Em audiência na Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em Brasília, na tarde da quinta-feira, dia 26, foi apresentado e encaminhado um projeto piloto que visa a autorização, por doze meses, para um estudo sobre o recolhimento e destinação de animais mortos nas propriedades rurais em Santa Catarina. De acordo com o pesquisador da Embrapa, Everton Krabbe, a proposta tem como principal propósito subsidiar o Projeto TEC-DAM (Tecnologias para a Destinação de Animais Mortos), liderado pela Embrapa. "Caso a proposta seja aprovada pelo MAPA, o projeto ocorrerá com maior velocidade e representatividade da realidade de campo", explicou o pesquisador. É importante destacar que, caso seja autorizada, esta seria a primeira experiência de campo tratando sobre o tema e os resultados permitirão a geração de conhecimento para posterior definição quanto a possíveis destinações de carcaças de animais mortos e restos de parto. "O tema é muito complexo e demanda cautela, uma vez que o Brasil é um grande exportador de carnes. Tomadas de decisões futuras sobre o tema precisarão ser debatidas com a cadeia produtiva antes de qualquer recomendação e normatização", enfatizou Everton. Neste momento, trata-se de um estudo no Estado de Santa Catarina, devido a proximidade com a Embrapa, instalada em Concórdia/SC, viabilizando assim aspectos de logística e operacionalização das atividades de campo. O projeto TEC-DAM estudará diversas rotas tecnológicas e uma delas será a produção de farinhas e gorduras. Durante a execução deste projeto piloto, será identificada uma unidade de produção de farinhas já existente e que passará a constituir uma Unidade de Referência Tecnológica, com dedicação exclusiva ao processamento de animais mortos. A proposta apresentada ontem estabelece que todo o processo seja supervisionado pela CIDASC, MAPA e EMBRAPA. O projeto prevê, ainda, rastreabilidade desde a propriedade rural até a destinação dos produtos gerados, que serão gorduras destinadas exclusivamente para biodiesel e farinhas exclusivamente para fertilizantes organominerais. "Desta forma, nenhum produto chegará à indústria de produção de alimentos para consumo animal e, por consequência, na mesa do consumidor emo forma de carne, ovos ou derivados", destacou. Outro ponto positivo desta proposta é que ela permite acelerar as pesquisas de forma prática, mantendo as cadeias produtivas isentas dos produtos gerados e permitirá uma avaliação técnica e econômica do processo. Todo o trabalho seguirá normas de biossegurança, mitigando riscos. A proposta foi criteriosamente elaborada e cumpre rigorosos critérios de manuseio a campo, durante o transporte e industrialização, inclusive com a criação do Documento de Trânsito de Animais Mortos - DTAM, a ser integrado no sistema de controle oficial. De acordo com o pesquisador da Embrapa, neste momento é importante compreender que todos os esforços estão sendo integrados de forma sinérgica e construtiva. "Não se trata de algo definitivo e na medida em que os resultados forem sendo gerados é que o Brasil poderá definir quais rumos tomar neste assunto". A proposta foi apresentada pelo secretário de Estado da Agricultura e a Pesca de Santa Catarina, Moacir Sopelsa. Também estiverem presentes o superintendente do Ministério da Agricultura em Santa Catarina Jacir Massi, o presidente da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina – Cidasc Enori Barbieri, o diretor executivo do Sindicarne Ricardo de Gouvêa, o deputado federal Valdir Colatto, o deputado Mauro De Nadal, o prefeito de Modelo/SC Ricardo Maldaner, o secretário Décio Coutinho, além de outras autoridades. Este projeto piloto foi elaborado com a colaboração da Secretaria de Agricultura de Santa Catarina, da Embrapa e da Cidasc e apresentado aos representantes das agroindústrias e dos produtores rurais durante reunião no dia 19, em Concórdia/SC.