28/04/23 |   Comunicação  Transferência de Tecnologia

Membros do Programa Folur do Banco Mundial visitam Embrapa Meio Ambiente

Informe múltiplos e-mails separados por vírgula.

Foto: Marcos Vicente

Marcos Vicente - Dia de Campo na Fazenda São José em Paulínia,SP.

Dia de Campo na Fazenda São José em Paulínia,SP.

A Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) recebeu em 20 de abril, das 9 às 13h, uma delegação com 88 representantes de 27 países membros do Programa de Impacto de Sistemas Alimentares, Uso da Terra e Restauração (Folur), que integra o Global Environment Facility (GEF) do Banco Mundial.

A visita fez parte do primeiro encontro anual de parceiros do GEF/Folur, ocorrido de 17 a 19 de abril de 2023 em São Paulo, conforme recomendado pela Plataforma GEF e parceiros para realizar discussões teóricas e de alinhamento dos objetivos. O último dia (20 de abril) foi destinado à visita a campo estabelecida com o objetivo de observar e conhecer na prática possibilidades reais do que está sendo feito no Brasil no desenvolvimento de tecnologias em agricultura sustentável, e desde modo, após vários contatos, escolheram a Embrapa por estar alinhada às comodities nas quais os países participantes têm interesses específicos, com tecnologias práticas e aplicadas à agricultura sustentável.

Segundo os organizadores, a reunião anual de parceiros e países da Folur é uma oportunidade de aprendizado, networking e construção de colaborações. O evento criou um espaço onde projetos nacionais, agências implementadoras, principais parceiros, representantes do secretariado do GEF, o setor privado e outras partes interessadas se concentraram em questões globais, construíram parcerias para alavancar investimentos e avançaram no planejamento estratégico de longo prazo para as próximas etapas de operacionalização dos objetivos do Programa de Impacto Folur.

Em Jaguariúna, a delegação foi recebida pelo chefe-adjunto de P&D da Embrapa Meio Ambiente, Cristiano Menezes que deu as boas-vindas a todos e apresentou a Unidade.

Um dos coordenadores da Plataforma global do Folur, Napoleão Dequech Neto, que acompanhou os visitantes, disse que observou durante a visita à Embrapa Meio Ambiente muitas inovações, que podem estar alinhadas com as demandas técnicas dos diversos países membros do Programa. “A visita foi muito bem organizada pela equipe da Embrapa e seus apoiadores e tenho certeza que despertou muito interesse por intercâmbios de conhecimentos entre os países membros do Folur e a Embrapa. Esperamos que no âmbito do Folur, possamos seguir a comunicação com a Embrapa e incentivar estes diálogos com nossos países membros”, relatou ele.

O diretor do Banco Mundial, Christopher Brett, disse que veio em busca de novas tecnologias e ideias para futuras parcerias em agricultura e alimentos, como essas pessoas de várias partes do mundo.

No Brasil o Folur é representado pelo Projeto Vertentes, com duração de cinco anos, engloba seis estados, com recursos de US$ 25 milhões e que tem como agências líderes o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e o Ministério do Meio Ambiente (MMA), com execução pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). “Os participantes do evento buscam conhecer pesquisas e tecnologias na área da sustentabilidade, integrados ao agronegócio”, disse Andreia Gerk do Mapa.

De acordo com Gerk, cada país foca em uma commoditie. “No Brasil, o foco é principalmente em soja, café e gado, com interesse em integração da paisagem”, salientou ela.

Tecnologias em campo experimental

Os visitantes foram divididos em três grupos para conhecerem três tecnologias desenvolvidas pela Embrapa Meio Ambiente e parceiros.

Na primeira estação foi demonstrado o AgNest, hub de inovação no formato farm lab, onde a interação entre startups, empresas e outros agentes propiciará o surgimento de ideias no contexto de inovação aberta, em um ambiente ideal para testar tecnologias e fazer networking, capaz de conectar atores do universo da ciência, da academia e dos mercados. O AgNest é fruto de uma bem-sucedida parceria público-privada entre a Embrapa, por meio de suas unidades Embrapa Meio Ambiente e Embrapa Agricultura Digital, o Banco do Brasil, a Bayer, a Jacto e a Nutrien.

O gerente de Desenvolvimento de Negócios da Jacto, Guilherme Panes, empresa parceira no AgNest, disse que foi uma ótima oportunidade para poder divulgar o hub, declarando os objetivos e gerando um benchmarking para outras nações. "Para nós é uma oportunidade de colocarmos os conceitos e as soluções de agricultura digital da Jacto em um ambiente colaborativo e que possa demonstrar o potencial máximo destas tecnologias, aliado à Embrapa  e a outras grande empresas, o que traz ao projeto um viés de pesquisa muito importante", enfatiza ele.

Na segunda estação, foi apresentado o bioinsumo Auras, feito de uma bactéria encontrada na rizosfera do mandacaru (Cereus jamacaru), importante cacto da região da Caatinga, e que vai ajudar as lavouras de milho a suportar a seca. A rizobactéria Bacillus aryabhattai é a base deste um novo bioinsumo que aumenta a resiliência e a capacidade de adaptação das plantas do cereal ao estresse hídrico. 

A escolha da tecnologia se baseou, segundo o chefe-adjunto de P&D da Embrapa Meio Ambiente, Cristiano Menezes, devido ao Auras ser fruto de muitos anos de pesquisa básica, realizada com investimento público, desenvolvido por uma empresa privada com o produto já no mercado, e que pode auxiliar no sistema de cultivo do cereal nos países participantes do evento.

De acordo com ele, os africanos se interessaram bastante pelo Auras dado os ambientes extremamente secos daquele continente. “Eles vislumbram a aplicação da tecnologia, devido às condições climáticas desfavoráveis ao desenvolvimento da agricultura em muitos de seus países”, salientou.

As abelhas nativas sem ferrão estavam na terceira estação. Da tribo Meliponini, representam os mais abundantes e diversificados grupo de abelhas corbiculadas – que inclui as abelhas melíferas (Apini), as mamangavas (Bombini) e abelhas das orquídeas (Euglossini). São encontrados em todas as regiões tropicais e subtropicais do mundo e englobam um grupo com aproximadamente 550 espécies e 61 gêneros, com uma série de características comuns à maioria das espécies, com destaque para a íntima relação com microrganismos benéficos. 

A estação teve foco na polinização e foi escolhida por ser um trabalho baseado na natureza e que possui também lado social muito forte. Além disso, café e soja são duas culturas beneficiadas por estes polinizadores e que fazem parte do portfólio de interesse do Folur.

A startup Heborá foi convidada e esteve presente ao evento como um caso de sucesso. A empresa é administrada por mulheres e trabalha com o mel e seus derivados, que se caracterizam como uma ação de conservação da biodiversidade e que mantém a floresta em pé. Tem também um aspecto social importante, principalmente baseado na relação com as mulheres.

Menezes contou que os visitantes africanos ficaram muito interessados na criação das abelhas-sem-ferrão. “Eles têm os insetos lá na África, mas não os utilizam nem para produção de mel e nem para polinização”.

O chefe-adjunto de P&D enfatiza a importância da visita do Banco Mundial, cujas tecnologias demonstradas “muito impressionaram os visitantes”. O vislumbre do estabelecimento de parcerias é o objetivo principal da visita para a Embrapa.

O diretor do Coffee Research Institute do Kenya Agricultural Research Organization, Elijah Gichuru, também espera estabelecer parcerias, além de obter informações relevantes sobre novas pesquisas em café, açúcar, feijão e leite, principalmente. “Nosso objetivo também é realizar pesquisas conjuntas com o Brasil”, disse.

Menezes conta que representantes do Ministério da Agricultura do Uzbequistão estão construindo uma plataforma de pesquisa e a estão reformulando, tendo a Embrapa como inspiração, pois eles têm institutos de pesquisa dispersos, focados em temas diferentes e sem uma organização conjunta e forte como tem a Embrapa. “Assim, querem entender o funcionamento da Embrapa para poder aplicar na realidade deles, inclusive com uma colaboração mais efetiva da empresa neste processo de construção, visando uma agricultura mais produtiva e sustentável”.

Dia de campo em ILP

À tarde, das 14 às 16h, sob a coordenação de André Novo, chefe-adjunto de TT da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP), os participantes se dirigiram à Paulínia para um Dia de Campo na Fazenda São José, de propriedade do pecuarista Carlos Viacava que utiliza ILP (integração lavoura-pecuária) e ILPF (integração lavoura-pecuária-floresta) nas fazendas do Grupo Viacava.

O evento, organizado pela Embrapa Pecuária Sudeste, teve como objetivo discutir e apresentar ao grupo de estrangeiros o histórico de emprego do sistema de ILP nos últimos 10 anos e apresentar também os índices de melhorias produtivas e os parâmetros de sustentabilidade alcançados com o uso do sistema.

Na ocasião foi feita uma apresentação principal pela Embrapa sobre “A ciência para sistemas integrados” e após apresentados também os sistemas de integração na prática, por Alberto Bernardi da Embrapa Gado de Corte e Juliano Roberto da Silva do Grupo Viacava.

Durante a apresentação, o zootecnista e diretor de Produção do Grupo CV Nelore Mocho, Juliano Roberto da Silva, destacou que a integração possibilitou ganhos genéticos importantes para as características de fertilidade, precocidade e ganho de peso dos animais. Outros benefícios da tecnologia foram mencionados por Silva, como a grande disponibilidade de alimento, que pode ser administrado em pastagens de inverno e na produção de silagem, inclusive com a silagem de grão úmido, que possibilita a precocidade reprodutiva de bezerras de 10 a 14 meses, pesando em torno de 300 quilos.

"A ILPF é uma importante estratégia de produção agropecuária sustentável. Verificamos que revigora o solo, além de diversificar o faturamento da fazenda, com as vendas de soja, milho e outros produtos", afirmou o diretor.

O pesquisador da Embrapa Meio Ambiente Ladislau Skorupa apresentou na 1ª estação “A recomposição ambiental no contexto da pecuária sustentável” (foto abaixo), seguido da apresentação na 2ª estação sobre “O componente animal e a pecuária de baixo carbono",  por Alberto Bernardi da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS).

Na 3ª estação houve uma Observação de ILP, milho e pasto tropical, com explicações dadas por Felipe Tonato da Embrapa Pecuária Sudeste.

O chefe-geral da Embrapa Pecuária Sudeste, Alexandre Berndt, destacou a dedicação da equipe da fazenda em apresentar a tecnologia aos visitantes, com demonstrações de colheita e plantio e também apresentação do rebanho no campo, proporcionando avaliação de escore corporal. Berndt ressaltou ainda a “sintonia fina” entre as diferentes Unidades de Pesquisa da Embrapa envolvidas na organização da visita do Folur/GEF, que possibilitou uma rica interação do público.

Para ele, será por meio do emprego de tecnologias que o setor agropecuário mundial produzirá com menos impacto. Ele lembra que o Brasil já possui um grande arcabouço de tecnologias desenvolvidas pela ciência e acredita que é preciso ampliar e replicar exemplos como esse para escalá-las.

Berndt ainda destacou que o Banco Mundial é um grande investidor em práticas sustentáveis de produção de alimentos. “Nesse sentido, a visita possibilitou mostrar o potencial dessas tecnologias, podendo ser o Banco um parceiro capaz de alavancar projetos que ajudem a financiar a adoção de algumas tecnologias básicas, para fomentar essa pecuária intensiva, tecnificada e sustentável”, salientou.

Sobre o GEF/Folur/Banco Mundial

O Folur é uma iniciativa de US$ 345 milhões apoiada pelo GEF, que visa estimular o desenvolvimento sustentável na agricultura e transformar o sistema alimentar mundial promovendo paisagens sustentáveis e integradas, e cadeias de valor de commodities eficazes. O Banco Mundial supervisiona a Plataforma Global do programa. Carne bovina, cacau, milho, café, óleo de palma, arroz, soja e trigo são as oito commodities, foco dos programas das 27 nações e da plataforma global do Programa de Impacto. Uma das iniciativas mais significativas do Programa Folur/GEF, cujo objetivo é ampliar a área de manejo sustentável da paisagem e recompor as cadeias de valor da pecuária de corte e da soja, está sendo realizada no Cerrado do Brasil (Projeto Vertentes).

Eliana Lima (MTb 22.047/SP)
Embrapa Meio Ambiente

Contatos para a imprensa

Telefone: (19) 3311-2748

Marcos Vicente (MTb 19.027/MG)
Embrapa Meio Ambiente

Contatos para a imprensa
Telefone: (19) 3311.2611

Embrapa Meio Ambiente

Cristina Tordin (MTb 28.499/SP)
Embrapa Meio Ambiente

Contatos para a imprensa
Telefone: (19) 3311.2608

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/