China: diversificação de exportações e produtos com maior valor agregado são oportunidades para o Brasil, comenta diplomata
China: diversificação de exportações e produtos com maior valor agregado são oportunidades para o Brasil, comenta diplomata
Oportunidades estratégicas para as commodities agrícolas brasileiras no mercado chinês foram apresentadas pelo diplomata Felipe Martiningui, da Embaixada do Brasil em Pequim, durante painel desta terça-feira, 13, do XXXIII Congresso Nacional de Milho e Sorgo. A China, país que mais produz grãos em todo o mundo, ocupa a segunda posição no ranking mundial de produção de milho – atrás dos Estados Unidos e seguido pelo Brasil – mas é o principal importador de soja.
Diante dos cenários entre China e Estados Unidos, da covid-19 e do conflito na Ucrânia, com medidas de recrudescimento do protecionismo agrícola, o diplomata enxerga duas possibilidades para o país asiático: autossuficiência ou diversificação, com busca por novas fontes de importação de produtos agrícolas, a exemplo dos protocolos assinados em maio deste ano para abertura do mercado chinês para milho, amendoim, farelo e concentrado proteico de soja, polpa cítrica e soro sanguíneo bovino, além de sorgo e uva, que já estão em estágio avançado de negociação.
“Para o Brasil, continuará a haver espaço para as commodities agrícolas, em curto e médio prazos. Outras considerações são a importância crescente da diversificação de produtos de exportação para China, como lácteos e frutas, a agregação de valor e a contínua atração de investimentos chineses para o setor agrícola no Brasil”, disse Martiningui. “Aprofundar a parceria sino-brasileira em todas as suas vertentes, buscando a ‘economia do conhecimento’, e onde o Brasil apresenta reais necessidades, é outro cenário importante”, descreveu.
Hoje, com a recuperação do plantel suíno na China, “com a progressiva superação da grave crise de peste suína africana”, novas oportunidades surgem, como maior demanda pelo milho, aumento nas importações do sorgo e maior consumo de carne pela população chinesa. Em relação às carnes, “previsões oficiais para 2031 indicam uma demanda de 100 milhões de toneladas (um incremento de 28% em relação a 2022), sendo 57 milhões de toneladas de carne suína, 26 milhões de toneladas de aves e 17 milhões de toneladas de carne bovina”, apresentou.
Autossuficiência
O governo chinês, com o 14º Plano Quinquenal (2021-2025), defendeu o objetivo de alcançar “um maior grau de autossuficiência em grãos, em particular, e, de modo geral, em alimentos”. Segundo o diplomata palestrante no Congresso, a previsão, para 2031, é alcançar um índice maior que 88% de autossuficiência em grãos; hoje, este número está em 80%. O país produz 91% do milho que consome. “Já em relação à cultura da soja, a produção corresponde a menos de 20% do que importa”, citou Felipe Martiningui, do Ministério das Relações Exteriores.
Entre as medidas de incentivo para aumento dessa produção, a China tem oferecido subsídios aos produtores de milho, soja e arroz; aumento dos incentivos a grandes municípios produtores de grãos; subsídios específicos ao plantio integrado (consorciado) do milho e da soja; apoio à substituição de cultivos por grãos e oleaginosas; e incentivo à construção de parques e clusters industriais de grãos e óleos vegetais. “Aperfeiçoar o armazenamento, oferecer maior capacidade nas aquisições e obter maior controle de mercado também são ações previstas”.
OGMs
Outra linha de investimento do governo chinês, segundo Martiningui, é na área de agrobiotecnologia. Entre as ações já anunciadas estão a criação de uma indústria de sementes moderna, política de estímulo à criação de grandes transnacionais chinesas, a consolidação da província de Hainan como uma espécie de “Vale do Silício Agrícola” e o incentivo à comercialização de novos produtos geneticamente modificados, com início para 2023.
Mercados americano e europeu
As visões americana e europeia sobre as commodities agrícolas brasileiras foram abordadas ao final do painel pelo secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Guilherme Bastos Filho. Ele ressaltou o forte desempenho do agro nacional, com recordes na produção e novos acessos a mercados internacionais. “Hoje já são mais de 50 países que importam nossos produtos agropecuários”, disse.
A Ásia, seguida da União Europeia, América do Norte e da América Latina e Caribe são os principais destinos das commodities agrícolas do Brasil. De janeiro a julho deste ano, o valor total exportado ultrapassou US$ 93 bilhões, sendo o estado de Mato Grosso responsável por US$ 20,1 bilhões desse montante, seguido por São Paulo, Paraná e Minas Gerais. O principal destino, a China, superou US$ 33 bilhões em importações. Na sequência, os Estados Unidos são responsáveis por quase US$ 6 bilhões, seguidos por Holanda, Espanha, Tailândia e Alemanha.
Saiba mais em http://observatorio.agropecuaria.inmet.gov.br/paineis/ComercioExterior/comercioExteriorBrasileiro/?lang=pt-BR
‘O mundo necessita da produção de milho da América do Sul’
Segundo Mario Gouvea, diretor de Inteligência de Mercado da multinacional de agronegócio e alimentos Bunge, a expansão da produção de etanol nos Estados Unidos reduziu o potencial exportador de milho. “O crescimento da moagem de milho para a produção de etanol limitou o potencial de expansão das exportações americanas desse cereal. Abre-se uma oportunidade para o aumento das exportações brasileiras”, disse Mario Gouvea, visão fundamentada, de acordo com ele, com a liberação, pela China, das importações do milho brasileiro. “O Brasil atenderá o crescimento da demanda global por milho”, concluiu.
SERVIÇO
XXXIII Congresso Nacional de Milho e Sorgo
Quando: 12 a 15 de setembro de 2022
Formato: Presencial no primeiro dia e on-line nos demais
Onde: Sete Lagoas-MG
Mais informações em www.abms.org.br/cnms
Informações sobre os cursos: www.abms.org.br/cnms/cursos.html
Guilherme Viana (MTb 06566/MG)
Embrapa Milho e Sorgo
Contatos para a imprensa
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Telefone: (31) 3027-1905
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