Tecnologias para avaliação da qualidade de alimentos e conservação são destaques em feira internacional
Tecnologias para avaliação da qualidade de alimentos e conservação são destaques em feira internacional
Foto: Victor Otsuka
O aparelho SpecFit avalia a qualidade de produtos in natura ou industrializados.
Um aparelho SpecFit que avalia a qualidade de produtos in natura e industrializados e a nanoemulsão de cera de carnaúba, utilizada para prolongar o tempo de vida de frutas, entre elas, a maçã e o mamão. São duas soluções tecnológicas que a Embrapa Instrumentação, centro de pesquisa localizado em São Carlos (SP), apresentará na 4ª Edição da AnufoodBrazil, maior feira internacional do setor de alimentos e bebidas do País e da América do Sul.
Das 43 Unidades da Embrapa, 11 estarão presentes no evento, que será realizado de 11 a 13 de abril, no Anhembi, em São Paulo. No ano em que celebra seus 50 anos, a Empresa levará um conjunto de alimentos para degustação e soluções tecnológicas disponíveis para o mercado.
Saiba mais sobre a participação da Embrapa na Anufood 2023 acessando: Pesquisa apresenta novidades para o setor de alimentos
Da medicina para o campo
Desenvolvido em parceria com a startup Fine Instrument Technology (FIT), o aparelho SpecFit leva embarcada a técnica de ressonância magnética nuclear (RMN) adaptada da medicina para aplicação no agro pela Embrapa Instrumentação. A tecnologia já ganhou os continentes americano, europeu, asiático e oceania, entre outros, e na Anufood vai avaliar produtos lácteos, como o leite em pó.
Os visitantes poderão acompanhar demonstrações de análises de diversos lácteos realizadas pelo aparelho, capaz de determinar a presença de gorduras, água e outros componentes adicionados aos produtos em 60 segundos, sem gerar resíduos, uma vez que não utiliza produtos químicos, e sem a destruição da amostra.
Para os produtores, a tecnologia de ressonância magnética (RMN-DT) permite o monitoramento permanente de qualidade, o que ajuda a garantir que os produtos atendam aos padrões de consumo exigidos.
Além disso, a tecnologia 4.0 oferece alta precisão e rapidez nas medições, permitindo melhor e mais rápida gestão do processo de produção, minimizando a perda de matéria-prima. Isso significa que a indústria de lácteos pode produzir produtos de alta qualidade de forma mais eficiente e com menos desperdício.
“Os métodos tradicionais de análise destes produtos são demorados e custosos e exigem uma estrutura laboratorial complexa, assim como mão de obra qualificada”, avalia Silvia Azevedo, CEO da FIT. “Já o aparelho SpecFIT possibilita análises nos locais de fabricação ou comercialização dos produtos”, destaca.
O diretor de Tecnologia da FIT Daniel Consalter lembra que a tecnologia é reconhecida por normas como a ISO, AOCS e AOAC para outras medidas, o que comprova a precisão da técnica. Além disso, o equipamento requer pouca ou nenhuma preparação para o manuseio.
Mais tempo de vida útil para frutas
De origem vegetal, a nanoemulsão de cera de carnaúba mantém as propriedades sensoriais do fruto, reduz a perda de massa, proporciona maior brilho, preserva a qualidade e prolonga, em média, 15 dias a vida útil das frutas, comparada ao revestimento convencional.
O impacto na forma sustentável de produzir e de consumir reflete na redução de perdas e de desperdícios de alimentos, conforme a meta 12.3 do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que visa reduzir pela metade o desperdício de comida até 2030.
A tecnologia é resultado de pesquisa desenvolvida dentro do conceito de inovação aberta pela Embrapa Instrumentação, em parceria com a QGP/Tanquímica, com sede em Laranjal Paulista (SP). “É importante ressaltar que é um produto de origem vegetal (plant- based) com amplitude de consumo em diferentes mercados, como por exemplo: vegano, vegetariano, etc, para os quais esta característica "plant based" é fundamental. Este revestimento demonstra qualidades técnicas excepcionais, mantendo a qualidade de campo por mais tempo, preservando a qualidade sensorial”, diz a gerente de P&D da QGP-Tanquímica, Marilene Ribeiro.
Desenvolvimento sustentável, funcionalidade, facilidade de uso, flexibilidade, inovação, forte conexão com o setor produtivo e segurança são fatores que contribuíram para a rápida inserção do produto no mercado internacional.
A expansão ocorreu com a entrada da multinacional americana AgroFresh, que firmou um contrato com a Tanquimica/QGP para promover a distribuição e comercialização do produto, dentro e fora do Brasil. Pelas mãos da AgroFresh, a TanWax C-18 (nome comercial) desembarcou em países da América Latina, Europa e Ásia.
Para Fabiano Coldebella, gerente comercial da AgroFresh, há uma tendência no mercado internacional para utilização de revestimentos comestíveis com produtos naturais. “Os resultados em campo mostram o diferencial para manutenção da qualidade em diferentes tipos de frutos com redução significativa na perda de peso durante o armazenamento. A perda de massa durante o transporte e o armazenamento reduz a qualidade do produto, sendo uma das causas principais da perda e do desperdício de alimentos no Brasil e no mundo”, afirma Coldebella.
Joana Silva (MTb 19554)
Embrapa Instrumentação
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