28/04/23 |   Biodiversidade  Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação  Fixação Biológica de Nitrogênio

Congresso ressalta importância de pesquisas sobre Diversidade Microbiana da Amazônia

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Foto: Síglia Souza

Síglia Souza - Pesquisador da Embrapa Gilvan Ferreira abordou estudos realizados com mineração genômica

Pesquisador da Embrapa Gilvan Ferreira abordou estudos realizados com mineração genômica

A diversidade microbiana da Amazônia representa um imenso potencial para pesquisas e desenvolvimento biotecnológico. Parte desse conhecimento foi apresentado e discutido por pesquisadores, professores e estudantes universitários de diversos níveis durante o 8º Congresso Sobre Diversidade Microbiana da Amazônia – CDMICRO, evento realizado em Manaus de 24 a 27 de abril de 2023.

Ao mesmo tempo que se tem um imenso potencial e as pesquisas indicam grandes oportunidades com essa biodiversidade de microrganismos, também se conta com um cenário de constante pressão na região reduzindo a biodiversidade com a devastação da floresta, degradação do solo e poluição das águas, ameaçando esse potencial.

Na conferência “Mineração genômica de organismos amazônicos”, o palestrante Gilvan Ferreira da Silva, pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, destacou o que vem sendo feito em avanços de pesquisa científica com esse tema no Amazonas, e que esse termo “mineração genômica” faz uma analogia de como esses microrganismos podem servir como verdadeiros tesouros do ponto de vista de prospecção de moléculas e valor agregado de substâncias que tem alto valor agregado biotecnológico.

Os resultados encontrados  pela Embrapa com essas pesquisas investigando microrganismos em plantas ou em sedimentos de rios da Amazônia têm encontrado aplicação de moléculas úteis às mais diversas áreas, desde agricultura e também em áreas da medicina e indústria. “A mineração genômica permite capturar e prospectar moléculas novas ou reconhecidas e isso representa um tesouro que se torna muito mais rentável do ponto de vista econômico do que prospectar outros minérios tradicionais”, explicou ele ao apresentar diversos exemplos dos trabalhos realizados, como a prospecção de microrganismos em sedimentos de rios amazônicos, de onde foram selecionados fungos e bactérias de interesse agrícola capazes de combater fitopatógenos e
disponibilizar nutrientes para as plantas, assim como enzimas úteis para aplicação em diversos ramos de indústrias.

O pesquisador também comentou que embora se saiba que na Amazônia existe uma diversidade gigantesca de microrganismos, é necessário descobrir os que são interessantes, e para fazer essa mineração e captar esse “tesouro”, independente da técnica, o primeiro passo é a seleção, e depois o sequenciamento de genomas completos para a partir daí se fazer a mineração genômica dos organismos de interesse. “O avanço nessa área está em identificar o conjunto de genes relacionados a essa molécula e poder produzir a molécula em escala no laboratório”, comentou, além de explicar ao público do CD Micro procedimentos de como foram feitas essa pesquisas e sugerir aos estudantes explorar essa oportunidade de contribuir com o conhecimento dessa diversidade de microrganismos.

Congresso – A presidente do 8º Congresso Sobre Diversidade Microbiana da Amazônia (CDMICRO), professora da Universidade Federal do Amazonas , Jânia Lílian Bentes Lima, informou que neste evento foram mais de 90 trabalhos apresentados, cinco conferências, oito mesas-redondas e quatro minicursos, com participação de congressistas de diversos estados do Brasil e pesquisadores de grande destaque científico. A palestra de abertura abordou o tema Diversidade de Microrganismos Amazônicos: Desafios e avanços biotecnológicos, proferida pela pesquisadora Tsai Siu Mui, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Univesidade de São Paulo (Cena/USP).

Ao todo no Congresso foram abordados cinco eixos temáticos: microbiologia básica, microbiologia médica e veterinária, microbiologia industrial, microbiologia agrícola e ambiental. O 8º CD Micro escolheu como homenageado desta edição do evento o pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Luadir Gasparotto, pela sua trajetória profissional na contribuição em estudos de microrganismos em pesquisas em fitopatologia.

Bioinsumos - A pesquisadora da Embrapa Soja, Mariangela Hungria, foi uma das palestrantes do Congresso e apresentou produtos desenvolvidos na pesquisa agropecuária, feitos com base em microrganismos, e que atualmente estão no mercado disponíveis aos produtores e empresas, representando uma grande economia por substituir total ou parcialmente fertilizantes químicos, reduzindo custos na agropecuária. Ela comenta que atualmente há maior interesse por bioinsumos feitos a partir de microrganimos e maior reconhecimento dessa importância dos microrganismos e da biodiversidade, inclusive pelos impactos concretos na economia. Um exemplo são microrganismos que conseguem diminuir o uso de fertilizantes, como os rizóbios que portam nitrogênio do ambiente para as plantas. Só no caso da soja, por exemplo, a última estimativa considerando a área cultivada e o preço da uréia, indica uma economia de 40 bilhões de dólares por ano que se deixa de gastar em fertilizantes químicos, com o uso de fixação biológica de nitrogênio. Em relação a Amazônia, a pesquisadora Mariangela Hungria desenvolve também pesquisas voltadas para uso de microrganismos visando a recuperação de pastagens degradadas na região, com trabalhos no Amazonas em parceria com pesquisadores da Embrapa Amazônia Ocidental . No  CD Micro, a pesquisadora proferiu a palestra “Microrganismos promotores de crescimento em plantas: muito além da fixação biológica de Nitrogênio”, que fez parte da mesa “Fixação Biológica de Nitrogênio e Solubilização de Fosfatos por Microrganismos”, coordenada pelo pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Aleksander Westphal Muniz, e contou com palestra da pesquisadora da Embrapa Milho e Sorgo, Christiane Paiva, sobre Mecanismos de promoção de crescimento e Solubilização de Fosfatos por Microrganismos; e do professor da UFRGS, Enilson Saccol de Sá, sobre “Rizóbios como promotores de crescimento em não leguminosas”.

A presidente do 8º CD Micro Jânia Lima destaca que o Congresso trouxe significativa contribuição em promover o intercâmbio de conhecimentos no avanço das pesquisas em diversidade microbiana da Amazônia, entre pesquisadores, professores e estudantes em diferentes níveis acadêmicos. “Esse tema foi pensado para despertar o interesse principalmente dos mais jovens que estão iniciando na carreira científica despertando o interesse para os desafios que o estudo da diversidade microbiana da Amazônia nos oferece, também com grandes oportunidades incluindo o empreendedorismo para exploração da diversidade microbiana da
região”, destacou a professora da Ufam.

O 8º Congresso Sobre Diversidade Microbiana da Amazônia – CDMICRO foi uma realização em parceria reunindo instituições de pesquisa como Ufam, Universidade do Estado do Amazonas, Embrapa Amazônia Ocidental, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Fundação de Medicina Tropical e Fiocruz Amazônia. 

Síglia Souza (Mtb 66/AM)
Embrapa Amazônia Ocidental

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