Uma técnica utilizada para facilitar a inseminação artificial em caprinos e em ovinos será utilizada para impulsionar programas de melhoramento genético que chegarão a rebanhos de cinco estados nordestinos. A inseminação artificial transcervical reduz o estresse dos animais inseminados, otimiza o trabalho dos manejadores e favorece a possibilidade de fertilização das cabras e das ovelhas, além de possibilitar a disseminação, para outros rebanhos, de material genético de reprodutores selecionados. Para iniciar estes trabalhos, 45 pessoas, entre produtores rurais e técnicos extensionistas da Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco e Piauí serão treinadas para uso da técnica na sede da Embrapa Caprinos e Ovinos, em Sobral (CE), nos meses de abril e maio. A iniciativa é do programa AgroNordeste e é voltada para formação de inseminadores em territórios do Nordeste brasileiro onde caprinocultura e ovinocultura são atividades de destaque na produção animal. A primeira turma do curso, com participantes da região do Vale do Itaim (PI), acontece nesta semana de 25 e 29 de abril. São 10 participantes, que estão conhecendo os procedimentos de inseminação artificial transcervical para aplicação em rebanhos do território. “Sempre tinha a visão de que inseminação artificial era algo muito difícil e agora a gente está vendo que tem viabilidade, que podemos aproveitar este conhecimento e aplicar em casa”, avaliou o produtor rural Osnan Sousa, de Betânia (PI), um dos participantes desta turma. A produtora rural e técnica em Zootecnia Suzana Macedo, também de Betânia (PI), destacou que é importante levar conhecimentos novos para a região, que possam beneficiar a produção e também a economia local. “É uma técnica que a gente precisa muito para melhorar o rebanho e trazer informação nova para o município, para o comércio”, afirmou ela, que é secretária da Cooperativa de Produtores e Produtoras da Chapada do Vale do Rio Itaim (Coovita), que produz ovinos e caprinos para comercialização. Para o médico veterinário Alexandre Monteiro, analista da Embrapa Caprinos e Ovinos que ministra o curso, a capacitação abre uma perspectiva grande para as ações de melhoramento genético da Embrapa no Vale do Itaim. “Fiquei surpreso com a habilidade de todos os participantes. Foram muito dedicados e agora serão multiplicadores, inseminadores que levarão a técnica para estratégias futuras”, avaliou ele. Inseminação em favor do melhoramento genético De acordo com Alexandre Monteiro, as capacitações servirão para popularizar a inseminação artificial transcervical em caprinos e ovinos e, com essa formação de inseminadores, dar suporte para programas de melhoramento genético. “A estratégia é capacitar essas pessoas, disponibilizar genética comprovada e socializar esta genética nos rebanhos. A inseminação artificial é uma ferramenta importantíssima para isso”, ressalta ele. Monteiro frisa também que estes inseminadores atuarão em outras iniciativas coordenadas pela Embrapa: o Programa de Melhoramento Genético de Caprinos Leiteiro (Capragene®), que existe desde 2005 na região Sudeste e começará a ser implantado também no Nordeste e o projeto voltado para cruzamentos industriais, com foco na produção de carne ovina, em parceria com a Cooperativa Agropecuária do Produtores Integrados de Caprinos e Ovinos do Nordeste, de Petrolina (PE). Estes agentes permitirão que o sêmen de reprodutores, selecionados pela Embrapa por seu potencial genético para finalidades como produção de leite ou carne, seja levado a outros rebanhos, favorecendo o melhoramento animal. A inseminação artificial transcervical traz como diferencial a posição das cabras ou ovelhas durante o processo: com as fêmeas sobre as quatro patas, posição semelhante à da monta natural, a tendência é que haja melhor bem-estar e menor risco de lesões, em comparação à técnica tradicional, em que o animal fica de ponta-cabeça. Com isso, é possível inseminar maior quantidade de animais em menor tempo, com menor esforço do manejador. No caso dos caprinos, a Embrapa desenvolveu uma pinça específica para imobilizar o colo uterino das fêmeas e facilitar a passagem da pipeta de inseminação em direção ao útero. A chamada Técnica Embrapa de Inseminação Artificial Transcervical em Caprinos traz também a vantagem de maior deposição de sêmen no útero das fêmeas, reduzindo risco de perda de material. Novas turmas em maio Uma segunda turma do curso de Inseminação Artificial Transcervical para caprinos e ovinos, com participantes da Bacia do Jacuípe (BA) e Sertão dos Inhamuns (CE), acontecerá entre 9 e 13 de maio. Posteriormente, uma terceira turma, com técnicos e produtores do Cariri Paraibano e Sertão do Moxotó (PE), será capacitada entre os dias 23 e 27 de maio. A capacitação em inseminação artificial transcervical é uma ação da Embrapa no âmbito do programa AgroNordeste, coordenado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em parceria com o projeto Dom Hélder Câmara, com financiamento do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA). O programa atua em polos produtivos do Nordeste brasileiro, com objetivo de promover a inovação por meio da disseminação de conhecimentos e tecnologias voltadas para as realidades locais.