Conheça diferentes estratégias para integrar lavoura e pecuária
Conheça diferentes estratégias para integrar lavoura e pecuária
Pecuaristas e agricultores que desejam fazer a integração entre lavoura e pecuária (ILP) têm à disposição uma série de sistemas de produção com diferentes estratégias de adoção do sistema. Ao longo dos últimos 40 anos, a Embrapa desenvolveu diversas técnicas para cenários distintos.
Há opções para a recuperação de pastagens, para a conversão de pastagens em lavoura e para melhoria da qualidade do solo na lavoura com uso de plantas forrageiras e do chamado “boi safrinha”.
Confira a seguir alguns desses sistemas:
Em 1991, a Embrapa Arroz e Feijão lançou o Sistema Barreirão. Ele visava a recuperação de pastagens degradadas pelo uso de cultura agrícola anual, sobretudo o arroz de sequeiro ou terras altas. Neste sistema há o revolvimento com aração profunda utilizando arado de aivecas no início do período chuvoso e a correção química do solo, e posteriormente, a forrageira é semeada em consórcio com a cultura agrícola. Após a colheita do grão, fica estabelecida uma pastagem recuperada ou renovada. No sistema Barreirão podem ser usadas gramíneas, como braquiárias (Urochloa spp.), Andropogon gayanus e Panicum sp. e/ou com leguminosas forrageiras, como Stylosanthes sp., Calopogonio mucunoides e Arachis pintoe.
O Sistema Santa Fé também foi lançado pela Embrapa Arroz e Feijão, no início dos anos 2000. Ele consiste no cultivo de grãos, como milho, sorgo, entre outros, em consórcio com forrageiras tropicais, em particular as do gênero Urochloa (braquiárias), em solos totalmente ou parcialmente corrigidos no Cerrado, em sistema de plantio direto. Tem como objetivo produzir grãos, obter pastagem para o período seco do mesmo ano ou por mais tempo, bem como produzir palhada para o cultivo em SPD da safra seguinte.
Desenvolvido pela Embrapa Arroz e Feijão na Fazenda Santa Brígida, em Ipameri (GO), este sistema consiste na introdução de uma leguminosa, especialmente o guandu-anão, em cultivo consorciado com milho ou sorgo e braquiária, sendo, portanto, um consórcio triplo. O objetivo é ter uma pastagem mais rica em proteína para alimentar os animais após a colheita da cultura anual, além de aumentar o aporte de nitrogênio no solo pela fixação biológica e na palhada usada para o plantio direto após o pastejo.
Desenvolvido pela Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados-MS) na Fazenda São Matheus, em Selvíria (MS), este sistema tem seu início com a recuperação inicial do solo e da pastagem degradada com posterior cultivo de soja para solos arenosos. Assim, a correção química do solo ocorre ainda com o pasto presente possibilitará a recuperação da forrageira, de modo com que o sistema radicular construa uma estrutura de solo favorável à manutenção de umidade no solo e que se forme palhada suficiente para o plantio direto da soja. Foi desenvolvido para solos arenosos, pobres em nutrientes e com menor capacidade de reter água.
Sistema Boi Safrinha
Esse sistema foi desenvolvido pela Embrapa Cerrados (Planaltina-DF), e refere-se à forragem produzida na safrinha em consórcio com culturas anuais de verão, com a finalidade de estabelecer uma pastagem com capacidade de promover a alimentação de bovinos durante a estação da seca (inverno). Além disso, este sistema visa produzir palhada para a cobertura de solo no sistema plantio direto da cultura anual subsequente. Normalmente, é uma pastagem de curta duração num período em que, normalmente, ocorre déficit de forragem na região do Cerrado. Tem-se observado ganhos de peso, em equivalente-carcaça, entre 6 arrobas/ha e 12 arrobas/ha somente no período seco. Além disso, ocorre uma reciclagem de nutrientes pelo capim, com reflexos positivos na produtividade da lavoura seguinte. A pastagem pode ser utilizada para cria, recria ou terminação de bovinos, bem como para produção de feno para uso na própria fazenda e/ou comercialização.
Desenvolvido na Fazenda Gravataí Agro, em Itiquira (MT) pela Embrapa Agrossilvipastoril (Sinop-MT) e Universidade Federal de Rondonópolis (UFR), consorcia feijão-caupi com braquiárias, como B. ruziziensis e B. brizantha cvs. BRS Paiaguás e BRS Piatã. É semeado após a colheita da soja e as plantas de feijão-caupi serão pastejadas pelo boi safrinha junto com o capim, aumentando o teor de proteína da forragem e, consequentemente, o desempenho animal. Ao mesmo tempo, o nitrogênio fixado pela leguminosa resultará em uma palhada de melhor qualidade para o plantio direto da soja. É indicado para áreas de Cerrado, com solos de textura média e/ou argilosa.
O Sistema São Francisco foi validado na região de Quirinópolis (GO) pela Embrapa Cerrados em parceria com o Instituto Federal Goiano, a Emater-GO e a empresa Sementes Moeda. Consiste na sobressemeadura de forrageiras do gênero Panicum (Syn. Megathyrsus) em lavouras de soja ou milho em final de ciclo. A distribuição das sementes forrageiras pode ser feita por meio de aviação agrícola ou equipamentos de distribuição e sementes acoplados à tratores ou barra de pulverizadores. A sobressemadura de forrageiras como o capim Mombaça deve ser realizada quando a cultura da soja estiver entre os estádios fenológicos R6 e R7 (“soja loirando”). Se manejado corretamente, o sistema auxilia na recuperação de pastagens degradadas, garantindo forragem de qualidade no final das chuvas e período seco do ano na região do Brasil Central com elevado desempenho animal .
O Sistema Santa Ana foi desenvolvido pela Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE), em Presidente Prudente (SP), em parceria com a Embrapa Cerrados. Ele consiste no cultivo de culturas anuais como milho, sorgo, milheto ou girassol para produção de silagem, em consórcio com espécies forrageiras, visando a recuperação ou renovação de pastagens após colheita da cultura anual. A correção da acidez do solo é feita antes do cultivo das culturas anuais, e também pode ser aproveitado o banco de sementes de forrageiras que existe no solo. Neste caso, pode-se usar a mesma espécie forrageira. Caso necessário, é feita uma semeadura complementar à lanço da forrageira.
Sistema Pontal
O Sistema Pontal foi desenvolvido pela JP Agro em parceria com a Embrapa Agrossilvipastoril (Sinop-MT) na Fazenda Pontal, em Nova Guarita (MT). Destinado à pecuária de cria, ele é baseado em um tripé formado pelo uso da integração lavoura-pecuária, do manejo de pastagens e na estação de monta invertida.
Com a ILP e o aumento da oferta de forragem no período seco do ano, a estação de monta na propriedade é alterada para o período de maio a julho. Assim, os bezerros nascem de março a maio e são desmamados no período chuvoso.
Mais informações: a descrição desses sistemas de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e outros sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) pode ser encontrada no livro “Integração Lavoura-Pecuária-Floresta: o produtor pergunta, a Embrapa responde (Coleção 500 Perguntas, 500 Respostas)”. Acesse o link e faça download gratuitamente: https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1022098/integracao-lavoura-pecuaria-floresta-o-produtor-pergunta-a-embrapa-responde
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