10/11/15 |   Produção vegetal

Pesquisas apontam potencial para redução da pegada hídrica nas lavouras de arroz

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Foto: Sebastião Araújo

Sebastião Araújo -
Experimentos buscam diminuir a utilização de água na irrigação e manter a produtividade do arroz. A redução pode chegar a 30% em estados como o Rio Grande do Sul, que é o principal produtor do grão no Brasil. Esse decréscimo significa economia da "água azul", recurso para irrigação oriundo de represas, lagos e rios e que é um dos fatores que compõem o cálculo da pegada hídrica  do produto.
 
Segundo dados de pesquisa, no Rio Grande do Sul, são aplicados 1,2 mil litros da "água azul" para cada quilo de arroz produzido. Essa quantidade, embora represente a metade do valor da pegada hídrica, pode ser reduzida para 840 litros, combinando diferentes manejos e técnicas de irrigação, que favorecem ainda mais a sustentabilidade ambiental. A outra metade da pegada hídrica do arroz vem da indústria do beneficiamento do grão.
 
Hoje o método de irrigação predominante para a cultura do arroz é a inundação contínua, que é a mais utilizada no Rio Grande do Sul e é a que, geralmente, propicia maior produtividade. Entretanto, estudos têm mostrado que é possível aumentar a eficiência no uso da água com a adoção da inundação intermitente.
 
Conforme o pesquisador da Embrapa Luís Fernando Stone, a irrigação intermitente pode ser empregada, por exemplo, na fase vegetativa de cultivo e, após esse período, iniciar a inundação contínua, já na fase reprodutiva, a partir da floração. Estudos no Rio Grande do Sul evidenciam que esse manejo não acarreta perdas nos índices de produtividade, que é de 7,8 mil quilos por hectare.
 
Para tanto, algumas condições devem ser observadas. O pesquisador explicou que ambientes com solos arenosos e com maior declividade, normalmente, requerem mais água. Da mesma forma, a demanda hídrica é maior em anos com temperaturas elevadas e umidade relativa do ar baixa ou com baixa precipitação.
 
Enfoque diversificado
 
Além desses pontos, a pesquisa sobre manejo da irrigação chama  atenção para outros elementos, tais como época de semeadura recomendada para determinada localidade; modo de preparo do solo (plantio direto ou convencional); modo de semeadura (plantio de semente ou método pré-germinado); capacidade de retenção de água pelo solo; e ciclo da cultivar.
 
Stone disse ainda que os produtores interessados em trabalhar com sistemas de irrigação intermitentes devem fazer a avaliação econômica do investimento, pois pode haver gastos na adequação do ambiente para um controle mais apurado do bombeamento de água, de construção de taipas (pequenos diques entre as lavouras) e dos canais de irrigação.
 
A melhoria em sistemas irrigados de arroz está ligada também a outras áreas de investigação científica que contribuem para a diminuição do uso da água. Por exemplo, o aprimoramento de práticas culturais no manejo de nutrientes e de plantas daninhas resulta em maiores produtividades do arroz, sem que a quantidade de água seja aumentada.
 
Embora o Rio Grande do Sul desponte como principal produtor de arroz irrigado por inundação, Santa Catarina, Tocantins e Mato Grosso do Sul se destacam também no setor orizícola, seguidos em escala reduzida e de forma pulverizada, pelo Paraná, Roraima, Ceará, Sergipe, Minas Gerais, Piauí, Goiás, Pernambuco, Alagoas, Maranhão, Bahia, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Espírito Santo e Rio Grande do Norte.
 
Sugestão de Leitura
 

Rodrigo Peixoto de Barros (MTb 1.077/GO)
Embrapa Arroz e Feijão

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