Pré-lançamento de cultivares de soja e algodão marca participação da Embrapa no Bahia Farm Show
Pré-lançamento de cultivares de soja e algodão marca participação da Embrapa no Bahia Farm Show
Duas cultivares – uma de soja (BRS 8383IPRO) e outra de algodão (BRS 437 B2RF) – foram pré-lançadas pela Embrapa em parceria com a Fundação Bahia no dia 1º de junho, durante o Bahia Farm Show, feira agropecuária promovida pela Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) entre 31 de maio e 4 de junho em Luís Eduardo Magalhães (BA).
O chefe geral da Embrapa Cerrados (DF), Sebastião Pedro, destacou os êxitos da parceria com a Fundação Bahia e ao Fundeagro, argumentando que ela tem permitido a produção científica, novos conhecimentos, resultados positivos e soluções para os sistemas produtivos do Oeste baiano. “Não é fácil trabalhar e fazer pesquisa quando os resultados são de longo prazo, como é o caso do melhoramento genético”, disse, agradecendo aos parceiros. Ele salientou a qualidade da cultivar BRS 8383IPRO. “Quando a oferta ambiental é boa, ela está no topo da produtividade, e quando o ano não é tão bom, a produtividade não cai tanto, dando estabilidade ao negócio do agricultor”, afirmou.
Alderi Emidio, chefe geral da Embrapa Algodão (Campina Grande, PB), relembrou o início das pesquisas com algodão no Cerrado e o empenho dos agricultores, que fizeram o País se tornar o segundo maior exportador da fibra. “É muito importante que a gente compreenda que uma cultura está associada a outra e que o sistema (de produção) precisa ser sustentável”, disse, citando que a resistência da cultivar de soja BRS 8383IPRO ao nematoide Meloidogyne incognita favorece o cultivo subsequente de algodão. “Temos que caminhar para a sustentabilidade e a Embrapa tem de estar ao lado do produtor nesse caminho”, completou, salientando a atuação conjunta da pesquisa com os produtores e as associações.
O presidente da Fundação Bahia, Ademar Marçal, ressaltou a importância do trabalho em parceria com a Embrapa para o Oeste da Bahia e o Brasil, com o desenvolvimento de cultivares de soja e algodão. Sobre as novas cultivares pré-lançadas, Marçal afirmou que se tratam de materiais promissores. “Tenho certeza de que vão trazer bastante benefício ao nosso agronegócio”, disse.
Soja BRS 8383IPRO
As principais características das novas cultivares de soja e de algodão e os resultados dos testes em lavouras comerciais foram apresentados por Marcos Robério, responsável pela área de desenvolvimento de mercado da Fundação Bahia.
“Três palavras definem muito bem a cultivar de soja BRS 8383IPRO, que tem excelente sanidade, uma alta produtividade e, além de tudo isso, é um material estável, que mantém um teto produtivo acima das exigências climáticas”, definiu. A cultivar tem uma ampla adaptação edafoclimática, podendo ser cultivada em 10 estados brasileiros: Bahia, Piauí, Maranhão, Tocantins, Minas Gerais, Distrito Federal, Goiás, Rondônia, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.
Entre as características agronômicas, apresenta grupo de maturidade 8.3; ciclo de 125 dias (em média); crescimento indeterminado; pubescência marrom-clara; flor roxa; hilo marrom-claro; plantas com altura média de 85 cm; e porte médio com forte engalhamento. Além disso, apresenta alto valor de peso de mil grãos e resistência ao acamamento.
Ao longo de oito anos de pesquisa, a BRS 8383IPRO demostrou resistência ao nematoide de galha Meloidogyne incognita, nematoide recorrente nas lavouras de algodão no Oeste baiano, e às doenças mancha olho de rã, pústula bacteriana, cancro da haste e crestamento bacteriano.
A população de plantas recomendada para semeadura é de 240 mil/ha tanto em áreas de sequeiro como irrigadas. “É uma cultivar que vai muito bem em áreas de sequeiro por apresentar uma certa tolerância aos estresses hídricos que acometem os cultivos no Oeste baiano e nas áreas onde foi testada”, explicou Robério.
Ele apresentou resultados de plantios, em sistema de sequeiro, de parcelões em áreas de pesquisa do Oeste da Bahia e no Piauí nas safras 2019/20 e 2020/21, que mostraram produtividades médias de 77,9 sc/ha e 87,5 sc/ha, respectivamente. Nos plantios em fazendas no Oeste baiano (parcelões de 7 a 10 ha), as médias de produtividade foram de 76,8 sc/ha na safra 2020/21 e de 83,8 sc/ha em 2021/22, também em sequeiro.
As sementes da cultivar de soja BRS 8383IPRO podem ser encomendadas junto à Neovita Sementes pelo telefone (77) 99700-5640. “Acompanhamos a produção de sementes de soja na Bahia, no Piauí, e no Tocantins há bastante tempo, e esta é a variedade que mais se adaptou à região (do MATOPIBA), como mostrado em capacidade produtiva, estabilidade de produção e para áreas com nematoide. Temos um material maravilhoso nas mãos, com um potencial comercial enorme e que talvez seja o grande destaque entre as variedades desenvolvidas pela Fundação Bahia e a Embrapa para a região”, disse o diretor operacional da empresa, Ricardo Teixeira.
Algodão BRS 437 B2RF
Marcos Robério destacou que a nova cultivar de algodão BRS 437 B2RF chama a atenção pela robustez, sanidade, produtividade e estabilidade. O material é recomendado para sistemas de cultivo em sistemas de sequeiro e irrigado, sendo resistente a diversas doenças, com destaque para a mancha de ramulária, considerada a principal doença do algodoeiro no Brasil.
A nova cultivar tem como principais características agronômicas ciclo de 175 dias (em média), porte alto, vegetação agressiva, sistema radicular desenvolvido e excelente sanidade, permitindo boas produtividades mesmo em áreas com flutuações de fertilidade. Está adaptada para cultivo nos estados de Mato Grosso do Sul, Goiás, Bahia, Maranhão e Piauí. Apresenta dois genes de resistência à ramulária (Ramularia aureola), sendo também resistente à bacteriose e moderadamente resistente à doença azul típica.
O período recomendado para semeadura é de 5 a 15 de dezembro. A cultivar é exigente em fertilidade de solo por trabalhar com altos tetos produtivos, bem como exige o uso de regulador de crescimento. A altura ideal de plantas é entre 1,25 m a 1,30 m.
O algodão BRS 437 B2RF apresenta 40% de rendimento de fibra, peso de capulho entre 4,5 g a 5,5 g e aderência de pluma média a fraca, o que facilita a colheita. Quanto à qualidade da pluma, o material se enquadra como Padrão de Exportação Normal.
A população recomendada de plantas é de 92 mil a 105 mil/ha e estande de 7 a 8 plantas/m. A cultivar tem boa adaptação aos espaçamentos de 76 cm, 80 cm e 90 cm entre fileiras de plantas. Deve ser realizado o controle da mancha alvo.
Marcos Robério apresentou dados de avaliações em lavouras comerciais para parametrização do manejo da cultivar, considerando a fitossanidade, componentes de produtividade, respostas aos tratos culturais e o controle da qualidade de fibra do algodão (HVI).
Na safra 2019/20, em fazendas do Oeste baiano, a cultivar BRS 437 B2RF apresentou, em áreas de 9 ha a 10 ha em sistema de sequeiro, produtividade média de 334,6@/ha e rendimento médio de fibra de 39,74%. Já na safra 2020/21, a produtividade média foi de 342,5@/ha.
A Natural Sementes está recebendo encomendas das sementes da cultivar de algodão pelo telefone (77) 99971-0643. A sementeira é licenciada pela Embrapa para a produção de sementes de cultivares de feijão, gergelim e mamona. O proprietário Carlos Leite explicou que o foco da empresa está na produção de materiais que consigam produzir em áreas com déficit hídrico, como o algodão BRS 437 B2RF. “A partir de outubro, estaremos disponibilizando um volume (de sementes) que permitirá o plantio da cultivar. Espero que seja uma parceria duradoura e que possamos trazer outros materiais com essas características de produtividade e adaptação à nossa realidade climática e de solos”, afirmou, agradecendo à Embrapa e à Fundação Cerrados.
Produtor em São Desidério (BA), Clóvis Ceolin falou sobre a experiência positiva com o cultivo experimental das novas cultivares de soja e de algodão na propriedade. A cultivar de algodão BRS 437 B2RF foi plantada em duas safras. “Nesses dois anos, ela se comportou muito bem. Inclusive, por uma pequena diferença, foi campeã de produtividade, lado a lado com variedades líderes na nossa região. Ela tem um potencial muito grande. Da mesma forma, a soja BRS 8383IPRO se portou muito bem. Ela vai muito bem em áreas de abertura de plantio”, comentou. “Tínhamos ânsia de ter essas variedades comerciais e hoje isso é uma realidade”, concluiu Ceolin.
As novas cultivares foram expostas na vitrine e estande da Embrapa na feira juntamente com a BRS 8980IPRO, também adaptada à região. Confira as demais tecnologias apresentadas pela Embrapa no Bahia Farm Show 2022 clicando aqui.
Os visitantes da feira também puderam assistir ao vídeo animação “A evolução da agricultura nos últimos 50 anos”, produzido pela Empresa e que mostra dados da agricultura brasileira. O vídeo foi exibido no “Agro & você”, espaço temático digital, interativo e imersivo montado por empresas participantes do evento.
Palestras
No dia 2 de junho, duas palestras de pesquisadores da Embrapa realizadas no auditório da Fundação Cerrados integraram a programação oficial do Bahia Farm Show 2022.
O chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Cerrados, Lineu Rodrigues, apresentou o tema “Eficiência e sustentabilidade no processo produtivo: um olhar para a agricultura irrigada”. Ele destacou que a água é o principal desafio para a sustentabilidade, sendo que a crise hídrica e a crise de alimentos representam os maiores fatores de preocupação; e como os recursos hídricos e a agricultura irrigada contribuem para a produção agrícola brasileira, a geração de empregos, o desenvolvimento socioeconômico e a preservação ambiental, apesar de ainda haver desafios como a necessidade de melhor comunicação dos dados gerados pela pesquisa e de articulação política.
Já o pesquisador Álvaro Resende, da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas, MG), apresentou a palestra “É viável produzir com redução da adubação?”. Ele abordou o efeito combinado de boas práticas agrícolas; a fertilidade construída como pré-requisito; os alicerces da fertilidade do solo; a adubação de correção, de manutenção e de restituição; o destino de nutrientes de fertilizantes minerais; o reconhecimento dos nutrientes, do operacional, dos ambientes de cultivo e dos sistemas de produção; a adubação com base no balanço de nutrientes; e o tamponamento e vida útil com adubação reduzida, tendo como objetivo final balanço neutro e perda zero.
Breno Lobato (MTb 9417-MG)
Embrapa Cerrados
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