O deputado federal João Daniel (PT-SE), membro da Comissão de Agricultura da Câmara Federal, realizou na sexta-feira (6), em Umbaúba, Sul Sergipano, um seminário para ouvir demandas e discutir soluções para a cadeia produtiva de citros em Sergipe. A Embrapa teve a participação de duas Unidades que atuam com pesquisas na região. Pela Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA), participaram o chefe-geral, Domingo Haroldo Reinhardt, e o coordenador do programa de melhoramento de citros, Walter Soares Filho. A Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE), que possui um campo experimental em Umbaúba, foi representada pelo chefe-geral, Manoel Moacir Macedo, e o chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento, Marcelo Fernandes. Cerca de 200 pessoas participaram do evento, entre produtores de base familiar, representantes de associações e cooperativas de agricultores, movimentos sociais, secretários municipais de Agricultura vereadores e prefeitos. Diversos órgãos públicos de desenvolvimento e fomento foram convidados para o evento, como Embrapa, Emdagro, Conab, Ministério da Agricultura, Bancos do Nordeste e do Brasil e Banese. O seminário foi dividido em duas rodadas de apresentações. No primeiro momento, representantes dos produtores e de entidades associativas tiveram tempo para externar e detalhar os principais problemas da cadeia produtiva. Na segunda etapa, os dirigentes e representantes dos órgãos públicos apresentaram as principais ações realizadas no polo citrícola do sul de Sergipe, que abrange 14 municípios e ocupa o patamar mais alto entre os produtos agrícolas de exportação do estado. Demandas Na visão dos produtores, os principais problemas são a capacidade de produção de mudas com qualidade, o declínio da produtividade, o baixo preço de mercado pago pela laranja, o alto endividamento dos produtores e cooperativas e a dificuldade de acesso a crédito. Outro grave problema relatado por todos é a instalação e rápida proliferação da mosca negra dos citros, praga bastante agressiva, que tem atacado os pomares nos últimos dois anos. Pesquisas Fernandes apresentou as principais ações de pesquisa da Embrapa, especialmente das duas Unidades localizadas na Bahia e em Sergipe, com foco na citricultura sergipana. Merece destaque o Programa Melhoramento Genético de Citros, com experimentos com diversas combinações copa e porta-enxerto de citros para avaliação de produtividade, altura, tolerância a seca e pragas. Esses estudos vão gerar uma série de publicações técnicas com resultados de avaliações, após seis a oito anos de cultivo. A pesquisa vem concentrando esforços para promover o controle alternativo da mosca-negra – já instalada nos pomares, trazendo grandes prejuízos aos produtores – com óleos vegetais. A publicação técnica ‘Manejo fitossanitário da mosca-negra dos citros em Sergipe' já está com texto finalizado e em fase de editoração, devendo ser lançada no início de 2016. Estudos buscam, ainda, elevar a qualidade e resultados do manejo de pragas e doenças nos citros. Estudos em parceria com a Emdagro estão sendo realizados para o controle biológico do psilídeo-dos-citros com inimigos naturais – fungos entomopatogênicos e insetos parasitoides, além do desenvolvimento de um bioinseticida para o controle da praga. Pesquisadores estão, também, conduzindo experimentos para avaliação da produtividade de citros em diferentes adensamentos do pomar. O foco é atingir adensamentos mais altos e sustentáveis, garantindo maior produtividade. Na área de manejo da fertilidade do solo e adubação verde, Fernandes citou o software FertOnline – serviço online gratuito para cálculo da necessidade de adubação e calagem para coqueiro, milho e citros – e estudos de adubação verde com a leguminosa gliricídia para fornecimento de nitrogênio ao pomar. Os produtores têm acompanhado a evolução e resultados parciais do experimento por meio de dias de campo na estação de Umbaúba. Diagnóstico Em parceria com a Emdagro, agentes de transferência de tecnologia da Embrapa realizaram em 2015 um extenso diagnóstico da citricultura sergipana. O estudo foi conduzido em 17 municípios. Os resultados traçam um retrato analítico, fruto de 394 questionários respondidos em mais de 10 mil estabelecimentos agrícolas na região citrícola. Além da produtividade, os questionários também levantaram questões relativas à escolaridade dos produtores, acesso à internet, participação em organizações, média familiar, entre outros, que subsidiarão as ações de investimento dos governos. Os dados do diagnóstico da cultura citrícola no estado de Sergipe foram apresentados à Cãma Setorial da Citricultura, no início de outubro, pelo economista da Embrapa Tabuleiros Costeiros Márcio Rogers Melo.