Crianças declaram seu amor à floresta no Dia da Amazônia
Crianças declaram seu amor à floresta no Dia da Amazônia
Na maior reserva extrativista do Brasil, a Resex Verde Para Sempre, em Porto de Moz no Pará, o Dia da Amazônia, celebrado em 5 de setembro, foi a declaração do mais puro amor à manutenção da floresta em pé. Com poesia, histórias, desenhos e brincadeiras, as crianças da comunidade Arimum, localizada na resex, demonstraram o amor pelas árvores, pelo banho de rio, pelos frutos, pela comunidade e por tudo o que a floresta representa na vida delas.
“A floresta tem pássaros, frutas, qualquer coisa que tiver na floresta é boa pra gente”, contou Benedita Ribeiro, de 10 anos. “A floresta parece que é o jardim da gente”, disse Karina Marques, de 11 anos. “A floresta é boa porque dá fruta, dá alimento. A gente gosta muito da floresta”, confirmou Mateus Pimentel, de 11 anos.
Benedita, Karina e Mateus são moradores da comunidade do Arimum, na resex Verde Para Sempre. Com cerca de 1 milhão e 200 mil hectares é a maior reserva extrativista do país e abriga 183 comunidades e localidades e mais de 2.500 famílias.
Com o intuito de celebrar o Dia da Amazônia e engajar as crianças na valorização da floresta em pé, a Embrapa, por meio do projeto Bom Manejo 2, realizou no dia 4 de setembro, uma oficina de poesia para 40 crianças da comunidade entre 4 e 12 anos. “A comunidade do Arimum tem um histórico sobre o manejo florestal comunitário que é muito importante para a resex e para a história do manejo florestal na Amazônia”, explica Milton Kanashiro, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental e coordenador do Projeto Bom Manejo.
Ele conta que a ideia do evento foi ir além da questão técnica e metodológica do projeto, e fazer com que a floresta e o manejo sejam assuntos também entre as crianças da comunidade. “As crianças e mulheres têm um papel importante no processo do desenvolvimento local e no fortalecimento da comunidade na questão ambiental”, afirma Kanashiro.
A oficina envolveu atividades de observação da paisagem, caminhada pela floresta, relato de histórias, escrita poética, desenho e a exposição dos trabalhos produzidos pelas crianças. Paisagem e Amazônia foram as palavras-chave da oficina, como explica Paulo Vieira, engenheiro florestal e educador da floresta. Ele conta que as crianças perceberam algo que fazem todos os dias, que é colher a paisagem, como quem colhe uma flor, um fruto. E mais, que eles e a comunidade também são a paisagem, a própria Amazônia.
“Hoje eles estão colhendo a paisagem com papel e palavras. A poesia, a palavra poética, podem ser mantenedoras da floresta em pé. As crianças são poetas por excelência, toda criança é um poeta em ação. Através das palavras, elas passaram a demonstrar o amor que têm pelas árvores, pelo rio, pela floresta, por comer um fruto, por caçar”, relata o educador.
Ele acrescenta que a poesia é fundamental na manutenção e defesa do território e de garantia da floresta em pé. “Mesmo as crianças muito pequenas, que ainda não sabem escrever, fizeram ilustrações da sua floresta pessoal, da floresta da sua vida que é a sua comunidade”, completa.
Ciência e poesia
A Resex Verde Para Sempre foi criada em 2004 e compreende 80% do município de Porto de Moz, na região paraense do Baixo Amazonas. Na área da reserva, as comunidades praticam o Manejo Florestal Comunitário como forma de garantir a manutenção dos recursos florestais para essa e para as futuras gerações.
Diversas instituições de pesquisa e desenvolvimento, além de associações, organizações de governo e da sociedade civil se organizam em torno do manejo nas comunidades da Verde Para Sempre em apoio às comunidades. Mas segundo a secretária do Comitê de Desenvolvimento Sustentável de Porto de Moz (CDS), Rosalina Magalhães, foi a primeira vez que um evento voltado à relação das crianças com a floresta foi realizado na reserva.
“Como filha do Arimum, mãe e representante do CDS, acredito que a atividade foi muito boa. As crianças nasceram aqui e já trazem um aprendizado de casa, mas fazer com que elas percebam e coloquem isso para fora, foi o diferencial”, afirma. “Elas ficam com esse aprendizado. As crianças sabem desde cedo que a floresta tem que ficar em pé para que elas e as futuras gerações desfrutem dessa riqueza”, conclui.
Para Milton Kanashiro, da Embrapa, os projetos técnico-científicos precisam abordar além das questões técnicas, também questôes no âmbito social e educacional para a comunidade. A valorização do dia a dia da comunidade e sua relação com a floresta é tradução do amor à Amazônia, acrescenta. “Minha esperança é que as referências dessa oficina, e de outras dessa natureza, possam sistematicamente ir desenvolvendo mentes, corações e atitudes das crianças em relação à floresta”, finaliza.
O projeto Gestão Sustentável de Florestas de Produção em Escala Comercial na Amazônia Brasileira - Projeto Bom Manejo fase 2 - é coordenado e executado pela Embrapa com o apoio financeiro da Organização Internacional de Madeiras Tropicais - ITTO (International Tropical Timber Organization), organização intergovernamental que promove o manejo florestal sustentável nas florestas tropicais. |
Ana Laura Lima (MTb 1268/PA)
Embrapa Amazônia Oriental
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