Ordenamento agroambiental é instrumento para sustentabilidade da agricultura
Ordenamento agroambiental é instrumento para sustentabilidade da agricultura
O ordenamento agroambiental, como um conjunto de práticas para o meio rural, traz benefícios importantes ao meio ambiente, tanto sob condições antrópicas quanto sob condições naturais, já que é uma proposta de caráter mais sustentável, contribuindo assim com o aumento da produtividade e, consequentemente, com a geração de renda.
Conforme o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente Marco Gomes, um dos autores de estudo sobre este assunto, os benefícios ambientais são os prestados pelos diversos agentes econômicos para conservação ou recuperação dos recursos naturais. “Podemos destacar a recuperação e manutenção da mata ciliar; construção de terraços; e recuperação de áreas degradadas. Já os Serviços Ecossistêmicos são os que ocorrem pela ação da natureza, quando é disponibilizado um recurso com possibilidade de ser usado pelo homem”, explica Gomes.
“Tal conjunto de práticas contempla a recomposição da vegetação junto às nascentes e margens dos cursos d’água, o aumento da produção de água, o manejo adequado do solo, que contribui para a recarga do lençol freático e a eliminação ou redução de processos erosivos. Nessas condições, ocorre maior fixação do carbono no solo, com a consequente redução dos gases de efeito estufa, bem como a formação de um microclima, o que permite minimizar em âmbito local as alterações climáticas de caráter global”, destaca o pesquisador.
Assim, em um ambiente mais controlado e sustentável, é possível monitorar, com mais precisão, variáveis como umidade e temperatura, permitindo a adoção de cultivares mais resistentes aos déficits hídricos que, eventualmente, possam ocorrer durante o ano agrícola.
Esse ordenamento possui como base de conhecimento técnico-científico a integração de informações sobre geologia, solos – classificação e aptidão agrícola, relevo, clima, profundidade do lençol freático e práticas agrícolas com visão sustentável no contexto de microbacias e sub-bacias hidrográficas.
“Com essas informações, podemos realizar ações que ajudam a restabelecer os sistemas, como a estratificação de ambientes - definição dos compartimentos, de acordo com a capacidade de uso do solo; práticas agrícolas integradas - integração-Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) /consórcios de floresta e cultivos; manejo e conservação do solo e da água. Além disso, podem ser agregados os Serviços Ambientais e os Serviços Ecossistêmicos”, acredita o pesquisador.
Implantação do processo
A estratificação de ambientes foca na compreensão da paisagem como uma ferramenta fundamental nos trabalhos de planejamento e uso da terra. É resultante da interação de diversos fatores, tais como climáticos, geológicos, geomorfológicos, pedológicos e biológicos em um determinado tempo. O compartimento solo, por exemplo, é resultado da ação conjunta dos fatores citados e é um excelente estratificador de ambientes, uma vez que ele se distribui na paisagem em diferentes classes ou tipos, permitindo assim o planejamento adequado de uso e ocupação da terra.
Já as práticas agrícolas integradas, por sua vez, envolvem os sistemas de cultivo que contemplam, de fato, as diversas formas de manejo comumente adotadas para uma determinada cultura agrícola, com a intenção de produzir de acordo com uma combinação lógica e ordenada de atividades e operações.
Entre tais sistemas de cultivo, destacam-se o sistema de sucessão de culturas, que ocorre quando o produtor repete uma sequência de dois cultivos na mesma área por vários anos. Um exemplo é o caso da soja no verão e trigo no inverno onde esta situação é viável, ou soja no verão e milho no outono/inverno. O sistema de rotação de culturas, que alterna de forma ordenada e cíclica diferentes culturas agrícolas em uma mesma área produtiva, o sistema de consorciação de culturas ou policultivo, caracterizada pelo cultivo de duas ou mais culturas na mesma área agrícola em um mesmo período de tempo e o ILPF, que explora diversas atividades agrícolas (produção de grãos, pecuária e floresta), de forma integrada na mesma área, proporcionando o uso mais eficiente dos recursos naturais. Por ser um sistema de produção que engloba práticas conservacionistas, gera menor impacto sobre o meio ambiente, uma vez que adota boas práticas agropecuárias (BPA’s).
O pesquisador Lauro Pereira, também da Embrapa Meio Ambiente, destaca que o manejo e conservação do solo e da água é constituído por um conjunto de práticas que visa a conservação do solo e da água na propriedade rural, bem como a manutenção da sua capacidade produtiva.
“Assim, diz Pereira, contribui para a conservação das propriedades físicas e químicas do solo, no controle dos processos erosivos, na recarga do lençol freático e, ainda, no sequestro do carbono, reduzindo a formação de grandes passivos ambientais, a exemplo das voçorocas e dos gases de efeito estufa”.
Os pesquisadores destacam que, para a consolidação desse processo, são necessárias parcerias e integração entre os proprietários rurais, prefeituras, cooperativas agrícolas, órgãos de assistência técnica rural, associação de produtores rurais e ONGs.
O trabalho completo, com a participação do pesquisador Anderson Pereira, pode ser lido aqui.
Cristina Tordin (MTb 28.499/SP)
Embrapa Meio Ambiente
Contatos para a imprensa
meio-ambiente.imprensa@embrapa.br
Telefone: 19 3311-2608
Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/