Embrapa recebe reconhecimento máximo da ABCSindi
Embrapa recebe reconhecimento máximo da ABCSindi
A Associação Brasileira de Criadores de Sindi (ABCSindi) outorgou a duas Unidades - Embrapa Semiárido e Embrapa Amazônia Oriental- a Medalha do Mérito Dr. Felisberto Camargo, distinção máxima da entidade para marcar as comemorações dos 70 anos de importação oficial da raça Sindi do Paquistão para o Brasil. A homenagem foi entregue na noite de quarta-feira (12), no Rio Grande do Norte.
A medalha foi instituída com o propósito de homenagear personalidades e instituições que, por suas atuações, envolvimento, dedicação e atitudes, contribuíram e destacaram-se na defesa, preservação, divulgação, fomento, evolução, melhoramento, reconhecimento e consolidação da pecuária brasileira.
O presidente da ABCSindi, Orlando Gadelha, afirmou que a premiação materializa-se como justa, merecida e oportuna, pois os homenageados contribuiram decisivamente para a vitoriosa e reconhecida trajetória de sucesso e consolidação da secular raça zebuína em nosso país. “É, portanto, uma honraria definitiva e especial, que a entidade concede desejando que fique eternizada como expressão do nosso mais alto reconhecimento, apreço e gratidão”, disse.
AChefe-geral da Embrapa Semiárido, Maria Auxiliadora Côelho de Lima, destaca que o rebanho bovino da raça Sindi é reconhecido pela Embrapa como um patrimônio genético com alto potencial de fortalecer a região Semiárida, considerando suas características de rusticidade e a comprovada adaptação a essas condições climáticas. A gestora explica que desde a década 80 esses animais vêm sendo estudados pela Embrapa Semiárido, mantidos isolados de qualquer outro bovino, isentando-os do risco de cruzamentos indevidos e de perda do padrão racial legítimo.
Maria Auxiliadora ressalta ainda a importância da genética do Sindi para a pesquisa e para os criadores de bovinos. O rebanho representa ampla oportunidade de atingir maior número de produtores em diferentes capacidades produtivas. Assim, é possível evoluir para o desenvolvimento de modelos de produção ajustados para as distintas realidades do Semiárido, integrando os recursos ambientais da região ao manejo desses animais, bem como agregando melhorias nos indicadores zootécnicos”.
Para o chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental, Walkymário Lemos, que recebeu a premiação em nome da Unidade, a homenagem é um marco para a ciência na Amazônia desses últimos 70 anos. “Foi um momento de muito orgulho para a história da nossa Unidade, para a história do nosso precursor, mostrando que pessoas (cientistas ou diretores) que pensam à frente do seu tempo deixam legados concretos para a sociedade brasileira”, disse.
Ambos os gestores receberam as homenagens em nome da Empresa.
O evento
A entrega da medalha ocorreu em cerimônia no Parque de Exposições Aristófanes Fernandes, em Parnamirim, Rio Grande do Norte, durante a realização da 60ª Festa do Boi, dentro da programação da Exposição Nordestina da Raça Sindi. O evento marcou o aniversário de 20 anos de exposições da raça em solo potigar e incluiu ainda a comemoração de 70 anos do desembarque oficial do gado Sindi em solo brasileiro, ocorrido em outubro de 1952.
Puro de Origem
A Embrapa mantém em Petrolina (PE) o Núcleo de Conservação da Raça Sindi no Semiárido, realizando estudos nas áreas de sanidade, reprodução, nutrição, adaptabilidade ao ambiente, além dos aspectos relacionados a qualidade do leite e carcaça desses animais
O rebanho de 110 animais, entre fêmeas e machos, é mantido isolado na Embrapa Semiárido há vários anos, o que tem assegurado as características da raça. Destes, 24 já possuem o registro na categoria PO - Puro de Origem. Os demais estão passando pelo processo de registro na Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ).
Um novo passo para a preservação do padrão racial da raça Sindi foi dado em julho deste, momento em que a Embrapa Semiárido firmou Termo de Cooperação Técnica com a ABCSindi. A parceria visa o registro genealógico do rebanho da Unidade. Dentre as atividades previstas está o levantamento de dados dos animais e a articulação junto a ABCZ para registro genealógico, no sentido de agilizar a avaliação e certificação do rebanho.
Conforme as regras da ABCZ, para um animal receber o registro de Puro de Origem, ele deve passar por um processo relativo à genealogia. A ABCZ é comunicada sobre acasalamentos e nascimentos de animais e, após o registro de nascimento, um técnico da associação deve visitar o rebanho para avaliar o animal e determinar se tem as características da raça. Havendo pureza, o animal poderá ser considerado PO.
O gado Sindi da Embrapa Semiárido é constituído por descendentes diretos da única importação específica dessa raça do Paquistão para o Brasil, ocorrida em 1952. A dupla aptidão para carne e leite, somada ao porte pequeno, valorizam sua rusticidade em cruzamentos voltados à geração de animais mais resistentes ambientes semiáridos.
Além da importância associada à genética, os estudos com a raça serão orientados ao estabelecimento de modelos de produção animal mais eficientes e adaptados ao Semiárido brasileiro, fortalecendo a pecuária regional com o Sindi. Essas características atendem à demanda crescente dos criadores e contribuem para a inovação do agronegócio brasileiro.
História
De acordo com o livro "Sindi, o gado vermelho para o semiárido", a chegada da raça se deve ao diretor do Instituto Agronômico do Norte (IAN) Felisberto de Camargo, que trouxe consigo, num avião cargueiro inglês fretado, 31 animais da raça, sendo 28 fêmeas e três reprodutores.
A empreitada, que foi chamada por alguns de excêntrica, e por outros de audaciosa, tinha o objetivo de estabelecer na sede do IAN, em Belterra (PA), um centro de pesquisa da raça sindi. O plano era fazer da região amazônica um local auto-suficiente em leite e manteiga e, depois, o Nordeste. A situação gerou um burburinho na esfera governamental e articulações foram necessárias entre Felisberto Camargo e o Governo federal, Ministério da Agricultura e Estados Unidos para garantir a presença da raça vinda da zona de Karachi, região do Sind, no Paquistão. Todos eram contra a inserção dos animais na Amazônia. O arquipélago de Fernando de Noronha foi o ponto improvisado para a quarentena dos animais, já que eles não podiam desembarcar em solo brasileiro, enquanto a situação não fosse resolvida. Felisberto saiu vencedor da batalha. A história pode ser confirmada no link: www.gov.br/fundaj/pt-
A adaptação do rebanho importado na Amazônia não se mostrou dentro das expectativas de Felisberto Camargo. Então, os animais foram transferidos tempo depois para a Embrapa Semiárido, a qual apresenta condições climáticas mais próximas da região do Paquistão.
Com o passar do tempo, o IAN ganhou novas denominações. Atualmente, recebe o nome de Embrapa Amazônia Oriental.
Clarice Rocha (MTb 4733/PE)
Embrapa Semiárido
Contatos para a imprensa
semiarido.imprensa@embrapa.br
Katia Pimenta (1267 DRT/PA)
Embrapa Amazônia Oriental
Mais informações sobre o tema
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www.embrapa.br/fale-conosco/sac/