho. O diretor de Sustentabilidade da Minerva Foods, Taciano Custódio, acredita que a pecuária de corte, embora grande emissora de GEEs, pode potencializar a mitigação de emissões e gerar mais benefícios ecossistêmicos e a diminuição da pressão por desmatamento. Segundo ele, isso se dará por meio da recuperação de pastagens e da adoção de sistemas integrados, com a incorporação de tecnologias com viés de sustentabilidade produtiva.
André Novo, analista da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP) e Barbara Sollero, gerente de Milksourcing da Nestlé ressaltaram o estabelecimento de diretrizes para a produção de leite de baixo carbono e que envolve um conjunto de ações conjuntas que resultaram em protocolos para quatro mesorregiões, base de dados sobre as emissões e ações de capacitação com produtores da cadeia produtiva do leite. Barbara defende que “quanto mais tecnologia empregada, mais sustentabilidade é gerada no processo produtivo”. Ela destacou que as parcerias com a Embrapa criam história temporal, como acontece na execução do projeto de leite de baixo carbono.
O coordenador da plataforma Pecuária de Baixa Emissão de Carbono, o pesquisador Roberto Giolo de Almeida, da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS), resgatou os estudos iniciados desde 2012 pela Embrapa e o lançamento da marca-conceito Carne Carbono Neutro (CCN), parametrizável e auditável por meio de protocolo para o processo de certificação, e Paulo Pianez, Diretor de Sustentabilidade e Comunicação Corporativa para a América do Sul Marfrig Global Foods, destacou que esses protocolos têm como foco o produto final e o consumidor, cada vez mais exigente, mas que ainda é necessário um forte trabalho para a maior valorização de toda a cadeia da carne no Brasil.
De acordo com Paulo Pianez, o Brasil possui soluções tecnológicas desenvolvidas e amplamente disponíveis. Contudo, para o desafio da descarbonização na produção agropecuária brasileira há necessidade de um aspecto fundamental - a criação de Políticas Públicas de suporte ao produtor na implantação de sistemas de rastreabilidade da produção, explicitando e conciliando as questões produtivas com conservação e manutenção dos biomas. “Esse é um discurso muito forte na Europa atualmente e deve se intensificar, em breve, no mesmo grau de preocupação na América do Norte e na China”, previu Pianez. O diretor da Marfrig Global Foods reforçou que para o sucesso desse primeiro propósito é preciso o desenvolvimento de mecanismos financeiros, “não é justo exigirmos isso somente dos produtores. É preciso haver mecanismos que os capacite a obter rentabilidade ao produzir de modo sustentável, com apoio antes e durante o processo de intensificação da produção, da adoção de sistemas integrados, na busca de maior eficiência produtiva”, completou.
Selma Lúcia Lira Beltrão (JP DRT 2490/DF)
Secretaria de Inovação e Negócios (SIN)
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