Eventos discutem soluções em ILPF para Zona da Mata e Semiárido de AL
Eventos discutem soluções em ILPF para Zona da Mata e Semiárido de AL
A Embrapa e a rede de parceiros estaduais promoveram, de 21 a 23 de novembro, dois encontros para troca de conhecimentos e experiências em modelos de sistemas de Integração Lavoura – Pecuária – Floresta (ILPF) para Alagoas.
Na segunda (21), o foco foram alternativas forrageiras para a Zona da Mata de Alagoas, tanto em sistemas integrados como em cultivo solteiro. O Painel de Especialistas, promovido em parceria da Embrapa, Rede ILPF, Sebrae Alagoas e Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (FIEA), foi resultado de demandas apresentadas pelo setor produtivo do estado.
O foco foi debater e compartilhar conhecimentos com produtores, assessores e consultores técnicos, técnicos da Emater-AL, professores e pesquisadores sobre a indicação de forrageiras para da Zona da Mata Alagoana, além de planejar a instalação de Unidades de Referência Tecnológica para testar e demonstrar no campo as cultivares mais bem adaptadas e com melhor desempenho para a região.
No auditório da FIEA, os pesquisadores da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS) Mateus Santos e Roberto Giolo abriram os debates e compartilharam as experiências da rede de pesquisa da Embrapa em novas cultivares de forrageiras para o Brasil. O encontro seguiu por todo o dia com debates com participação do pecuarista José Nogueira Filho, o pesquisador da UFAL Philipe de Amorim e o zootecnista da AW Assessoria Pecuária Alexis de Oliveira.
Demandas do setor
A agenda geral é buscar soluções que tragam ganhos de produtividade aos pecuaristas e ajudem a mitigar e prevenir as áreas de pastagens degradadas na região e em todo o país, que tem grande tradição de pecuária a pasto.
Grande parte da pecuária nacional é sustentada por rebanhos mantidos exclusivamente em pastagens, devido à extensão do território nacional às características edafoclimáticas do país, sendo essa, também, a realidade de Alagoas. Nesse sentido é necessário atender à demanda por melhores forrageiras para cada região, bem como estabelecer manejo de solo, planta e do próprio rebanho, visando o aumento da produtividade de carne e leite e evitando, assim, a degradação dos pastos.
Semiárido
Nos dias 22 e 23 de novembro, assistentes técnicos alagoanos participaram de mais um módulo – ILPF para o Semiárido – da capacitação continuada "ILPF na Zona da Mata e Agreste de Alagoas", desta vez com foco principal em sistemas integrados para o Sertão.
O curso é uma continuação de treinamentos presenciais realizados em 2019, on-line em 2020 e híbridos em 2021, e é coordenado pela Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE) e Embrapa Florestas (Colombo, PR).
O primeiro dia foi reservado a palestras e apresentações, no auditório do Sebrae em Maceió.
O pesquisador Rafael Tonucci, da Embrapa Caprinos e Ovinos (Sobral, CE), abriu os trabalhos, abordando Sistemas de ILPF para produção agrícola sustentável na Caatinga. Rafael Dantas, da Embrapa Semiárido (Petrolina, PE), apresentou as forrageiras utilizadas em sistemas integrados para o Semiárido, e o uso da leguminosa gliricídia nesse tipo de sistema, que vem sendo estudado e validado pelo pesquisador Henrique Rangel, da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE), coordenador das pesquisa com ILPF para o Nordeste. O representante do Projeto Rural Sustentável Caatinga Adriano Ferreira da Silva concluiu as apresentações, abordando ‘Paisagens rurais sustentáveis no Semiárido Alagoano’.
A quarta (24) foi reservada para a visita à Fazenda Ibiporanga, em Olho d’Água das Flores, no sertão de Alagoas, onde a Agropecuária Lagoa do Mato implantou um sistema de Integração Pecuária Floresta (IPF) com espécies nativas combinadas com a criação de gado de leite. Nesse sistema, a fazenda chega a produzir 15 mil litros de leite por dia. A apresentação do sistema foi feita pelo engenheiro-agrônomo Victor dos Anjos, neto do produtor Luís Antônio dos Anjos, um dos responsáveis pela implantação da fazenda.
O objetivo das capacitações é ampliar a área utilizada com sistemas silvipastoris na Zona da Mata e Zona do Agreste de Alagoas. A iniciativa envolve ações em duas frentes - a instalação em campo de áreas demonstrativas das soluções tecnológicas e a capacitação continuada de assistentes e consultores alagoanos, que atenderão a demandas de produtores para implantação de sistemas integrados adaptados às regiões.
A capacitação é uma iniciativa da Embrapa, do Sebrae-AL e da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (FIEA), e conta com a parceria nacional da Associação Rede ILPF e parceria local da Superintendência do Ministério da Agricultura em Alagoas, Emater/AL, Fazenda São Sebastião do Bonito - Grupo Álvaro Vasconcelos e Fazenda Buenos Aires, do produtor José Nogueira Filho.
Sistema
O sistema silvipastoril envolve atividades pecuárias e florestais realizadas na mesma área, em cultivo consorciado de árvores e pastagens. São estratégias de uso da terra que visam a sustentabilidade econômica, social e ambiental.
Em Sistema Silvipastoril, a produção pecuária é beneficiada pela melhoria das condições ambientais, contribuindo para o bem-estar animal. A criação de animais ao ar livre, em uma pastagem adequadamente arborizada, é capaz de contribuir para o sequestro de carbono, para menor emissão de óxido nitroso e para amitigação da emissão de gás metano pelos ruminantes, gases que são componentes importantes no aquecimento da atmosfera global (efeito estufa).
Além de contribuir para a proteção do solo contra a erosão, recuperação de pastagens degradadas, ciclagem de nutrientes e diversificar as fontes de renda da propriedade rural. É também uma alternativa para incorporar a produção de madeira ao empreendimento pecuário e obter renda oriunda do componente arbóreo. Entretanto são sistemas que necessitam de planejamento técnico, manejo e adequação às condições de cada local de cultivo.
Saulo Coelho (MTb/SE 1065)
Embrapa Tabuleiros Costeiros
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