Desafios de inovação são tema de apresentação na Câmara Setorial de Fruticultura
Desafios de inovação são tema de apresentação na Câmara Setorial de Fruticultura
Desafios de inovação para a fruticultura” foi o tema da apresentação feita pelo pesquisador e chefe-geral da Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA), Francisco Laranjeira, na última reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Fruticultura, realizada de forma virtual no dia 22 de novembro. Ele focou na atuação da Unidade com fruteiras tropicais, reiterando que outras Unidades da Embrapa têm programas semelhantes com outras culturas frutíferas.
Antes de entrar no tema propriamente dito, Laranjeira salientou que o trabalho desenvolvido pela Embrapa apresenta um lucro social bastante significativo. “Para cada real investido na Embrapa em 2021, foram retornados mais de R$ 23 em tecnologia, conhecimento e empregos para a sociedade. Isso envolve tudo, não é dado específico da fruticultura. Esse retorno social acontece sempre em forma de tecnologias desenvolvidas a partir de desafios que a Embrapa se impõe em termos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico”, informou.
Desafios que envolvem, segundo Laranjeira, no caso da fruticultura, desde mecanização, trabalhos com frutas nativas, eficiência de irrigação e estresses abióticos a questões relacionadas com pragas e doenças, segurança fitossanitária nas mais diversas culturas, incluindo a preocupação com pragas quarentenárias ausentes, como a raça 4 tropical do fungo Fusarium (R47), uma ameaça aos bananais brasileiros, já identificada na Colômbia e no Peru, e pragas quarentenárias presentes, como o HLB dos citros, que acomete pomares do Centro-Sul do Brasil. Ele citou ainda questões relacionadas com a pós-colheita e sistemas de produção de baixo impacto ambiental nas mais diferentes faces da fruticultura tropical.
De acordo com o pesquisador, esses objetivos se enquadram em uma das seguintes metas de pesquisa, desenvolvimento e inovação: competitividade e sustentabilidade; recursos naturais; agregação de valor; segurança zoofitossanitária; biomassa, resíduos, bioinsumos e energia renovável; desenvolvimento regional e inclusão produtiva; enfrentamento de mudanças climáticas; e agricultura de precisão e digital.
Para enfrentar esses desafios, Laranjeira informou que a Embrapa Mandioca e Fruticultura lança mão de algumas ferramentas internas, como os campos avançados. “Temos pesquisadores em diversos estados brasileiros, em interação diária com as cadeias produtivas.” Outra ferramenta utilizada, segundo ele, são as análises estratégicas, principalmente o trabalho de priorização, que permite uma atuação com mais foco, identificando os territórios de demandas e influência, já que não é possível o corpo técnico estar presente em todos os lugares do Brasil ao mesmo tempo. “Claro que essas análises são seguidas de uma validação. Trabalhamos com painéis de especialistas realizados nos mais diversos polos produtivos, como os painéis realizados com citricultores em São Paulo e bananicultores no Norte de Minas. Validamos as análises junto com o setor produtivo para que tenhamos convicção de que estamos trabalhando, dentro das nossas possibilidades, com o que é mais relevante para as cadeias produtivas das culturas de nosso portfólio.”
A Embrapa Mandioca e Fruticultura tem desenvolvido também uma atuação baseada na visão MIT: Mercado, Implementação e Tecnologia. “Muitas vezes vimos desenvolvimentos tecnológicos que eram de difícil implementação ou que, apesar de uma implementação viável, não eram assim tão desejáveis pelo mercado. Estamos evoluindo cada vez mais para uma visão equilibrada da inovação em que os desenvolvimentos tecnológicos estão cada vez mais vinculados com sua viabilidade a campo e com a desejabilidade pelo mercado. Essa visão mais equilibrada da inovação permite que nós façamos uma análise desses desafios em longo prazo e possamos tomar decisões que sejam mais condizentes com um uso eficiente de recursos colocados na pesquisa, desenvolvimento e inovação”.
Exemplos de desafios na fruticultura
A partir daí, o chefe-geral listou alguns exemplos das prioridades estabelecidas para as principais culturas trabalhadas na Unidade. Em relação ao abacaxi, destacou o trabalho realizado com o BRS Imperial. “Trata-se de uma variedade desenvolvida pela Embrapa bastante resistente à fusariose, com altíssima qualidade de fruto. No entanto, do ponto de vista de implementação e chegada ao mercado em larga escala, precisamos fazer ajustes no sistema de produção junto com o setor produtivo.”
No caso da banana, ele apontou as ações relacionadas ao R4T, com destaque para quatro grandes projetos focados no desenvolvimento de variedades resistentes a essa praga. Ele mencionou também como prioridade a diversificação de variedades, pois há um número muito restrito de variedades de banana hoje no mercado brasileiro. Laranjeira aproveitou para falar sobre a BRS Terra-Anã, cultivar de banana-da-terra lançada no início de novembro no estado de Mato Grosso. “Por enquanto adaptada a Mato Grosso e ao Vale do Ribeira [SP], a BRS Terra-Anã é uma variedade de porte baixo, ou seja, menos suscetível à queda ocasionada por ventos, elevada produtividade — maior 53% quando comparada às variedades locais — e contém mais amido resistente, que é um amido melhor para nutrição”, informou.
No que diz respeito à cultura dos citros, há também prioridades vinculadas a questões fitossanitárias, mitigação de problemas relacionados a mudanças climáticas e a novas variedades. “Nos últimos dez anos, os porta-enxertos da Embrapa ou indicados pela Embrapa alcançaram uma fatia de mercado, que hoje está em 6,4% no estado de São Paulo. E a tendência é crescer cada vez mais, porque são porta-enxertos vinculados a algumas questões que estamos tratando, como genética de precisão”, acrescentou.
No caso do mamão, as prioridades estão focadas em desenvolvimento de linhagens e híbridos que sejam utilizados para negociação com o setor privado. “A Embrapa não pretende lançar esse material por conta própria, será em codesenvolvimento com a iniciativa privada.” Com o maracujá, segundo Laranjeira, vai ocorrer a mesma coisa. Ele exemplificou com a variedade de maracujá roxo que está sendo desenvolvida. “Já temos um contrato de codesenvolvimento com uma empresa do setor. O objetivo é que esse maracujá roxo tenha maior resistência à virose. A qualidade desse material é excelente. A ideia é que seja exportado, por exemplo, para a Europa, e possa ser utilizado para produção de suco e também já seja adaptado a sistemas orgânicos de produção.”
Laranjeira reforçou a questão de parcerias constantes para o desenvolvimento de projetos em codesenvolvimento, destacando os relacionados a bioinsumos, principalmente na bananicultura. “Temos também um trabalho forte em ciência de dados voltado para o zoneamento agrícola de risco climático para banana, citros, abacaxi... Focamos ainda em possíveis desenvolvimentos na área de agricultura digital e biotecnologia avançada. Procuramos uma adequação mais precisa dos materiais que temos aos diversos polos de produção. E isso a gente não consegue sozinho. Só consegue com a associação com o setor privado. Estamos sempre abertos a ideias que venham da iniciativa privada. Um exemplo disso é o edital de inovação aberta que lançamos no ano passado, o Inovafrut, que foi um sucesso. De lá, surgiram diversos projetos”, completou.
Alessandra Vale (Mtb-RJ 21.215)
Embrapa Mandioca e Fruticultura
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