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Embrapa Agroenergia realiza primeira reunião do CAE com foco em sustentabilidade e descarbonização da economia

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Foto: Lilian Matheus

Lilian Matheus - Integrantes do CAE conheceram a estrutura da Embrapa Agroenergia

Integrantes do CAE conheceram a estrutura da Embrapa Agroenergia

Como parte das atividades em comemoração aos 16 anos da Embrapa Agroenergia, foi realizada no dia 23 de maio a primeira reunião da nova composição do Comitê Assessor Externo (CAE) da Embrapa Agroenergia, em sua sede localizada em Brasília (DF). 

Presente em todas as 43 Unidades Descentralizadas da Embrapa, o CAE é um órgão consultivo cuja finalidade é assessorar seus dirigentes no processo de monitoramento do ambiente externo e acompanhamento e análise de tendências em Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) que sejam relevantes ao planejamento e à programação de pesquisa da empresa. A atual composição do CAE da Embrapa Agroenergia foi publicada na Portaria n.º 545 de 9/5/2022. 

As reuniões do CAE servem para captar os sinais, tendências e demandas dos setores da sociedade, associados ao foco de atuação das Unidades da Embrapa, indicando quais são os principais gargalos, oportunidades e desafios tecnológicos, mercadológicos e institucionais que requeiram a mobilização das áreas de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, Negócios e Gestão Institucional da empresa para a obtenção de resultados e/ou impactos positivos futuros. 

Composição do CAE da Embrapa Agroenergia - O Comitê Assessor Externo da Embrapa Agroenergia é composto por sete representantes da Embrapa e de instituições parceiras públicas e privadas. Possuem mandato de dois anos, que podem ser reconduzidos uma única vez por igual período.
 
Fazem parte da nova composição os seguintes membros: Tiago Ferreira, diretor-executivo de Gestão Institucional da Embrapa, como presidente do comitê; Alexandre Alonso, chefe-geral da Embrapa Agroenergia, como secretário-executivo; Cristiane Farinas, pesquisadora da Embrapa Instrumentação; Pietro Mendes, secretário-adjunto de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME); Luiz Carlos Carvalho, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG); Thiago Falda, presidente-executivo da Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI), e Paulo Coutinho, gerente do Instituto Senai de Inovação em Biossintéticos (Senai-CETIQT).

Visão de futuro da agricultura brasileira - Na primeira parte da reunião, aberta aos empregados da Embrapa e ao público em geral, o presidente do CAE, Tiago Ferreira, apresentou a palestra “Visão de Futuro da Agricultura Brasileira e direcionamentos estratégicos da Embrapa”, na qual refletiu sobre o papel que cabe à Embrapa Agroenergia no amplo contexto de desafios da agricultura. 

Mediante o desafio global de produção de alimentos com conservação do território e preservação ambiental, o presidente do CAE chamou a atenção para o esforço que o Brasil está fazendo, tendo apenas 7,6% de área cultivada, enquanto a média mundial é de 46% (EUA 18%, México 17,8%, China 17,7%). “O Brasil protege e ainda alimenta o mundo, atendendo a 800 milhões de pessoas em mais de 200 países”, argumentou. 

Sobre o papel da Embrapa nesse desafio, lembrou que a Embrapa Agroenergia trabalha essencialmente com bioeconomia, e que a empresa reúne especialistas em portfólios de pesquisa para o desenvolvimento de PD&I. “A Embrapa Agroenergia se enquadra em vários portfólios”, disse. 

Outro ponto salientado na fala de Tiago foi a consolidação de métricas de sustentabilidade, frente ao compromisso ESG – meio ambiente, social e governança. Segundo ele, a produção de hoje não pode comprometer a capacidade de produção futura. “O Agro tem papel chave na sustentabilidade e descarbonização da economia. O Brasil, ao reafirmar o compromisso da COP-26, terá que desenvolver processos produtivos descarbonizantes, ou carbono neutro, a exemplo da carne, leite, soja e café neutros”, afirmou. 

Por fim, Ferreira ressaltou que para alcançar uma economia neutra em carbono é preciso promover meios de intensificação sustentável, tais como SAFs, biomateriais, bioprodutos, biorrefinarias. 

Atuação da Embrapa Agroenergia - Na sequência, o secretário-executivo do CAE, Alexandre Alonso, apresentou a atuação da Embrapa Agroenergia, os principais resultados alcançados, desafios, tendências e agenda de PD&I da Unidade na palestra “Síntese das atribuições, desafios, agenda PD&I, portfólio de tecnologias, impacto projetado e ações planejadas”. 

Ao mencionar a produção sustentável de biomassa e o papel desempenhado pela agricultura no Brasil, com caráter de circularidade, Alonso, que é Chefe-geral da Embrapa Agroenergia, destacou que a Unidade produz sistemas que permitem integrar o processo produtivo, introduzir novas biomassas, novos processos e novos produtos, reconhecendo a importância de se conectar a produção de bioprodutos e alimentos à perspectiva da economia circular de carbono. 

“O posicionamento de mercado da Unidade foca no desenvolvimento de novas tecnologias com alta performance para os mercados de bioenergia, biocombustíveis, bioprodutos e bioinsumos voltados à descarbonização da economia. Para isso, estamos organizados em seis plataformas tecnológicas de biorrefinaria (açúcares, lignina, óleos vegetais, algas, bio-óleo/syngas e biogás) que permitem a atuação em biocombustíveis, bioinsumos, bioquímicos e biomateriais”, disse.

Alonso ressaltou que a Unidade estabeleceu um conjunto de estratégias com foco em grandes demandas futuras e também demandas imediatas do mercado, e que a equipe técnica é orientada para atuar sob a ótica da inovação aberta (cocriação e codesenvolvimento de tecnologias conectadas com as demandas do mercado). Alonso também destacou os compromissos firmados frente aos objetivos estratégicos da Embrapa até 2030 e apresentou as ações estratégicas propostas para o período de 2022 a 2026. 

Integrantes do CAE conheceram a estrutura da UD - Logo após as apresentações do diretor-executivo e do chefe-geral da Unidade, os integrantes do CAE da Embrapa Agroenergia visitaram alguns laboratórios e a área de plantas-piloto. O supervisor do Setor de Gestão de Laboratórios (SGL) Felipe Brandão relata que inicialmente o grupo conheceu o LQB (Laboratório de Química de Biomassa), onde assistiram uma apresentação rápida sobre todos os laboratórios e suas linhas de pesquisa.

Em seguida, o pesquisador João Ricardo falou sobre algumas linhas de pesquisa do LGBM (Laboratório de Genética e Biotecnologia Microbiana) e o pesquisador Clenilson Martins abordou os resultados de um projeto relacionado à extração de compostos para o controle de nematóides. 

A chefe de Transferência de Tecnologia, Patrícia Abdelnur, apresentou o LQB (Laboratório de Química de Biomassa), falando sobre os equipamentos e toda a infraestrutura disponível para pesquisas. Ao final da visita, o grupo conheceu a APP (Área de Plantas-Piloto) da Embrapa Agroenergia. Felipe apresentou a estrutura do local e mostrou um experimento com biogás atualmente em execução. 

Visão do mercado e recomendações do comitê assessor – Os representantes da ABBI, Senai, ABAG e Embrapa Instrumentação analisaram o papel e a atuação da Embrapa Agroenergia frente ao mercado atual. O presidente-executivo da Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI), Thiago Falda, destacou que a Embrapa Agroenergia tem como característica o desenvolvimento tecnológico de aplicação industrial, bem como uma nova visão aplicada à agroindústria.

Falda relembrou a revolução que a Embrapa trouxe à agricultura e à economia brasileira e que agora a Embrapa Agroenergia pode dar continuidade ao agregar valor aos produtos da agricultura com desenvolvimento tecnológico. “O carbono não é o maior desafio global, mas é a maior oportunidade global. Nesse sentido, em termos de desafio, vejo a Embrapa como vetor no contexto de descarbonização e agregação de valor aos produtos da agropecuária”, disse o executivo da ABBI.

Como desafios para o futuro, enfatizou a importância de trabalhar junto ao Congresso Nacional para incorporar a temática da descarbonização numa estratégia para o Brasil e inserir a Unidade na lista de prioridades dos gestores de políticas públicas. Outro desafio mencionado por Falda é a necessidade de desburocratizar ainda mais o modelo de transferência de tecnologia. “Precisamos melhorar a percepção do quão vantajoso é para o Brasil investir no desenvolvimento de produtos de base biotecnológica”, concluiu. 

O gerente do Instituto Senai de Inovação em Biossintéticos, Paulo Coutinho, abordou temas como a desburocratização, captação de receitas, propriedade intelectual, internacionalização de parcerias e desenvolvimento da inteligência competitiva. 

“A prática atual do sistema de inteligência da Unidade está voltada para prospecção de tendências tecnológicas, porém a UD deve investir também em inteligência competitiva de mercado a fim de buscar produtos que se quer substituir, além de  quem está produzindo, qual o custo e o volume que o mercado disponibiliza. Com essas informações, é mais fácil atrair o interesse das empresas”, disse Coutinho. 

Segundo ele, a Embrapa Agroenergia deve continuar a fomentar a área de inteligência competitiva por meio de metodologias de prospecção, aproveitando a capacidade de assumir riscos das instituições públicas e fazendo apostas mais ousadas para captar recursos externos. “Uma ferramenta que pode auxiliar a alcançar os mercados desejados é a produção de notas técnicas com análises de conjuntura”, sugeriu. 

Coutinho mencionou ainda a importância de investir em pesquisas na área de intensificação de processos produtivos com o apoio da pesquisa básica e em estratégias que garantam a sustentabilidade financeira nas pesquisas aplicadas. 

O presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), Luiz Carlos Carvalho, lembrou que o momento acelerado de mudanças globais verificado especialmente nos últimos três anos trouxe uma perspectiva diferente de atuação para os setores público e privado. Nesse contexto, acredita que os temas da bioeconomia e descarbonização se sobrepõem com muita força, sendo uma oportunidade para o Brasil.

“No cenário de evolução tecnológica no qual a Embrapa Agroenergia está inserida, não se pode montar uma estrutura inteira baseada em custo-preço, devido à volatilidade dos preços das commodities no mercado mundial. É necessário olhar as grandes empresas e integrar ações”, sugeriu.

Na opinião de Carvalho, a visão da Embrapa deve ser a de fazer parte da solução e do processo junto aos demais players para desenvolver os desafios de aproveitamento da biodiversidade. “A Embrapa pode entrar em grandes contratos mundo afora, dando contribuição expressiva, porque não é competidora dos players nos mercados mundiais, nas disputas comerciais, além de ter uma imagem positiva no mercado”, concluiu.

Outro ponto destacado como positivo pelo executivo da ABAG é a visão de integração que a Embrapa trouxe ao Agro. “Há iniciativas na Embrapa desenvolvendo milho com cana, introduzindo um debate inovador no setor”, disse. Carvalho finalizou afirmando que o Brasil e a Embrapa são protagonistas na discussão de biocombustível e bioproduto, o que se constitui numa oportunidade para integrar essa expertise com outras ações e até mesmo internacionalizar a sua atuação. “Temos que buscar o suporte privado para posicionar a empresa como parte do processo produtivo integrado”, finalizou.

Encerrando a reunião, a pesquisadora da Embrapa Instrumentação Cristiane Farinas disse que a Embrapa Agroenergia é um exemplo positivo de equipe jovem e motivada, atuando em uma área emergente. Dentre os temas abordados, Farinas destacou como mais relevante a internacionalização, e sugeriu o fomento a publicações internacionais para apresentar os pesquisadores ao meio científico. “É o melhor mecanismo de comunicação com vistas à formação de portfólio de cooperação técnica”, destacou.

Outro ponto citado pela pesquisadora é o foco em análise de ciclo de vida (ACV), juntamente com análise técnica e econômica. “O ideal seria fazer análises técnicas, econômicas e ambientais para todas as tecnologias, processos e produtos, pois ajuda a enxergar os gargalos tecnológicos dentro de um processo, é importante para ver as limitações”, sugeriu.

Por fim, sugeriu que a Unidade trabalhe com processos híbridos, combinando biotecnologia com química a fim de reduzir o tempo de viabilização de uma solução. Biomateriais, produção de enzimas e processos de cultivo microbiano são, segundo a pesquisadora, pontos fortes da Unidade que poderiam ser mais explorados. 

Concluída a reunião, o secretário-executivo do Comitê, Alexandre Alonso, com o apoio da Supervisora do Núcleo de Desenvolvimento Institucional, Rossana Guiducci, preparou uma relatório-síntese que está sendo apresentado aos membros. Nele constam três ações a serem implementadas na Unidade e que serão acompanhadas/monitoradas pelo CAE. Dessa forma, como desdobramento da reunião do CAE, a CGE e o NDI apresentarão em junho à UD as principais recomendações e ações.

A próxima reunião do comitê está prevista para ocorrer no final deste ano, ocasião na qual o chefe-geral apresentará os avanços e resultados obtidos com as ações estratégicas implementadas.  
 
 

Irene Santana (Mtb 11.354/DF)
Embrapa Agroenergia

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