No Dia da Mulher, Embrapa destaca a importância da perspectiva de gênero na pesquisa
No Dia da Mulher, Embrapa destaca a importância da perspectiva de gênero na pesquisa
A Empresa lança também o primeiro vídeo de uma série sobre a inclusão produtiva das mulheres no campo, disponível nas redes sociais
As mulheres rurais estão nas lavouras de café, na cultura do algodão, no plantio do tomate, nas fazendas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e em várias outras atividades agropecuárias do País. No Dia Internacional da Mulher, 8 de março, a Embrapa lança o primeiro vídeo de uma série, produzido pelo Observatório das Mulheres Rurais do Brasil, contando algumas histórias de sucesso dessas mulheres, e também anuncia esforços com instituições de pesquisa de países-membros do Procisur (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile) para fortalecer a perspectiva de gênero nos sistemas de ciência e tecnologia do Cone Sul, no âmbito das pesquisas em agricultura.
No ano passado, foram realizados seis encontros on-line como parte do Programa de Formação sobre Gênero para Instituições de Ciência e Tecnologia Agropecuária do Procisur, com o objetivo de interpretar e conhecer a perspectiva do gênero, desde a concepção do projeto até a entrega.
A iniciativa pretende criar oportunidades para fortalecer os sistemas de C&T dos países e da região, identificando experiências comuns e instrumentos potenciais. Para Cristina Arzabe, pesquisadora da Superintendência de Estratégia (Suest) com atuação na coordenação do Observatório de Mulheres Rurais do Brasil, a redução das lacunas pela ausência do recorte de gênero nos institutos nacionais de pesquisa agropecuária é uma agenda prioritária e estratégica para o Cone Sul.
Para ela, há evidências crescentes das melhorias em investigação científica, serviços e inovação ao se trabalhar com uma perspectiva diferente e multidimensional. “Outro objetivo de incorporar a perspectiva de gênero nas instituições de pesquisa do Procisur é desenvolvermos uma agenda conjunta sobre o tema, em espaços conjuntos de reflexão, capazes de promoverem o progresso das mulheres e gerar novas estratégias fortalecidas pela cooperação regional”, acrescenta.
Em 2021, o Procisur lançou o documento "La Perspectiva de Género como Agenda de Oportunidades Estratégicas para los Institutos de Investigación Agropecuaria", chancelado pela Embrapa, que assumiu o compromisso de incluir em seus projetos de pesquisa a perspectiva de gênero.
O retrato agropecuário do Brasil
As mulheres são parte fundamental do retrato agropecuário do Brasil. Uma fatia relevante dos estabelecimentos agropecuários é dirigida por mulheres: 18,6% do total de mais de 5 milhões existentes no País. Por isso, incorporar a perspectiva de gênero é fundamental para a melhoria dos resultados da pesquisa.
Segundo o último Censo Agropecuário (2017), a parcela de mulheres dirigentes de propriedades rurais que não sabe ler nem escrever é significativamente menor entre as mais jovens. Isso pode ser atribuído, em parte, aos investimentos familiares e individuais na geração de oportunidades. Também pode ser resultado de incentivos à capacitação feminina nas duas últimas décadas. “Entendemos que a capacitação deve acontecer nos processos de inclusão produtiva rural, mas também no âmbito de pesquisas agropecuárias, no sentido de incluir a perspectiva de gênero em nossas investigações”, acrescenta a pesquisadora da Embrapa Café Helena Maria Alves, que faz parte da equipe do Observatório Mulheres Rurais.
Dados do terceiro trimestre de 2022 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE, revelam que o Brasil conta com 89,6 milhões de mulheres com 14 anos ou mais, das quais 47,9 milhões são parte da força de trabalho. No entanto, o desafio da desigualdade salarial permanece. Na agropecuária, por exemplo, embora sejam 19% da parte ocupada, elas ainda ganham 20% menos do que os homens.
Já nas áreas de educação, saúde e serviço social elas são maioria, ocupando 75% dos postos de trabalho, porém, ganhando 32% a menos que os homens. No comércio, ocupam 42% e ganham 24% a menos. Na administração pública, 40% dos cargos e 15% a menos. Na agropecuária, a taxa de informalidade é de 83,2% do universo de mulheres exercendo algum tipo de atividade profissional.
- Confira aqui o boletim especial sobre o Dia da Mulher elaborado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos)
Série sobre mulheres rurais
O conjunto de vídeos de curta duração que será lançado pela Embrapa ao longo de 2023 é uma iniciativa do Observatório das Mulheres Rurais do Brasil, projeto em parceria com a FAO e o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), no âmbito dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS 5 - Igualdade de Gênero) da Agenda 2030 da ONU.
O primeiro vídeo apresenta a capacidade produtiva das mulheres em várias regiões do Brasil. Um exemplo é a história de Adivana Aguiar Almeida, produtora de algodão branco e colorido. “O algodão fortalece o elo entre as mulheres”, diz a agricultora da Serra da Borborema, do município de Remígio (PB). “É ele que faz nossa comunidade crescer. Traz bem-estar, renda e esperança”, complementa.
A cafeicultora Williana Cerena Viana, entrevistada da série, conta como passou de produtora de café a proprietária de cafeteria de cafés especiais. “Somos finalistas em concursos da nossa região e queremos crescer ainda mais. Amamos o que fazemos e fazemos o que amamos”, declara.
Dados, histórias de sucesso e vídeos sobre as mulheres rurais encontram-se na plataforma Observatório das Mulheres Rurais, lançada em dezembro de 2022 em cerimônia no Mapa, com o objetivo de reunir informações para subsidiar a elaboração e a execução de projetos e políticas públicas para as mulheres do campo.
- Acesse aqui os dados sobre as mulheres rurais do último Censo Agropecuário
Maria Clara Guaraldo (Mtb 5027/MG)
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Tradução em inglês: Ana Maranhão
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Mais informações sobre o tema
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