Fórum do Pacto de Milão compartilha iniciativas internacionais de alimentação escolar
Fórum do Pacto de Milão compartilha iniciativas internacionais de alimentação escolar
Foto: Ricardo Elesbão
Gustavo Porpino, Kate MacKenzie, Rafael Zavala, Bent Mikkelsen, Harrison Freitas e Francine Xavier no debate
Iniciativas bem-sucedidas com alimentação escolar nas cidades de Copenhague, Nova York, Maceió e outros municípios alagoanos foram apresentadas durante o painel “Food in schools: fostering local food systems and biodiversity use (Alimentação escolar: fortalecendo sistemas alimentares locais e uso da biodiversidade)”, coordenado pela Embrapa Alimentos e Territórios e pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO Brasil). O evento integrou o 8th MUFPP Global Forum (8º Fórum Global do Pacto de Milão sobre Política Alimentar Urbana), que ocorre no Rio de Janeiro, de 17 a 19 de outubro.
Com o tema “Food to Feed the Climate Justice: urban food solutions for a fairer world (Comida para alimentar a justiça climática: soluções alimentares urbanas para um mundo mais justo)”, o Fórum foi realizado pela primeira vez na América Latina. O intuito do Painel foi trazer experiências que podem ser compartilhadas e implementadas nas mais diversas regiões, contribuindo para o desenvolvimento dos povos e territórios.
“O painel reforçou a importância de iniciativas que surgem por cidades mundiais, incluindo
municípios brasileiros, e que apontam para a necessidade premente de construir e consolidar uma aproximação entre as pessoas e a agricultura, em que sustentabilidade e saudabilidade são palavras-chaves. No caso da alimentação escolar, a participação de produtos locais é cada vez maior e tem permitido não só impactos na educação alimentar, saúde e nutrição, mas também na inclusão sócio-produtiva de agricultores urbanos e periurbanos”, observa Ricardo Elesbão, chefe de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Embrapa Alimentos e Territórios.
A diretora da Secretaria de Políticas Alimentares de Nova York, Kate MacKenzie, falou sobre ações adotadas pela prefeitura para facilitar o acesso à alimentação escolar saudável no município. O foco do programa desenvolvido apoia-se na conexão entre hábitos sustentáveis, consumo responsável e o papel da comunidade.
Assim, busca envolver tanto os educadores e as crianças, como seus familiares e os agricultores, envolvendo toda a comunidade, de forma a valorizar também o sistema de produção local, com a priorização pela compra de alimentos cultivados na região. Ao citar o plano Food Forward NYC, uma visão estratégica de como a cidade pode ampliar o acesso a alimentos saudáveis à população, MacKenzie disse que a meta é “integrar saúde, clima e equidade na agenda de alimentação urbana”.
O representante da FAO Brasil, Rafael Zavala (à esq.), destacou a importância de ações, que já estão sendo conduzidas no País, no sentido de dar preferência à aquisição de alimentos da agricultura familiar para a merenda, além dos esforços para fortalecer a identidade alimentar e os territórios, para que as crianças aprendam também a valorizar suas cidades. Ele ainda citou o programa de monitoramento da alimentação escolar no Brasil, que envolve cerca de 3 mil nutricionistas, responsáveis pelos cardápios das escolas públicas.
O professor Bent Egberg Mikkelsen, da Universidade de Copenhague, mostrou iniciativas que podem ser feitas tanto na Dinamarca quanto no Brasil ou em qualquer outro país, segundo ele, para ensinar as crianças a compreenderem os sistemas alimentares, mantendo-as engajadas com a alimentação sustentável. “Jovens estudantes podem ser cocriadores de sistemas alimentares mais justos e sustentáveis que almejamos promover”, enfatizou.
O analista de inteligência de negócios do Sebrae Alagoas, Harrison Freitas, apresentou o Concurso de Merendeiras, realizado no estado pelo Sebrae, com participação da Embrapa, do Senac, WWF e prefeituras alagoanas, entre outros parceiros. O propósito do concurso é estimular a aquisição de produtos da agricultura familiar e melhorar a qualidade do cardápio escolar nos municípios que fazem parte do Programa “Cidades Empreendedoras”, valorizando também o trabalho de merendeiras e nutricionistas.
De 2019 a 2022, o concurso que está na quarta edição já capacitou mais de 2.800 merendeiras. São 360 merendeiras participantes da iniciativa, com 50 nutricionistas capacitados e mais de 700 escolas impactadas diretamente, em 20 municípios, sendo que as receitas vencedoras são selecionadas para o cardápio das escolas.
A representante do Instituto Comida do Amanhã Francine Xavier intermediou o debate, abordando que é fundamental pensar a alimentação escolar desde a produção, até a distribuição e o consumo. Para ela, as iniciativas vistas no Painel demonstram o quanto é importante que a sociedade e os governos estejam mobilizados nessa causa.
Xavier citou o programa brasileiro de alimentação escolar, que promove a inclusão da agricultura familiar e dos povos tradicionais, contribuindo para o desenvolvimento local, a circularidade, a educação alimentar e nutricional, e dando garantia ao direito à alimentação para todas as pessoas. “Nós temos condições de transformar a sociedade com essa ferramenta”, afirmou, lembrando que há grandes desafios para a implantação dessa política, principalmente devido às dimensões territoriais do Brasil, que é como fazer para que a valorização saia do papel e entre na realidade dos municípios.
“O debate nos mostrou que fortalecer políticas e programas de alimentação escolar também diz respeito a dinamizar as economias locais por meio de compras públicas, fortalece a conexão alimentação e saúde e, sobretudo, dá dignidade a todas as pessoas envolvidas no círculo virtuoso que se forma, tais como pequenos produtores, merendeiras e milhares de estudantes”, avalia Gustavo Porpino, analista da Embrapa Alimentos e Territórios, que coordenou o Painel.
De acordo com ele, “a alimentação escolar também é uma ferramenta educativa, capaz de mudar as escolhas alimentares de crianças, para serem mais saudáveis e tornar cada estudante um agente de mudança, no sentido de se promover um sistema alimentar mais justo e mais fortemente baseado em alimentos locais de qualidade”.
Realizado no dia 17 de outubro, o painel teve apoio da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Instituto Comida do Amanhã e Sebrae Alagoas. Contou com recursos do Projeto Dom Hélder Câmara (PDHC), coordenado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e cofinanciado pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida).
O supervisor de Inovação e Tecnologia da Embrapa Alimentos e Territórios, Aluísio Goulart, destaca a importância das parcerias para a superação dos desafios e alcance das metas globais de alimentação sustentável. “A integração e a cooperação são essenciais. Não é possível construir políticas públicas para a alimentação sem essa percepção. Ou seja, é preciso somar esforços de iniciativas públicas, privadas e do terceiro setor”, ressalta. “Esse é o objetivo da participação no Fórum com o Painel em que a Embrapa e os parceiros Sebrae Alagoas, FAO e Instituto Comida do Amanhã compartilharam experiências nacionais e propostas conjuntas que podem se configurar em políticas públicas”, complementa.
Nadir Rodrigues (MTb/SP 26.948)
Embrapa Alimentos e Territórios
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