Evento internacional destaca oportunidades para cultivos tropicais de frutas, flores e hortaliças
Evento internacional destaca oportunidades para cultivos tropicais de frutas, flores e hortaliças
Foto: Felipe Rosa
Pesquisador da Embrapa e secretário-executivo da ISTH,Ricardo Elesbão, destacou o potencial das frutas tropicais para saúde e alimentação.
Existe uma grande diversidade de frutas e hortaliças tropicais nas Américas, algumas com grande potencial para consumo e propriedades importantes para a saúde e alimentação, mas o mundo conhece poucas e mesmo nas suas regiões de origem se consome uma variedade pequena de frutas tropicais. "O mercado de frutas mundial é focado em frutas de clima temperado, as frutas tropicais talvez alcancem apenas 15% do que é consumido no mundo", disse o pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza, CE), Ricardo Elesbão, ao chamar a atenção que o potencial das frutas tropicais precisa ser melhor aproveitado.
Na região tropical das Américas são mais de 1.300 espécies de frutas e na zona tropical do Brasil existem cerca de 500 espécies de frutas. Frutas como araçá-boi, camu-camu, acerola,por exemplo, já são reconhecidas pela grande importância para a saúde. Algumas exceções entre as frutas tropicais conseguem ganhar espaço em outros países, como o açaí.Porém existem muitas outras frutas com estudos iniciais que indicam propriedades importantes mas ainda precisam ser melhor conhecidas. "Na Amazônia, no Cerrado e em outras regiões do Brasil existem várias espécies que precisam ser mais estudadas para que possam ser melhor aproveitadas e comercializadas. Algumas podem ter muito impacto inclusive para a saúde humana", disse Elesbão, que realizou estudos sobre compostos bioativos presentes nas frutas tropicais e defende a necessidade de mais pesquisas com enfoque nos efeitos dessas frutas para a saúde, assunto abordado durante a conferência de abertura da 61ª Reunião Anual da Sociedade Interamericana de Horticultura Tropical (sigla em inglês ISTH). A reunião acontece em Manaus desde segunda-feira, 23, onde participam pesquisadores de vários países do continente americano.
As atividades da 61ª ISTH prosseguem até quarta-feira, 25, na área da Faculdade de Ciências Agrárias da Ufam e na quinta-feira, 26, serão realizadas excursões técnicas em visita a áreas de agricultores produtores de hortaliças no município de Iranduba(AM) e à coleção de fruteiras nativas da Embrapa Amazônia Ocidental, no km 29 da rodovia AM-010 em Manaus.
Na quarta-feira, 25, é o último dias das apresentações quando serão realizadas duas conferências: Às 8h, sobre Novo Marco Legal da Biodiversidade do Brasil. Às 8h50, a conferência será sobre Hortaliças e Frutas não convencionais do Brasil. Em seguida, às 10h, serão discutidas oportunidades de novos mercados para horticultura tropical, em mesa-redonda com as seguintes palestras: Desafios à competitividade da fruticultura; Produção e comercialização de hortaliças para mercados étnicos; Flores e plantas ornamentais tropicais nativas da América - oportunidades de mercado; Produção de hortícolas e acesso ao mercado.
A presidente do evento, pesquisadora da Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus-AM), Aparecida Claret, destacou que nesta 61ª ISTH estão sendo apresentados 158 trabalhos de pesquisas atuais sobre horticultura tropical (que inclui hortaliças, frutas e flores), além das conferências e mesas-redondas. O evento é uma promoção da Sociedade Interamericana de Horticultura Tropical e, em Manaus, está sendo realizado em parceria pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A reunião tem o apoio da Sociedade Brasileira de Fruticultura, da Associação Brasileira de Horticultura e Sociedade Brasileira de Flores e Plantas Ornamentais. Participam pesquisadores do Brasil e de países como Venezuela, México, Canadá e Estados Unidos.
Na abertura do evento, o chefe-geral da Embrapa Amazônia Ocidental, Luiz Marcelo Brum Rossi, destacou a importância de discutir a produção vegetal de plantas hortícolas, frutas e flores na região tropical, e disse que o tema se reveste de desafios bem maiores na região amazônica, citando como exemplo: as dificuldades de produção vegetal com a alta temperatura e alta umidade, os desafios logísticos e de acesso a mercados, a necessidade de estudos de prospecção para conhecer a biodiversidade, a domesticação de espécies, o conhecimento para produção em escala e a necessidade de adaptação às mudanças climáticas. O vice-reitor da Ufam, Ednaldo Narciso Lima, destacou a parceria entre Ufam e Embrapa, em pesquisas, na pós-graduação e também na realização desse evento internacional em Manaus. Para o vice-reitor, um dos grandes desafios das pesquisas é a incorporação de exemplares da biodiversidade para torná-los produtos de atividade econômica.Lima disse que, embora os temas em discussão não sejam restritos às demandas do Amazonas, o evento é uma grande oportunidade para discutir questões da agricultura tropical no contexto amazônico.
Desafios para a Amazônia – Um dos conferencistas da 61ª ISTH, o pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental (Belém-PA), Alfredo Homma, defendeu que precisa se buscar alternativas para incrementar a produção de hortaliças e frutas regionais na região amazônica como oportunidade para gerar emprego e renda para a população rural. Para isso, Homma argumenta que são necessárias pesquisas científicas para aumentar a oferta de tecnologias que apoiem essa produção, mais assistência técnica, políticas para redução no alto custo de insumos e ações para baixar o custo de recuperação das áreas degradadas para, enfim, incorporá-las ao processo produtivo. O pesquisador aponta como oportunidade o abastecimento de mercados locais. "Temos o desafio de alimentar duas grandes metrópoles da Amazônia, Belém e Manaus, cada uma com mais de 2 milhões de habitantes,"diz Homma, citando que essas cidades atualmente precisam importar frutas e hortaliças do sul e sudeste do Brasil. Ele faz a ressalva que alguns produtos por serem de clima temperado , como cebola e batata, sempre vão depender de importação, porém há várias hortaliças regionais que podem ter produção local. "Com a crise de água no sul e sudeste, não podemos depender da importação de hortaliças de lá, temos que buscar condições de produzir aqui", afirma.
Romper com a dependência no abastecimento – A discussão sobre o abastecimento local de frutas e hortaliças também foi destacado na cerimônia de abertura por representantes do Governo do Estado e representantes do setor produtivo. O presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Amazonas (Faea), Muni Lourenço, lembrou que o estado do Amazonas depende da importação de alimentos de outras regiões e disse que é preciso desenvolver alternativas econômicas para o setor agropecuário, para sair da dependência quase exclusiva da economia concentrada na capital com o Pólo Industrial de Manaus. "Hoje é desafio de todos nós buscarmos que nosso Estado possa obter no mais curto espaço de tempo autossuficiência nos alimentos consumidos pela nossa população, sobretudo para geração de emprego e renda no interior do estado", disse Lourenço. O secretário-executivo da Secretaria de Produção Rural (Sepror-AM), Valdenor Cardoso, citou que o Amazonas tem 77% do Produto Interno Bruto (PIB) dependente do pólo industrial e que o setor primário tem apenas 8% de participação no PIB. "O Governo do Estado está preocupado com essa questão e está se organizando para enfrentar esse grande desafio de interiorizar o desenvolvimento e diversificar nossa economia", afirmou. Ambos ressaltaram a necessidade de buscar base técnica e científica para avançar nesse sentido.
Exposições – Em paralelo às apresentações e debates acadêmicos, ocorre no hall da Faculdade de Ciências Agrárias, uma feira com produtos de agricultores familiares e estandes de instituições com publicações relacionadas aos temas em discussão. No estande da Ufam estão à venda publicações acadêmicas e no estande da Embrapa foi feita a apresentação da cultivar de maracujá BRS Pérola do Cerrado e lançamento do livro A Cultura da Melancia.
Síglia Souza (MTb 66/AM)
Embrapa Amazônia Ocidental
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