Na manhã deste dia 22 de dezembro (quinta-feira), a Embrapa perdeu o pesquisador Ademir Hugo Zimmer, cientista da Empresa desde 1975. Aos 73 anos, Zimmer nasceu em Rolante (RS) e ali experimentou o gosto pelo Brasil rural e suas infinitas possibilidades. Como pesquisador teve atuação marcante na área de pastagens, especialmente, implementação, recuperação e renovação de pastos, consórcios e sistemas integrados de produção. Engenheiro agrônomo, com mestrado em Fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e doutorado em Zootecnia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp-Jaboticabal), ele buscava diretamente no campo as demandas e as respectivas soluções para as pastagens. Costumeiramente dizia que a pesquisa tinha entre suas missões “ajustar, com alguma técnica, o que o produtor rural já faz no campo. Não inventamos a roda, nós ajustamos”. Visionário, na década de 70, foi chamado de ‘louco’ quando iniciou os estudos com sistemas integrados de produção nos campos experimentais da Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande (MS). Porém, o horizonte se abriu e, atualmente, integrava o grupo gestor do Estado de Mato Grosso do Sul do Programa ABC+. “Era um apaixonado pelas práticas de agricultura de baixo carbono e além de contribuir à agricultura do País, sempre foi generoso em transmitir seu conhecimento e um grande parceiros das políticas públicas, pois acreditava que a pesquisa deveria chegar ao produtor e assim beneficiar a todos”, ratifica Jaime Verruck, secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura. Sua generosidade era outra marca e Alex Melotto, diretor da Fundação MS, recorda os tempos em que foi bolsista da Embrapa e Zimmer “sempre presente nas discussões, gerando resultados e sempre compartilhando sua experiência”. Em mais de 15 anos de convivência, Melotto ressalta a geração de ‘piazada” (como ele mesmo dizia) formada pelo pesquisador. Roberto Giolo, pesquisador da Embrapa, integra esse rol e relembra que “lia na graduação, Zimmer et al... lia na pós-graduação, Zimmer et al ... indicava Zimmer et al para meus alunos. Era um parceiro em projetos, uma inspiração”. Como gestor, fundou e foi presidente, em duas gestões, da Associação dos Engenheiros Agrônomos de Mato Grosso do Sul e conselheiro Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de MS (Crea-MS), nas décadas de 80 e 90. Na Embrapa Gado de Corte, exerceu o cargo de chefe-geral entre os anos 1989-1990 e 2001. Ainda foi chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento de 1989 a 2001. “Com igual visão prática e vocação para a transferência de tecnologia, ele teve destacada presença junto a cadeia produtiva levando conhecimento e tecnologia ao campo, bem como trazendo, do campo, problemas, diagnósticos e demandas de pesquisa”, complementa Antonio Rosa, chefe-geral da Embrapa Gado de Corte, e contemporâneo de Zimmer no ingresso à estatal. A habilidade para a transferência era ainda perceptível nos atendimentos aos canais de comunicação. Uma de suas recentes entrevistas foi à jornalista Kaile Rodrigues (Canal do Boi) e a disposição para atender a imprensa e sanar dúvidas eram latentes. A réporter fez incontáveis reportagens com Zimmer e admirava a preocupação do cientista em "dar um feedback para o produtor rural e em aproximar a Ciência da realidade". Em 2001, recebeu a Medalha do Mérito, a mais alta honraria do Sistema Confea/Crea e Mútua, a presidente do Conselho Vânia Abreu de Mello rememora a ocasião, da qual extraiu um trecho do discurso do especialista: “qualquer mérito da minha atuação deve ser dividido e atribuído também aos meus colegas da Embrapa Gado de Corte e aos membros das diretorias das entidades que participei, da Aeams e da Faeab, bem como à diretoria e conselheiros do Crea-MS”. Zimmer deixa extenso legado de dedicação e resultados à Ciência agrícola brasileira, mas sobretudo deixa amigos, admiradores, aprendizes e uma família apaixonante formada em solos sul-mato-grossenses, com esposa, dois filhos e uma nora.