Dia de Campo reúne agricultores interessados em aumentar produtividade da mandioca
13/11/15
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Transferência de Tecnologia
Dia de Campo reúne agricultores interessados em aumentar produtividade da mandioca
Foto: Felipe Rosa
Chefe de P&D da Embrapa Amazônia Ocidental, Celso Azevedo, destacou importância do uso das tecnologias para aumento da produtividade na agricultura
Cerca de 100 pessoas participaram, nesta quinta-feira (12/11), do Dia de Campo Desempenho Produtivo de Cultivares Regionais de Mandioca, realizado no município de Careiro Castanho. O evento, promovido pela Embrapa Amazônia Ocidental, Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror) e Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam), contou com dois momentos importantes: primeiro, pesquisadores e técnicos da Embrapa explicaram e demonstraram as tecnologias que permitem até triplicar a produtividade média da mandioca obtida hoje no Amazonas, que é de aproximadamente 10 toneladas (t) por hectare (ha); depois, foram distribuídas manivas-sementes de cultivares regionais de mandioca para os agricultores.
Assim como no município de Manaquiri, em Careiro foi instalada Unidade Demonstrativa (UD) com o uso da tecnologia trio da produtividade, correção da acidez do solo e adubação, em sistema mecanizado. Um dos diferenciais dos trabalhos em Manaquiri e Careiro foi o uso de cultivares locais de mandioca, que já são familiares aos agricultores da região. Dessa forma, buscou-se mostrar que, com o uso de tecnologias adequadas, é possível aumentar a produtividade da raiz, mesmo quando são utilizados os materiais existentes nas comunidades.
O chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Amazônia Ocidental, Celso Paulo de Azevedo, durante a abertura do evento, destacou justamente essa característica do trabalho. "Geralmente a Embrapa desenvolve um produto e depois que a tecnologia está pronta traz para o agricultor. Aqui é diferente, porque todos vocês já conhecem esses materiais. O que possibilita o aumento da produtividade é o manejo, a adubação, a mecanização. O que a gente quer dizer com esse trabalho é isso: é preciso mudar e plantar com o uso desses métodos, porque dá resultado e, além disso, vocês vão continuar usando a mesma área por mais tempo, sem precisar ficar abrindo novas áreas", disse.
Durante o Dia de Campo, o pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Inocencio de Oliveira, falou sobre a importância do trio da produtividade – tecnologia que consiste na seleção de manivas-sementes e corte em ângulo de 90º, adequação do espaçamento de plantio conforme arquitetura da planta (aproximadamente 1m x 1m) e controle de plantas daninhas nos primeiros 150 dias pós-plantio. "Essas técnicas podem ser realizadas por qualquer agricultor, sem que ele tire dinheiro do bolso. Só com isso já aumenta consideravelmente a produtividade da mandioca", destacou.
O analista da Embrapa Amazônia Ocidental, Raimundo Rocha, falou sobre correção do solo, adubação e apresentou os resultados obtidos na Unidade Demonstrativa de Careiro. Com o uso da cultivar regional Hastinha, por exemplo, a produtividade média alcançou 31,16 t/ha. "A adubação e a calagem são muito importantes. Elas têm custo para o agricultor, mas esses custos são amortizados com o aumento da produtividade e lucro que elas geram. Agora, é importante ressaltar, não adianta adubar e corrigir a acidez do solo se não adotar as práticas previstas no trio da produtividade, porque aí a mandioca não responde", ressaltou Rocha. Confira todos os dados da UD de Careiro aqui.
Os técnicos da Embrapa, João Batista de Souza e Antonio Sabino Neto, ainda demostraram aos participantes do evento uma atividade prática de plantio mecanizado da mandioca. O pesquisador da Embrapa, Miguel Dias, também tirou dúvidas do público sobre diversos aspectos relacionados à raiz.
O Dia de Campo Desempenho Produtivo de Cultivares Regionais de Mandioca contou com apoio da Secretaria de Produção Rural de Careiro e patrocínio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). O evento integra as atividades do projeto Manareiro.
Distribuição de manivas
Presidente da Cooperativa da Comunidade de Cajuçara, fundada em 2013 no município de Autazes, a agricultora Emília Valente foi a primeira a receber as manivas-sementes de mandioca durante o Dia de Campo. "Hoje viemos aqui para aprender e buscar mais informações. A Cooperativa que a gente formou em Autazes é para trabalhar com a mandioca. Inicialmente, seria para farinha, mas hoje estamos focados em produzir fécula. A gente fez uma área e investimos em adubo e mecanização, mas não sabíamos dessas outras técnicas (trio da produtividade) e a produtividade não foi muito alta. De toda forma mostramos nosso trabalho e, através de uma parceria com governo estadual, hoje estamos com 45 hectares de terra preparada. O diferencial é que agora vamos usar as tecnologias da Embrapa para ter essa boa produtividade", relatou.
Trio da Produtividade
O trio da produtividade foi lançado pela Embrapa Amazônia Oriental (Belém-PA) e vem sendo adotado em diversos municípios paraenses, ajudando a incrementar a produção de mandioca naquele estado. Aliadas ao trio da produtividade, a correção da acidez do solo por meio de calagem e a adubação podem até mesmo triplicar a produção da mandioca – incremento que, além de amortizar os custos investidos em calcário e fertilizante, pode proporcionar uma receita líquida significativa ao agricultor, em comparação com o sistema de cultivo tradicional sem o uso dessas tecnologias.
Mandioca no Amazonas
No Amazonas, a mandioca é uma das culturas mais importantes para a alimentação humana. No entanto, a produção de farinha e de fécula de mandioca não atende à demanda do mercado consumidor. Além da população, as indústrias e montadoras de produtos eletroeletrônicos do Distrito Industrial da Zona Franca de Manaus demandam fécula. O estado importa hoje cerca de 94 mil toneladas (t) de fécula por ano do Paraná, das quais 82 mil t são para atender a necessidade do Distrito Industrial.
No Estado quase toda a produção de mandioca está voltada para a transformação em farinha, um dos alimentos básicos mais consumidos pelas populações regionais. A região Norte é a maior consumidora de farinha do País, com média de 33,8 kg anuais per capita, quatro vezes a média nacional, de 7,8 kg, destacando-se o Amazonas, com consumo médio de 43,4 kg anuais por habitante.
Felipe Rosa (14406/RS)
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