Projeto cooperativo de melhoramento de pínus visa obter indivíduos mais produtivos para madeira e resina e mais adaptados às mudanças climáticas
Projeto cooperativo de melhoramento de pínus visa obter indivíduos mais produtivos para madeira e resina e mais adaptados às mudanças climáticas
Para abrir o Painel 3 do 9º Workshop Embrapa/Apre, que abordou o tema “Como produzir florestas para atender ao mercado de toras” foram apresentados os principais avanços no melhoramento genético de pínus no Brasil. O assunto foi trazido pela pesquisadora Ananda Virgínia de Aguiar, da Embrapa Florestas, que lidera, tecnicamente, o Projeto Cooperativo de Melhoramento de Pínus (PCMP)/Funpinus - Fundo Cooperativo para Melhoramento de Pínus, formado por empresas florestais. Este projeto objetiva selecionar e desenvolver genótipos de Pinus spp. de alta produtividade para madeira e resina, bem como adaptados a diversas regiões (condições edafoclimáticas) do Brasil.
Entre os principais resultados trazidos pela pesquisadora, estão os vários treinamentos realizados com as equipes técnicas das 10 empresas do Funpinus; seleção de árvores melhoradas geneticamente para madeira e resina; polinização controlada; coleta de pólen e sementes e coleta de propágulos e enxertias. Segundo a pesquisadora, as pesquisas nesta área são importantes, devido à grande demanda do setor florestal, e à grande área de pínus, que corresponde a cerca de 18 % do total de florestas plantadas no Brasil, que engloba pínus, eucalipto e outras espécies.
“O Brasil está na 1ª posição no ranking em relação à produção de celulose e na 9ª posição no ranking dos 10 maiores produtores de madeira serrada do mundo (10,2 milhões em m3), em 2020. A China e Estados Unidos são os primeiros. Sobre os estudos voltados à produção de resina, a pesquisadora justifica o investimento científico. “Para ter uma ideia, O Brasil é o segundo maior produtor de resina do mundo, só perdemos para a China”, diz.
Uso da resina
Vários são os produtos advindos da produção de resina, que estão presentes na produção de tintas, vernizes, bem como na composição de cosméticos, adesivos, papeis, construção, materiais eletrônicos e automobilísticos, dentre muitos outros usos.
De acordo com Ananda Aguiar, para a realização de um programa de melhoramento genético de qualquer espécie, é fundamental ter uma variabilidade genética, que é proporcionada por um vasto número de indivíduos desta espécie. Esta grande base tem sido conseguida graças ao trabalho conjunto das instituições, empresas privadas e universidades. O Funpinus atua com várias frentes de trabalho, principalmente no estabelecimento de testes de progênies, formação de pomares de sementes e no desenvolvimento de híbridos interespecíficos, dentre outros trabalhos.
Resultados parciais
Segundo a pesquisadora da Embrapa Florestas, cada empresa associada já formou o seu pomar clonal (faltam apenas duas) de P. taeda (madeira) e P. elliottii (resina), “e iniciamos a instalação dos pomares clonais de P. patula e híbridos (5 pomares) e foram instalados 13 testes de progênie de P. taeda. No próximo ano serão instalados os testes de progênies de P. patula para madeira e P. caribaea var. hondurensis e P. elliottii para resina (temos mais de 300 progênies dessa última espécie para serem testadas coletadas em pomares clonais e testes de progênies de primeira e segunda geração), de acordo com a demanda e a finalidade de cada produto em foco.
“Temos mais de 300 materiais de Pinus taeda, cerca de 80 de Pinus patula, 92 de híbridos de (Pinus elliottii x Pinus caribaea var. hondurensis), e mais de 100 de mais de 100 Pinus elliottii e Pinus caribaea var. bahamensis e hondurensis selecionados para madeira e resina. Posteriormente, esses materiais serão validados geneticamente, a partir de teste de progênie e uso de marcadores moleculares”, explica.
Em seguida, a pesquisa irá realizar polinizações controladas entre indivíduos dos pomares clonais, buscando uma população elite para a finalidade de cada empresa. “Além disso, já foi estabelecido teste de progênies híbridas (74 híbridos em campo), e tem sementes de mais de 100 cruzamentos interespecíficos para serem estabelecidos em campo. Eu acredito que ano que vem a gente vai ter muito mais, e iremos quadriplicar esses resultados. Esse material vai ser utilizado para avançarmos no programa, principalmente, testando novas combinações híbridas para a finalidade de produção de madeira e resina”, diz.
Além de um banco de sementes que está sendo formado, o projeto também conta um banco de pólen de diversas espécies do gênero. A aplicação de embriogênese somática, macro e micropropagação e o uso de ferramentas genômicas também são outras atividades do projeto. Foi realizada a genotipagem de 191 indivíduos selecionados de P. taeda com milhares de SNPs, um tipo de marcador molecular, com o objetivo de determinar o parentesco entre as árvores, monitorar a variabilidade genética e, futuramente, aplicar a seleção genômica ampla (SGA), visando à seleção genética precoce de árvores para madeira.
“Utilizamos mais de 36 mil marcadores para realizar essa caracterização dos indivíduos selecionados de P. taeda para madeira e que irão compor a população base de melhoramento genético. Além disso nós estamos formando um banco de informações muito interessantes, que são os mapas climáticos, visando contemplar principalmente essa região das empresas que estão dentro do projeto. E nós já temos mapa para o híbrido de pínus (P. elliottii x Pinus cariabaea var. hondurensis) e para Pinus taeda”, adianta.
Zonas climáticas
A definição de zonas climáticas para o estabelecimento de testes de progênies puras e híbridas tem sido também uma das metas do Programa. De acordo com Aguiar, a produção de resina recebe muita influência do clima. “A resina tem uma relação muito significativa como a temperatura e o déficit hídrico. Isso nos mostra que temos que ter esses mapas para poder viabilizar futuramente mais estudos contemplando essas zonas climáticas específicas para a produção de resina, e também de madeira”, afirma.
Banco Mundial de Sementes
Como forma de proporcionar maior variabilidade genética foi estabelecido o Banco Ativo de Germoplasma de pínus, “que além de proporcionar a continuidade do programa de Melhoramentos genético, permite com que nós realizemos a produção de híbridos interespecíficas”, diz a pesquisadora. Além disso, a Embrapa Florestas pretende encaminhar amostras de P taeda, P elliotti e P caribea, espécies mais importantes de pínus para o Banco Mundial de sementes de Svalbard, na Noruega, que possui hoje poucos acessos de espécies florestais. “Esta é uma forma de garantir a conservação do nosso material e contribuir com esse banco que está sendo muito utilizado pelo mundo”, afirma a pesquisadora.
Empresas Florestais Associadas
De acordo com a pesquisadora, o Programa está aberto a receber mais empresas, que poderão para fortalecer os trabalhos. “Quanto mais empresas florestais participarem do projeto, melhor será para o setor Florestal, principalmente se pensando na exploração dos produtos do gênero pínus”, afirma. As empresas florestais que compõem o Funpinus são: Águia Florestal Indústria de Madeiras Ltda; Amata Brasil S/A; Agroflorestal Campo Alto S/A; Florestal Gateados Ltda; Florestal Rio Marombas Ltda (Berneck); Pinara Reflorestamento e Administração Ltda; Recena – Resinas, Óleos e Ceras Essenciais Ltda; Reflorestadora Sincol Ltda; Remasa Reflorestadora S/A e Resinas Brasil Indústria e Comércio Ltda.
Além das dez empresas e da Embrapa, signatárias do Funpinus, uma série de outros parceiros contribuem no projeto, com destaque para a área de tecnologia da madeira da UFPR, que realiza a caracterização da madeira, e IPA/IFSP, Unesp de Ilha Solteira e Botucatu, UFSCAR de Sorocaba, Embrapa Rondônia, UFAM e outros, que fazem a caraterização genética, enxertia, polinização e as associações de produtores florestais dos Estados do Paraná, a APRE, e de Santa Catarina, a ACR.
O 9º Workshop é uma realização da APRE e da Embrapa Florestas, com patrocínio de Becomex, Lavoro/Florestal, Remsoft e Trimble; e apoio de Abimci, Associação Catarinense de Empresas Florestais (ACR), Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), Sistema Fiep, Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná (Fupef), Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Unicentro Paraná e Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).
Manuela Bergamim (MTb 1951-ES)
Embrapa Florestas
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