Embrapa leva hortaliças tradicionais a quilombolas de Pernambuco
Embrapa leva hortaliças tradicionais a quilombolas de Pernambuco
Promover a soberania alimentar de comunidades quilombolas, por meio do aumento da oferta de alimentos variados, rústicos e cujas sementes possam ser multiplicadas pelas próprias comunidades. Com esse objetivo, entre os dias 1º e 5 de fevereiro, o pesquisador Nuno Madeira, da Embrapa Hortaliças (Brasília-DF), viaja para a região de Salgueiro, no sertão de Pernambuco. Ali, ele irá implantar Unidades Demonstrativas em comunidades quilombolas, com tecnologias de produção sustentável de hortaliças e materiais da Embrapa. O pesquisador está levando ainda materiais de hortaliças não-convencionais, também chamadas de tradicionais As plantas selecionadas são inhame, também conhecido como cará, araruta, ora-pró-nóbis, mangarito, jacatupé e vinagreira, uma espécie introduzida no Brasil por escravos africanos.
A atividade faz parte do Projeto Semente Crioula – Resistência Quilombola: soberania alimentar na caatinga, uma iniciativa da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (SEPPIR) , com o apoio da Agência Canadense para o Desenvolvimento Internacional (CIDA), em parceria com a Embrapa, o Centro de Cultura Luiz Freire (CCLF) e associações quilombolas do sertão de Pernambuco.
O pesquisador da Embrapa Hortaliças também é responsável por um projeto que está estimulando pequenos agricultores a resgatar o cultivo e o consumo de variedades de hortaliças tradicionais, que têm perdido espaço com a padronização da oferta de alimentos. Para ele, mais que um resgate de alimentos: "ações que visem a incentivar o consumo de variedades locais são fundamentais para a diversidade e riqueza da dieta das populações, para a perpetuação de bons hábitos alimentares e valorização do patrimônio sócio-cultural do povo brasileiro", destaca.
Nuno Madeira explica que as hortaliças não-convencionais são aquelas com distribuição limitada, restrita a determinadas localidades ou regiões, exercendo grande influência na alimentação e na cultura de populações tradicionais. "Além disso, são espécies que não estão organizadas enquanto cadeia produtiva propriamente dita, diferentemente das hortaliças convencionais, como batata, tomate, repolho, alface etc., não despertando o interesse comercial por parte de empresas de sementes, fertilizantes ou agroquímicos."
O projeto inicialmente está sendo implantado em Minas Gerais, nas cidades de Juiz de Fora, Montes Claros, Três Marias, Varzelândia e Prudente de Morais. A iniciativa conta com o apoio da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) da Emater-MG e da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig). Segundo Nuno Madeira, a Embrapa Hortaliças está implantando bancos de multiplicação desses materiais. Ele destaca que a criação desses bancos é feita sempre de forma coletiva e em parceria com órgãos de extensão rural ou associações de produtores.
Marcos Esteves (MTB 4505/14/45v/DF)
Embrapa Hortaliças
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