Mulheres cafeicultoras contam suas experiências em vídeo lançado pela Embrapa
Mulheres cafeicultoras contam suas experiências em vídeo lançado pela Embrapa
Vídeo é lançado em comemoração ao Dia Nacional do Café
Mulheres cafeicultoras contam suas experiências em vídeo lançado pela Embrapa em comemoração ao Dia Nacional do Café, celebrado em 24 de maio. Com versões legendadas em inglês e espanhol, o objetivo é apresentar a realidade da presença feminina neste segmento, cada vez mais significativa e organizada. Dados extraídos do Censo Agropecuário realizado em 2017 mostram que as mulheres dirigem mais de 40 mil estabelecimentos agrícolas com produção de café no Brasil. Esse número equivale a apenas 13,2% dos 304,5 mil estabelecimentos existentes, com grande concentração na região Sudeste, que abriga 72% dessas propriedades.
O vídeo foi produzido no âmbito do Observatório das Mulheres Rurais do Brasil, projeto da Embrapa em parceria com a Organização para a Alimentação e a Agricultura das Nações Unidas (FAO) e o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). O projeto está alinhado aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS 5 - Igualdade de Gênero) da Agenda 2030 da ONU.
Além das dirigentes, há também outras 48.100 que estão na condição de cônjuge em codireção. Dessa forma, pode-se afirmar que há um público feminino de 88.400 mulheres dirigindo e codirigindo estabelecimentos com café em todo o Brasil. O vídeo chama atenção também para os dados que revelam que propriedades dirigidas por mulheres empregam mais pessoas do sexo feminino (43% do pessoal ocupado) do que aquelas gerenciadas por homens (apenas 24% do pessoal ocupado).
Cafeicultora na Fazenda Vieira, Rosa Helena Vieira diz que a mulher hoje está buscando mostrar o valor que tem. “Até pouco tempo a mulher não dizia que era cafeicultura. Quando perguntavam sobre sua profissão, dizia que era ‘do lar’. Trabalhava com café, mas colocava nos documentos que era ‘do lar’. Se é produtora tem que ser reconhecida como produtora rural”, afirma.
Oniversina Januário, cafeicultora associada à Coocafé, mostra como a história das mulheres de sua família está totalmente imbricada com a cafeicultura. Ela conta que a sua avó teve um filho embaixo de um pé de café e já tinha mais de 80 anos quando parou de trabalhar na lavoura, experiência similar à de sua mãe que também se dedicou à cultura até os 77 anos de idade. A pesquisadora da Embrapa Café Helena Alves, que trabalhou nas análises dos dados do Censo Agrícola sobre a participação feminina na cafeicultura, lembra que historicamente, no Brasil, as mulheres sempre estiverem presentes nesse segmento. “Inicialmente estavam como escravas e colonas e depois como esposas e filhas de produtores, mas hoje lutam contra essa invisibilidade e querem ter seus diretos como acesso à terra, ao crédito, à capacitação e à remuneração, entre outros, garantidos”, explica.
Cristina Arzabe, pesquisadora da Embrapa responsável pelo Observatório das Mulheres Rurais do Brasil, analisa a situação desse segmento no cenário agrícola como um todo no país e acredita que as cafeicultoras têm dado exemplo no esforço de estarem unidas e organizadas, formando redes de apoio mútuo, seja na forma de alianças, associações ou núcleos nas cooperativas. “As organizações formais devem olhar para as especificidades do universo feminino, como horários mais convenientes, apoio no cuidado com os filhos, para que elas tenham condições de participar de capacitações e reuniões técnicas, por exemplo”, afirma. Ela alerta sobre a importância de permitir a inserção digital e incentivar a maior participação de mulheres cafeicultoras em cargos de gestão.
“Ainda existe muito trabalho a ser feito no âmbito do Observatório de modo a apoiar estudos que permitam visibilizar a atuação feminina na agropecuária e facilitar a elaboração de políticas públicas, entre outras ações”. Ela explica que o objetivo mais amplo do projeto é promover a autonomia econômica das mulheres rurais, fortalecendo sua organização e inclusão produtiva.
Produtora rural em Matas de Minas (MG), Maria da Penha Almeida diz como tem sido sua experiência na cooperativa em que participa, – “a gente vai aprendendo e passando para outras mulheres o que a gente sabe. No grupo queremos aprender cada vez mais. O que eu sei não é suficiente e quero aprender e passar o que sei para quem está começando agora”, testemunha.
Assista ao video Mulheres na cafeicultura
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